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O Príncipe de Nassau - Unama

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www.nead.unama.br<br />

— Não há dúvida. É o mais querido! Portanto, Bernardino, não percamos<br />

tempo. Partamos à cata <strong>de</strong>le. Exponhamos o nosso <strong>de</strong>sgosto, a malquerença dos<br />

cabos, a <strong>de</strong>safeição <strong>de</strong> todo o exército por João Fernan<strong>de</strong>s...<br />

— E se André Vidal recusar? E se André Vidal emperrar em manter o<br />

ma<strong>de</strong>irense no comando?<br />

— Nesse caso...<br />

Os olhos <strong>de</strong> Antônio Cavalcanti lançaram chispas. Todo ele era revolta. Na<br />

sua cólera, pousando a mão sobre os ombros do amigo, ciciou-lhe apagadamente<br />

certa palavra misteriosa. Devia ser qualquer coisa <strong>de</strong> terrível e <strong>de</strong> amedrontador.<br />

Bernardino <strong>de</strong> Carvalho, ao ouvi-la, estremeceu. Mas resoluto, a voz firme impávido:<br />

— Decidido! Não há outro meio...<br />

Saíram os dois à busca do paraibano. André Vidal, na sua barraca, recebeuo<br />

com a sua cordialida<strong>de</strong> simpática:<br />

— Salve, amigos! Sejam benvindos! Que <strong>de</strong>sejam Vosmecês <strong>de</strong> mim?<br />

Os dois homens explicaram abertamente o seu intento.<br />

— Aquele homem, bradava Cavalcanti exaltado, aquele mulato, que nós<br />

conhecemos amigo dos belgas, que vimos menino <strong>de</strong> açougue, que sabemos ser<br />

filho da Benfeitinha, aquele homem não po<strong>de</strong> ser nunca o nosso Chefe. Há mil<br />

razões que o impe<strong>de</strong>m. E sabe Vosmecê qual é a principal? Isto: a causa que<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>mos, André Vidal, é uma causa <strong>de</strong> brasileiros. A tropa é só <strong>de</strong> brasileiros.<br />

Ora, nada mais justo que seja um brasileiro quem a capitânie. E esse brasileiro é<br />

Vosmecê, André Vidal! Vosmecê, não outro, é que carece ser o nosso Chefe. Pense,<br />

portanto! Pense antes <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r. Pois é bom que Vosmecê saiba <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já: se<br />

Vosmecê recusar a chefia, André Vidal, talvez que a Liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> Pernambuco<br />

esteja perdida!<br />

O paraibano sentiu, naqueles homens, estranha, violenta <strong>de</strong>liberação.<br />

Tentou acalmá-los o quanto pô<strong>de</strong>. Esforçou-se por dissuadi-los. Argumentou.<br />

Mostrou-lhes as qualida<strong>de</strong>s másculas <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s.<br />

— Essa história <strong>de</strong> ter sido rapazinho <strong>de</strong> açougue, filho da Benfeitinha,<br />

amigo dos holan<strong>de</strong>ses, tudo isso — não é negar! — é passado que não ilustra. Mas,<br />

agora, justiça seja feita, João Fernan<strong>de</strong>s redimiu-se cabalmente. Agora, com aquela<br />

tenacida<strong>de</strong>, com aquela energia <strong>de</strong> ferro, com as vitórias que ganhou, João<br />

Fernan<strong>de</strong>s já se tornou um herói!<br />

— Herói?<br />

— Herói, sim, senhores. Herói, meu caro Cavalcanti. É preciso que Vosmecê<br />

seja justo É preciso que rompa um pouco essa sua cegueira: João Fernan<strong>de</strong>s é hoje<br />

um herói! Não há contestação.<br />

Antônio Cavalcanti não respon<strong>de</strong>u. Virou-se secamente, para Bernardino <strong>de</strong><br />

Carvalho:<br />

— Vamos! André Vidal há <strong>de</strong> se arrepen<strong>de</strong>r.<br />

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