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O Príncipe de Nassau - Unama

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Quente ondada <strong>de</strong> gozo alagou a alma tosca do soldado. Abraçou-a,<br />

apertou-a. sentiu-a! André chorava. Carlota chorava. Rodrigo chorava. A ventura<br />

pungia-os, matava-os... André Vidal não pô<strong>de</strong> resistir mais tempo:<br />

— Meus filhos, eu vou <strong>de</strong>ixá-los. Continuem nessa felicida<strong>de</strong>! Continuem<br />

nesse noivado! Eu abençôo a vocês...<br />

E saiu.<br />

No acampamento <strong>de</strong> João Fernan<strong>de</strong>s iam alegrias estrepitosas. Loucuras<br />

<strong>de</strong>senfreadas. Oficiais e soldados <strong>de</strong>liravam. Eram entusiasmos frenéticos por toda<br />

a parte. E com razão. Que vitória a da Casa-Forte! Um aniquilamento radical.<br />

Quatrocentos prisioneiros, bocas <strong>de</strong> fogo, munições, viveres, tudo! A rendição foi<br />

soturna. Cabisbaixos, por entre duas alas <strong>de</strong> brasileiros, os <strong>de</strong> Holanda entregaram<br />

se acabrunhados. Decidiu-se então a sorte <strong>de</strong>les. João Fernan<strong>de</strong>s interrogou o<br />

paraibano:<br />

— Quais as condições <strong>de</strong> capitulação, André Vidal?<br />

— Prometi que os flamengos seriam tratados como prisioneiros <strong>de</strong> guerra. É<br />

mister cumprir a palavra: não haja, portanto, um só fuzilamento! Será <strong>de</strong> bom alvitre<br />

enviá-los à Bahia. O Viso-Rei que faça <strong>de</strong>les o que enten<strong>de</strong>r.<br />

— Muito bem. E os bugres?<br />

— Os bugres não têm quartel. Vosmecê po<strong>de</strong> mandar espa<strong>de</strong>irá-los, se<br />

quiser.<br />

João Fernan<strong>de</strong>s não hesitou. O ma<strong>de</strong>irense era duro e frio. Não teve o mais<br />

leve assomo <strong>de</strong> pieda<strong>de</strong>. Deu uma or<strong>de</strong>m rápida a Camarão. Logo, pela Casa-Forte,<br />

<strong>de</strong>senrolou-se a chacina horripilante: todos os bugres, aliados aos holan<strong>de</strong>ses,<br />

foram trucidados. Passaram-nos a fio <strong>de</strong> espada, ali mesmo, sem dó.<br />

Tratou-se, a seguir, <strong>de</strong> arregimentar forte esquadrão que conduzisse os<br />

presos para a Bahia. Missão grave e melindrosa. André Vidal pôs-se a catar pelas<br />

companhias os cabos <strong>de</strong> maior confiança. De repente, na sua faina. alguém tocoulhe<br />

o braço. Era Simão Borralho. Era aquele soldado que escapara da morte no<br />

julgamento dos escabinos. Vidal fitou-o surpreso:<br />

— Que há?<br />

— Se Vosmecê permitir, André Vidal, <strong>de</strong>sejaria ser incorporado ao<br />

esquadrão. Quero ir vigiando os prisioneiros...<br />

André Vi daí sorriu:<br />

— Você <strong>de</strong>seja ir no esquadrão?<br />

— Se Vosmecê permitir. É que eu não quero per<strong>de</strong>r <strong>de</strong> vista a João Blaar. O<br />

tigre tem manhas. É capaz <strong>de</strong> escapulir.<br />

— Ah, exclamou o paraibano com um sorriso <strong>de</strong> júbilo; ainda não se<br />

esqueceu daquele enforcamento, não é verda<strong>de</strong>?<br />

— Ainda não me esqueci. Não me esquecerei jamais. É preciso que a fera<br />

vá bem guardada.<br />

André Vidal compreendia bem aquele rancor. Tinha achado ali o homem que<br />

<strong>de</strong>sejava. E exultando:<br />

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