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Então, <strong>de</strong>ntro da Casa-Forte, foi ru<strong>de</strong> pânico. Todos compreen<strong>de</strong>ram as<br />
conseqüências tremendas que podia ocasionar o tiro insidioso. Circundaram<br />
Segismundo. Crivaram o miserável <strong>de</strong> insultos. Rodrigo Mendanha, embarafustandose<br />
por entre os soldados, surgiu bruscamente no engenho. Lívido, gago <strong>de</strong> cólera,<br />
fitou o oficialzinho cara a cara:<br />
— Covar<strong>de</strong>!<br />
André Vidal também partira como um tigre para a Casa-Forte. E rompendo<br />
<strong>de</strong>satinado pelo bando:<br />
— Quem foi?<br />
— Segismundo Starke!<br />
O moço tremia. Ali diante daquelas iras, arrazado, olhos fincados no chão,<br />
Segismundo Starke era a personificação viva da <strong>de</strong>sonra. André Vidal olhou-o com<br />
<strong>de</strong>sdém. Depois, sob um silêncio <strong>de</strong> morte, bradou para Rodrigo.<br />
— Tome você a espada do vil! Ate-lhe as mãos. Esse oficial é um indigno.<br />
Não po<strong>de</strong> sair daqui com honras militares. Que saia, portanto, infamado como um<br />
galé!<br />
Os circunstantes acabrunharam-se. Aquela era a maior e a mais dolorosa<br />
das humilhações <strong>de</strong> guerra.<br />
Rodrigo avançou para o holandês. Segismundo arrancou a espada da<br />
bainha. Entregou-a. O brasileiro recebeu-a. Ali mesmo, diante <strong>de</strong> todos, atou as<br />
mãos do covar<strong>de</strong>. Foi uma cena esmagante...<br />
Nisto, varando a massa, eis que aparece no quadro doloroso a figura<br />
trêmula <strong>de</strong> Carlota! Vinha fremindo, a alma ar<strong>de</strong>ndo nos olhos, louca! Rodrigo, ao<br />
vê-la, precipitou-se <strong>de</strong>svairado para a moça:<br />
— Carlota!<br />
— Rodrigo!<br />
Ambos, abrindo-se os braços, uniram as bocas num beijo sôfrego,<br />
entontecedor, o beijo mais longo, o beijo mais embebedante das suas vidas!<br />
André Vidal contemplou aquilo. Viu, com o coração aos saltos, aquela<br />
felicida<strong>de</strong> inundante. E o guerreiro não se conteve: <strong>de</strong>satou a chorar como um<br />
menino, num <strong>de</strong>safogo, sacudido por dilacerante emoção! No seu contentamento, os<br />
olhos pingando lágrimas irrefreáveis, exclamava às tontas:<br />
— Sejam felizes, meus filhos! Sejam felizes! Eu abençôo a vocês<br />
Carlota, ouvindo-o, <strong>de</strong>spregou-se subitamente dos braços do noivo. Toda<br />
num carinho, branda como uma ave, atirou-se veludosamente ao pescoço do<br />
guerreiro:<br />
— André Vidal!<br />
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