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19.04.2013 Views

Com este rótulo está imune a todas as punições que recaem sobre os simples mortais. E as muitas vantagens de que desfruta estão fora do alcance dos que trabalham. Tem direito a licenças especiais para cumprir afastamentos vários. Faltas consideradas injustificáveis dentro da normalidade, para ele são abonadas rotineiramente. Como intocável que é não lhe assustam ameaças que são comuns aos demais, como transferência à revelia, censuras, perda da comissão – isto, então, está fora de cogitação porque ele não aceita cargos comissionados, pois assim sendo estaria abdicando da liberdade de não trabalhar. Nem com demissão pode ser atingido. Nisto também está acima da Lei comum. Sindicalista não pode ser demitido pelo patrão enquanto a serviço do seu Órgão de Classe, e ele está permanentemente a serviço do seu Sindicato. Por isso mesmo não pôde ser incluído nas listas dos PDVs e PAIs que atingiram mais de 50.000 pais de famílias, abnegados trabalhadores do Banco, excluídos sumariamente a título de contenção de despesas. Desafio quem me aponte um único sindicalista atingido por um desses “pacotes”. Também não se explica porque o Banco, tão cioso dos seus ganhos e ávido por suprimir despesas, arca com o prejuízo que lhe é imposto pelo Sindicato, com a manutenção desses funcionários “especiais” no seu quadro de colaboradores, nessas circunstâncias. Considerando-se apenas um sindicalista em cada uma das mais de 5.000 dependências mantidas, ao custo médio mensal de dois mil reais, isto representa um prejuízo anual superior a 120 milhões de reais. Acrescido do fato inconteste de que há decréscimo da capacidade de trabalho pela imposição da permanência indesejada e perniciosa, causando constrangimento aos que são forçados a conviver com o sindicalista no ambiente de trabalho. Imposição injusta uma vez que desempenham o trabalho dele, sem ganhar mais por isto. E o sindicalista quer impedir que eu trabalhe – de graça! Com a palavra, o Banco. Marcos Cordeiro de Andrade – Curitiba (PR) – 06/06/2010. 176

Ambiente saturado! Ambiente saturado Caros Colegas. Ao ingressar no Banco, em 1962, recém saído do ambiente escolar, dei por falta das rodas de conversas compartilhadas com colegas sonhadores, iniciados intelectuais que discutiam Proust, Balzac, Maquiavel, Marx, Gilberto Freire, Euclides da Cunha, Machado de Assis... A falta se tornou mais marcante porque ingressava em nova roda de amigos onde os autores da miscelânea sediada nas mentes estudantis, deixados para trás, eram substituídos por erudição diferente em termos de cultura: Julio Cunha, Fernando Vigué Loureiro e outros próprios de concursos. O que também delimitava nossos assuntos direcionando-os aos temas bancários – uma chatice. Por isso incentivei a fundação da primeira de duas AABBs do meu currículo. Mas isto em nada contribuiu para voltar ao aconchego dos livros, dos sonhados conhecimentos ideais. O clubinho era uma extensão do ambiente de trabalho, ali também se respirava BB. Tempos depois, em outra cidade, repeti o erro e fundei a outra AABB onde se confirmou a experiência. Era sair do Banco, encerrado o expediente, e rumar para a “sede”. Se não bastasse cumprir essa rotina, nos finais de semana na Capital repetia a dose, e lá ia eu para a AABB encontrar os colegas do interior misturados com os de João Pessoa, novos aliados na arte de jogar conversa fora. Isto me alienou a tal ponto que o meu pai, velho companheiro de bom bate-papo, me alertou para a mudança sem futuro: largara o diálogo produtivo em troca de um carimbo que imprimia apagadas palavras repetidas, onde se lia, sempre, Banco do Brasil. Ao aposentar, dei graças a Deus por poder afastar-me desse ambiente. E não perdi muita coisa porque amigos nos acompanham até em pensamentos. Mas hoje, voltando a me envolver com colegas, todos aposentados ou pensionistas, me entristeço por vê-los acorrentados a esse ambiente “aabebeano”, que aliena e restringe a parceria com pessoas que respiram outros ares. Ali os assuntos giram sempre em torno das mesmas questões, das mesmas saudades e das mesmas revoltas – com o BB presente. O pior de tudo é que esse mundinho aos acompanha para onde se vá, principalmente para o convívio familiar. Mas é bom notar que na idade em que vivemos nossos companheiros em família são diversificados. Os filhos já não nos idolatram pelo passado funcional – nos querem como exemplos, mas cujos assuntos estão fora do seu interesse. Também os netos, adolescentes com outra linguagem, não dão a mínima para as conversas que começam dizendo “no meu tempo” era assim ou assado. Gostam de coisas que enalteçam a vida e não chamamentos para a morte. Eles 177

Ambiente saturado!<br />

Ambiente saturado<br />

Caros Colegas.<br />

Ao ingressar <strong>no</strong> Banco, em 1962, recém saído do ambiente escolar, <strong>de</strong>i por falta das<br />

rodas <strong>de</strong> conversas compartilhadas com colegas sonhadores, iniciados intelectuais que<br />

discutiam Proust, Balzac, Maquiavel, Marx, Gilberto Freire, Eucli<strong>de</strong>s da Cunha,<br />

Machado <strong>de</strong> Assis...<br />

A falta se tor<strong>no</strong>u mais marcante porque ingressava em <strong>no</strong>va roda <strong>de</strong> amigos on<strong>de</strong> os<br />

autores da miscelânea sediada nas mentes estudantis, <strong>de</strong>ixados para trás, eram<br />

substituídos por erudição diferente em termos <strong>de</strong> cultura: Julio Cunha, Fernando Vigué<br />

Loureiro e outros próprios <strong>de</strong> concursos. O que também <strong>de</strong>limitava <strong>no</strong>ssos assuntos<br />

direcionando-os aos temas bancários – uma chatice.<br />

Por isso incentivei a fundação da primeira <strong>de</strong> duas AABBs do meu currículo. Mas isto<br />

em nada contribuiu para voltar ao aconchego dos livros, dos sonhados conhecimentos<br />

i<strong>de</strong>ais. O clubinho era uma extensão do ambiente <strong>de</strong> trabalho, ali também se respirava<br />

BB.<br />

Tempos <strong>de</strong>pois, em outra cida<strong>de</strong>, repeti o erro e fun<strong>de</strong>i a outra AABB on<strong>de</strong> se<br />

confirmou a experiência. Era sair do Banco, encerrado o expediente, e rumar para a<br />

“se<strong>de</strong>”. Se não bastasse cumprir essa rotina, <strong>no</strong>s finais <strong>de</strong> semana na Capital repetia a<br />

dose, e lá ia eu para a AABB encontrar os colegas do interior misturados com os <strong>de</strong><br />

João Pessoa, <strong>no</strong>vos aliados na arte <strong>de</strong> jogar conversa fora. Isto me alie<strong>no</strong>u a tal ponto<br />

que o meu pai, velho companheiro <strong>de</strong> bom bate-papo, me alertou para a mudança<br />

sem futuro: largara o diálogo produtivo em troca <strong>de</strong> um carimbo que imprimia<br />

apagadas palavras repetidas, on<strong>de</strong> se lia, sempre, Banco do Brasil.<br />

Ao aposentar, <strong>de</strong>i graças a Deus por po<strong>de</strong>r afastar-me <strong>de</strong>sse ambiente. E não perdi<br />

muita coisa porque amigos <strong>no</strong>s acompanham até em pensamentos.<br />

Mas hoje, voltando a me envolver com colegas, todos aposentados ou pensionistas,<br />

me entristeço por vê-los acorrentados a esse ambiente “aabebea<strong>no</strong>”, que aliena e<br />

restringe a parceria com pessoas que respiram outros ares. Ali os assuntos giram<br />

sempre em tor<strong>no</strong> das mesmas questões, das mesmas sauda<strong>de</strong>s e das mesmas revoltas<br />

– com o BB presente.<br />

O pior <strong>de</strong> tudo é que esse mundinho aos acompanha para on<strong>de</strong> se vá, principalmente<br />

para o convívio familiar. Mas é bom <strong>no</strong>tar que na ida<strong>de</strong> em que vivemos <strong>no</strong>ssos<br />

companheiros em família são diversificados. Os filhos já não <strong>no</strong>s idolatram pelo<br />

passado funcional – <strong>no</strong>s querem como exemplos, mas cujos assuntos estão fora do seu<br />

interesse. Também os netos, adolescentes com outra linguagem, não dão a mínima<br />

para as conversas que começam dizendo “<strong>no</strong> meu tempo” era assim ou assado.<br />

Gostam <strong>de</strong> coisas que enalteçam a vida e não chamamentos para a morte. Eles<br />

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