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MA 383
volume de tragédias portuguezas na collecção de Ladvocat. Preferi para esse effeito
a Conquista do Peru, e Viriato (Caracter dos Lusitanos), como impregnados
de uma côr mais verdadeira. Ha sobretudo n'esta ultima um passo, que produz
uma sensação profunda: é a scena em que Viriato recorda o horroroso
morticínio de seus compatriotas, traiçoeiramente executado por ordem de Garoa.
Sente-se ao ler esta passagem, que é aquelle um dos crimes pobticos, cuja impressão
não pôde ser diminuída, ou enfraquecida pela acção do tempo:
«Eram os valles três montões de corpos,
Estragados e nús!
Nos lados dos montões a verde relva
No sangue sepultada, só se via
Vermelho lago, que terror causava.
As brancas carnes das mimosas filhas
Pelas lividas bocas nos clamavam
A mais justa vingança
(Caracter dos Lusitanos, acto 1.°, scena l. a )
« Talvez se julgue nimiaínente pomposo o discurso do pastor guerreiro; mas
a linguagem enérgica e selvagem de um montanhez não pôde ser a mesma em
todos os climas. Era mister que o lusitano Viriato tivesse algum tanto das idéas
exaltadas que mais tarde se encontram nos cavalleiros da sua nação, etc. etc. -
P. MANUEL CAETANO DOS SANCTOS NOGUEIRA, Prior da
egreja de Sancto Estevam de Santarém, etc.—E.
248) Memória histórica em que se fazem recommendaveis os beneficios do
Sanctissimo Milagre, e as acções de graças que se renderam na sua própria egreja
pela restauração d'este reino. Lisboa, na Imp. Reg. 1809. 4.° de 8 pag.—Creio
que deve acerescentar-sè este opusculo á Bibliogr. Hist. do sr. Figaniere.
D. MANUEL CAETANO DE SOUSA, Clérigo regular Theatino, Procommissario
geral da Bulla da Cruzada, Acadêmico da Acad. Real da Historia,
e Sócio da Portugueza, etc.—N. em Lisboa a 25 de Dezembro de 1658, e m.
a 18 de Novembro de 1734.—A sua vida acha-se extensamente relatada por
D. Thomás Caetano de Rem nas Mem- Histor. dos Clérigos regulares, tomo i, de
pag. 321 a 464, da qual é principal e interessante episódio a viagem e peregrinação
do mesmo padre pela Itália, e a sua estada em Roma.—Na Bibliotheca
Nacional de Lisboa existem dous retratos seus de meio corpo. Das suas composições
impressas e manuscriptas em diversas línguas formou longo e individual
catalogo o conde da Ericeira D. Francisco Xavier de Menezes, em um livro que
intitulou Bibliotheca Souzana (vej! no Diccionario, tomo iir, o n.° F, 1955), no
qual aponta e descreve 289 obras d'aquelle erudito escriptor. Aqui só me farei
cargo das que elle publicou em lingua portugueza, podendo os que desejarem
haver noticias das outras consultar a referida Bibl.
249) (C) Sermão panegyrico e gratulatorio, pregado na festa da terceira
dominga depois da Paschoa, feita ao Archanjo S. Raphael pela senhora Madre
Soror Luisa Maria de Jesus. Lisboa, por Miguel Manescal 1688. 4.° de 35 pag,
250) (C) Sermão na festa que a real irmandade dos Escravos do Sanctissimo
Sacramento lhe fez na egreja parochial de Odivelas, em satisfação do bárbaro
desacato com que alli foi offendido. Lisboa, por Antônio Pedroso Galrão
1695. 4.» de 39 pag.
251) Oração fúnebre nas exéquias do rev. mo P. Antônio Vieira, que na igreja
de S. Roque fêz celebrar o Conde da Ericeira. Vai no fim uma relação d'aquelle
atto. Lisboa, na Offic. de José Antônio da Silva 1730. 4.» de xiv-64 pag.—
Omittida, não sei como, no pseudo-Caíatooü da Academia, que também não menciona
o seguinte:
252) Elogio fúnebre nas exéquias que na sua igreja celebraram os Clérigos