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316 LU Alvares 1647. 4." de xvi-190pag. com um retrato do P. Antônio da Conceição, gravado em chapa de metal. (V. P. Francisco de Saneta Maria.) As obras d este padre gosam de alguma estimação pela vernaculidade de sua linguagem, e por seu estylo grave e natural. Da ultima possuo um exemplar, comprado por 480 réis. Além d'estas escreveu em castelhano as seguintes: 710) Vida de Ia B. M. Maria Magdalena de Pazzi, traducida dei idioma toscano. Lisboa, por Giraldo de Vinha 1626. 4.°—Ibi, por Antônio Alvares 1642. 4.° 711) Demonstracion evangélica, y destie.ro de ignorancias judaicas. Lisboa, por Mattheus Pinheiro 1631. 4.° LUIS RAPHAEL SOYÉ, n. em Madrid a 15 de Abril de 1760, filho de pães estrangeiros, sem comtudo constar precisamente a que nação pertencessem. José Maria da Costa e Silva affirmava, não sei com que fundamento, que eram naturaes d'Allemanha, e pretendia derivar d'ahi o gosto e predilecção que o filho inculcava nas suas obras pela poesia allemã. Eu porém, que .comecei a familiarisar-me com a lição dos versos de Soyé aos septe annos d'edade, quando mal sabia ler, creio ter razões bastantes para duvidar até de que elle entendesse o allemão, e julgo mais que provável que todo o seu conhecimento da litteratura d'aquelle paiz era bebido exclusivamente nas traducções francezas de Huber, no tratado Des Progrès des Allemands, par Bielfeld, vertido na mesma lingua, etc etc Seja o que for, é certo que Soyé veiu, para Lisboa trazido ainda na primeira infância por seus pães, que em breve faleceram, correndo a sua educação, ao que posso julgar, por conta do morgado da Oliveira João de Saldanha Oliveira e Sousa, depois primeiro conde de Rio-maior, que parece haver sido o seu protèctor durante muitos annos. Consta que fizera os estudos de humanidades no seminário de Rilhafoles, dos padres da congregação de S. Vicente de Paulo, e que aprendera também as artes da pintura e gravura a buril, do que nos deixou documento em algumas estampas das suas Noites Josephinas. Aos 29 de Outubro de 1777 professou a regra franciscana no convento de N. S. de Jesus da terceira Ordem da Penitencia, e passando a seguir os estudos maiores na Universidade de Coimbra, ahi fez alguns actos em theologia, com desembaraço e acceitaçâo de seus mestres, que muito o distinguiram. Mas tenho para mim que não chegou a graduar-se n'aquella faculdade, embhora pelo tempo adiante elle se inculcasse como «doutor» nos rostos de alguns opusculos que em França deu á luz. Ou porque tivesse abraçado constrangido a vida monastica, ou porque a sua vocação para ella se desvanecesse, é facto que resolveu voltar para o século, impetrando de Roma um breve pelo qual lhe foram annullados os votos claustraes, e passou ao estado de clérigo secular em 1791. Já anteriormente, a contar de 1786, havia publicado algumas obras poéticas, composiçfiee' dos seus primeiros annos, as quaes foram muito applaudidas por uns, e censur.. radas por outros, como acontece quasi sempre. . ' Pelos annos de 1802 sahiu de Portugal para França, incumbido (segundo dizem) pelo ministro D. Rodrigo de Sousa Coutinho, de escolher e comprar livros para a Bibliotheca Publica de Lisboa, então recentemente organisada. Terminada esta commissão, resolveu ficar em Paris, onde parece se estabeleceu com loja de livreiro. Do seu tracto e amisade com Francisco Manuel existe a piwa em uma ode que este lhe dirigiu, na qual se lhe mostra muito affeiçoado. Alguns versos que publicara nos annos de 1808 e seguintes em louvor de Napoleão, e que traduzidos em francez agradaram ao imperador, e foram por elle remunerados generosamente, fizeram que depois da restauração dos Bourbons o oeta ficasse malquisto, e vendo-se então em pobreza e impedido de voltar para Í ortugal, como parece desejava, partiu para o Rio de Janeiro.—Alli conseguiu*' emfim que por elle se interessassem algumas pessoas influentes, e obteve a nomeação de Secretario dá Academia das Bellas-artes, logar que pouco tempo des-

LU 317 fructou. Atacado de paralysia aos 68 annos no de 1828, e fugindo-lhe de casa um preto, única pessoa que comsigo tinha, permaneceu assim em total abandono durante alguns dias, até perecer miseravelmente de fome, como se reconheceu pela achada do cadáver já putrefacto, quando a falta de noticias suas despertou nos visinhos %euriosidade de se informarem do acontecido)—E. 712V Sonho; poema erótico, que ás benéficas mãos do nosso augusto e amabilissimo Príncipe do Brasil offerece, etc. Lisboa, na Offic. de Francisco Luis Ameno 1786. 8.° de LXXXVHI-125 pag«com vinhetas e um retrato do príncipe D. José.—Consta de seis cantos em outava rythma. O prólogo é erudito, e talvez vale a pena de ler-se. O poema, hoje quàsi esquecido, é ainda recommendavel, no juízo de alguns críticos, pela boa linguagem e versificação, pela viveza das pinturas, e pela graciosa singeleza dos seus quadros pastoris. 713) Dithyrambos, ou poesias bacchicas de Myrtillo. Tomo i das Rimas. Lisboa, na Officde Filippe da Silva e Azevedo 1787. 8.° de 224 pag. *

316 LU<br />

Alvares 1647. 4." de xvi-190pag. com um retrato do P. Antônio da Conceição,<br />

gravado em chapa de metal. (V. P. Francisco de Saneta Maria.)<br />

As obras d este padre gosam de alguma estimação pela vernaculidade de<br />

sua linguagem, e por seu estylo grave e natural. Da ultima possuo um exemplar,<br />

comprado por 480 réis.<br />

Além d'estas escreveu em castelhano as seguintes:<br />

710) Vida de Ia B. M. Maria Magdalena de Pazzi, traducida dei idioma<br />

toscano. Lisboa, por Giraldo de Vinha 1626. 4.°—Ibi, por Antônio Alvares<br />

1642. 4.°<br />

711) Demonstracion evangélica, y destie.ro de ignorancias judaicas. Lisboa,<br />

por Mattheus Pinheiro 1631. 4.°<br />

LUIS RAPHAEL SOYÉ, n. em Madrid a 15 de Abril de 1760, filho de<br />

pães estrangeiros, sem comtudo constar precisamente a que nação pertencessem.<br />

José Maria da Costa e Silva affirmava, não sei com que fundamento, que eram<br />

naturaes d'Allemanha, e pretendia derivar d'ahi o gosto e predilecção que o filho<br />

inculcava nas suas obras pela poesia allemã. Eu porém, que .comecei a familiarisar-me<br />

com a lição dos versos de Soyé aos septe annos d'edade, quando mal<br />

sabia ler, creio ter razões bastantes para duvidar até de que elle entendesse o<br />

allemão, e julgo mais que provável que todo o seu conhecimento da litteratura<br />

d'aquelle paiz era bebido exclusivamente nas traducções francezas de Huber,<br />

no tratado Des Progrès des Allemands, par Bielfeld, vertido na mesma lingua,<br />

etc etc Seja o que for, é certo que Soyé veiu, para Lisboa trazido ainda na<br />

primeira infância por seus pães, que em breve faleceram, correndo a sua educação,<br />

ao que posso julgar, por conta do morgado da Oliveira João de Saldanha<br />

Oliveira e Sousa, depois primeiro conde de Rio-maior, que parece haver<br />

sido o seu protèctor durante muitos annos. Consta que fizera os estudos de humanidades<br />

no seminário de Rilhafoles, dos padres da congregação de S. Vicente<br />

de Paulo, e que aprendera também as artes da pintura e gravura a buril, do<br />

que nos deixou documento em algumas estampas das suas Noites Josephinas.<br />

Aos 29 de Outubro de 1777 professou a regra franciscana no convento de<br />

N. S. de Jesus da terceira Ordem da Penitencia, e passando a seguir os estudos<br />

maiores na Universidade de Coimbra, ahi fez alguns actos em theologia, com<br />

desembaraço e acceitaçâo de seus mestres, que muito o distinguiram. Mas tenho<br />

para mim que não chegou a graduar-se n'aquella faculdade, embhora pelo tempo<br />

adiante elle se inculcasse como «doutor» nos rostos de alguns opusculos que em<br />

França deu á luz. Ou porque tivesse abraçado constrangido a vida monastica,<br />

ou porque a sua vocação para ella se desvanecesse, é facto que resolveu voltar<br />

para o século, impetrando de Roma um breve pelo qual lhe foram annullados<br />

os votos claustraes, e passou ao estado de clérigo secular em 1791. Já anteriormente,<br />

a contar de 1786, havia publicado algumas obras poéticas, composiçfiee'<br />

dos seus primeiros annos, as quaes foram muito applaudidas por uns, e censur..<br />

radas por outros, como acontece quasi sempre. . '<br />

Pelos annos de 1802 sahiu de Portugal para França, incumbido (segundo<br />

dizem) pelo ministro D. Rodrigo de Sousa Coutinho, de escolher e comprar livros<br />

para a Bibliotheca Publica de Lisboa, então recentemente organisada. Terminada<br />

esta commissão, resolveu ficar em Paris, onde parece se estabeleceu com<br />

loja de livreiro. Do seu tracto e amisade com Francisco Manuel existe a piwa<br />

em uma ode que este lhe dirigiu, na qual se lhe mostra muito affeiçoado. Alguns<br />

versos que publicara nos annos de 1808 e seguintes em louvor de Napoleão,<br />

e que traduzidos em francez agradaram ao imperador, e foram por elle<br />

remunerados generosamente, fizeram que depois da restauração dos Bourbons o<br />

oeta ficasse malquisto, e vendo-se então em pobreza e impedido de voltar para<br />

Í<br />

ortugal, como parece desejava, partiu para o Rio de Janeiro.—Alli conseguiu*'<br />

emfim que por elle se interessassem algumas pessoas influentes, e obteve a nomeação<br />

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