Baixar - Brasiliana USP

LU 251
Tem sido opinião vulgar entre os bibliographos, que não existem mais que
duas edições diversas com a indicação da data de 1572, e que os exemplares
que apparecem são necessariamente de uma d'ellas. Porém ha toda a razão para
crer que isto não passa de uma supposiçãò errônea; e para elucidação do ponto
transcreverei aqui parte de uma nota que ha pouco tempo me foi enviada do
Rio de Janeiro, da penna do sr. conselheiro Castilho; na qual o mesmo senhor,
alludindo á Memória que escrevera em 1848 (citada pelo sr. Visconde a pag. 406
do seu livro) se exprime nos termos seguintes: «Sendo bibliothecario-mor, de-
« sejei confrontar as chamadas duas edições de 1572, e reuni ante mim por fa-
« vor de varias pessoas de Lisboa septe^exemplares de 1572. Passando a verifi-
« car as confrontações, segundo os preceitos dados pelos que designaram em que
« consistiam essas differenças, tive occasião de reconhecer positivamente, que
« com a data de 72 houve talvez quatro, e pelo menos três edições. Creio ter
« provado na minha Memória serem contrafações umas das outras, e publica-
«das no intervalo que mediou até. 1584, que é a segunda data conhecida de
« enição diversa. Era o meio de evitar os gastos, estorvos, e perigos das varias
« censuras, etc.»
A demasiada extensão, qué ó forçoso dar ao presente artigo, não consente
alongal-o ainda mais com algumas considerações que seriam aqui bem cabidas,
em abono da opinião de s.«x.* quanto á ultima parte.
Seja porém o que fôr, da edição ou edições que vulgarmente se reputam
uma só, e a que chamam sejjunda, hei noticia da existência dos seguintes exemplares:
1.° o da Bibliotheca Nacional de Lisboa: 2.° o que existia no convento
de Jesus, pertencente hoje á Academia, dado aos religiosos do dito convento
pelo falecido dr. Lima Leitão"-como consta de uma declaração autographa n'elle
exarada: 3.° o que foi djo falecido Visconde de Almeida Garrett, pertencente
hoje ao sr. José Maria da Fonseca: 4.° o da collecção Norton: 5.° o da.collecção
Adamson (vendidjfjjor 11 £): 6.° o que foi do dr. Abranches, e depois de
Joaquim Pereira dajjpsta: 7.° o que pertenceu ao extincto mosteiro de S. Bento
de Lisboa, d'aquypVado pelo ex-benedictino Fr. João de S. Boaventuffc em
1834 (vej. no Dimonario, tomo iu, pag. 3.'i0) existente agora na Bibliotheca
Publica do Rio de Janeiro .* 8.° o do Gabinete Portuguez de Leitura da mesma '
cidade, comprado por 154:000 réis (moeda do Brasil): 9.° o da Bibliotheca Imperial
de Paris, etc, etc.
3. Os Lusiadas de Luis de Camões, agdra de novo impresso com algüas annotaçoens
de diversos autores. Com licença do Supremo Conselho da Sancta Sf geral
Inquisição, por Manoel dç Lyra. Em Lisboa. Anno de 1584. 8.° (posto que
alguns inadvertidamente equivoquem este formato com o de 12.°) De xri-280
folhas.
Esta é a que vulgarmente se denomina edição dos piscos; em ra.zão da famosa
nota que n'ella se encontra, feita á estância 65 do canto m do poema,
onde ò annotador nos deixou a medida dos seus conhecimentos, dizendo « que
« a razão de convir a Cezimbra o epitheto de piscosa, é porque em certo tempo
« do anno se ajunta alli uma grande quantidade de piscos, para se passarem
« para África! I í» m
A tradição, constante e invariavelmente seguida,* attribue aos jesuítas os
cortes e emendas, não poucasivezes ridículas e irrisórias, que o poema experimentou
n'estaedição, e nasjiiias q.ue immediatas se lhe seguiram. Vej. sobre este
ponto, e o mais que diz respeito a taes* edições, a Memória citada de Trigoso, e
a resenha do sr. Visconde.
Os exemplares da edição de 1584 são tanto, ou mais raros que os das anteriores.
D'elles mencionarei: 1." o da collecção Norton: 2.° o da collecção
Adamson (vendido por l.£ 15i sh.): 3.° o do sr. Minhava: 4." o de Joaquim Pe-.
reira da Costa.
4. Primeira parte dos Autos e Comédias portuguezas, por Antônio Prestes
e por Luis de' Camoens, e por outros auctores portuguezes, cujos nomes vão no