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Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

(Aufklärung) empenha-se na crítica, responsabilizan<strong>do</strong> o homem que não saiu deste<br />

esta<strong>do</strong> precisamente em função de que o mesmo poderia não mais continuar menor,<br />

ou seja, responsabiliza-se uma menoridade que resulta da liberdade.<br />

Contrastivamente a esse caso de menoridade imputável, temos uma menoridade<br />

não imputável, isto é, atos de menoridade não livres, empiricamente destaca<strong>do</strong>s, e,<br />

assim, insuscetíveis de responsabilização (menoridade no senti<strong>do</strong> comum, relativo à<br />

infância, e uma menoridade por alguma deficiência <strong>do</strong> entendimento). Ainda, na<br />

Crítica da Faculdade <strong>do</strong> Juízo, vemos Kant, ao distinguir afetos (Affekten) de<br />

paixões (Leidenschaften) 1 ,, sinalizar a possibilidade de um impedimento empírico da<br />

liberdade 2 , ao afirmar que as paixões ―são inclinações que dificultam ou tornam<br />

impossível toda determinabilidade <strong>do</strong> arbítrio por princípios‖ 3 . Logo, as paixões<br />

podem limitar e inclusive suprimir a liberdade 4 .<br />

1<br />

Diz Kant: ―Afetos são especificamente distintos de paixões. Aqueles referem-se meramente ao<br />

sentimento; estas pertencem à faculdade de apetição e são inclinações que dificultam ou tornam<br />

impossível toda determinabilidade <strong>do</strong> arbítrio (Willkür) por princípios. Aqueles são impetuosos e<br />

impremedita<strong>do</strong>s; estas, dura<strong>do</strong>ras e refletidas‖ (Crítica da Faculdade <strong>do</strong> Juízo. B 121, nota 128). O<br />

exemplo forneci<strong>do</strong> por Kant nesta nota é o da indignação (Unwille) que, sen<strong>do</strong> um afeto, é cólera<br />

(Zorn) e, sen<strong>do</strong> paixão, é ódio (Hass), sede de vingança. Na Tugendlehre Kant também apresenta<br />

esta distinção. O exemplo é o mesmo. A cólera ou ira, como sentimento repentino e brusco, é uma<br />

propensão a um afeto. O ódio - inclinação permanente - é uma paixão. A diferença está nas<br />

definições. Os afectos ―pertencem ao sentimento, na medida em que este, preceden<strong>do</strong> à reflexão<br />

(Überlegung), a impossibilita ou a dificulta‖ (Ak 407). A paixão ―é o apetite sensível converti<strong>do</strong> em<br />

inclinação permanente‖ (Ak 408). Assim, temos ao la<strong>do</strong> da já conhecida vítima da paixão ( o arbítrio),<br />

a vítima <strong>do</strong> afeto (a reflexão, ou raciocínio). A questão que se coloca, num caso extremo, é até que<br />

ponto pode arbítrio se determinar livremente consideran<strong>do</strong>-se a impossibilidade da reflexão? Por<br />

certo, isso dificulta somente o que é uma tese mais moderada de Kant.<br />

2<br />

Referência no mesmo senti<strong>do</strong> à Crítica da Faculdade <strong>do</strong> Juízo é feita por Henry Allison, Kant‟s<br />

Theory of Free<strong>do</strong>m, 260, n.12.<br />

3<br />

Cf. nota 35.<br />

4<br />

Também nas Lecciones de Ética (De Imputatione): "Podemos atribuir algo a uma pessoa sem<br />

chegar a imputar-lhe; por exemplo, podemos atribuir suas ações a um louco ou a um ébrio, mas não<br />

imputar-lhes. Na imputação, a ação tem de ter sua origem na liberdade. Certamente, não se podem<br />

imputar suas ações ao ébrio, senão à própria embriaguez" (p.97; veja também p. 101). A referência<br />

ao ébrio lembra Aristóteles: "O homem embriaga<strong>do</strong> ou enfureci<strong>do</strong> age na ignorância, mas não por<br />

ignorância, sen<strong>do</strong> portanto responsável" (Ética a Nicômaco, III, 1, 1110 b25ss.). Aristóteles também<br />

afirma que "sucede até que um homem seja puni<strong>do</strong> pela sua própria ignorância quan<strong>do</strong> o julgam<br />

responsável por ela, como no caso das penas <strong>do</strong>bradas para os ébrios; pois o princípio motor está no<br />

próprio indivíduo, visto que ele tinha o poder de não se embriagar, e o fato de se haver embriaga<strong>do</strong><br />

foi causa de sua ignorância" (EN, III, 5, 1113 b30ss).<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

Página15

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