19.04.2013 Views

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

Assim sen<strong>do</strong>, a responsabilidade moral de um homem que mente mal<strong>do</strong>samente<br />

requer um desprezo pelas condições empíricas, sejam estas internas ou externas.<br />

Kant diz ainda, no mesmo parágrafo, que nós temos de considerar tal ato, na<br />

perspectiva de censura <strong>do</strong> agente, de um la<strong>do</strong>, como se a série decorrida das<br />

condições não tivesse ocorri<strong>do</strong> 1 e, de outro la<strong>do</strong>, como se se tratasse de início<br />

espontâneo, por parte <strong>do</strong> agente, de uma série de consequências. Parece um tanto<br />

difícil aceitar que, quan<strong>do</strong> se propõe a avaliar moralmente a responsabilidade ou não<br />

de um ser humano, seja necessário desconsiderar condições empíricas passadas.<br />

Se uma pessoa teve uma educação defeituosa, más companhias e cometeu uma<br />

ação censurável por leviandade, parece que, nestes casos, seria plausível a<br />

possibilidade de que esta pessoa agisse, mediante a causalidade de sua razão, de<br />

um mo<strong>do</strong> diverso. Sen<strong>do</strong> assim, nos veríamos obriga<strong>do</strong>s a sustentar que tais<br />

condições não são relevantes, visto que não determinam necessariamente a ação.<br />

Mas tal irrelevância das condições empíricas deve resultar da avaliação que<br />

fizermos, não de uma desconsideração prévia delas. Considere-se o caso,<br />

menciona<strong>do</strong> por Kant, de que se verifique no agente, conjugadamente a outros<br />

fatores, a ―malignidade de uma ín<strong>do</strong>le insensível à vergonha‖. Neste caso, se estaria<br />

diante de algo que poderíamos chamar de um grave distúrbio de personalidade, fato<br />

que tornaria insustentável qualquer expectativa de comportamento moral <strong>do</strong> agente.<br />

A ideia de uma pessoa ―insensível à vergonha‖ parece nos conduzir à compreensão<br />

da existência de uma falha estrutural na formação de sua consciência moral, o que<br />

nos permitiria considerá-la moralmente incivilizada. Nesse contexto, parece intervir<br />

uma condição empírica relevante. Assim, o agente não estaria sujeito à<br />

imputabilidade, uma vez que a causalidade determinante não foi a causalidade da<br />

razão (livre e de mo<strong>do</strong> algum afetada pela sensibilidade), mas a causalidade natural<br />

que subtrai to<strong>do</strong> juízo de responsabilização moral. Dessa forma, a argumentação de<br />

1 Para Allison, a pretensão de Kant seria a de que ―a disponibilidade de uma explicação empíricocausal<br />

de uma ação por si mesma não excluí a possibilidade de supor que o agente poderia ter agi<strong>do</strong><br />

de outro mo<strong>do</strong> e, portanto, de sustentar que o agente é responsável‖ (Kant‟s Theory of Free<strong>do</strong>m, p.<br />

42).<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

Página12

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!