19.04.2013 Views

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

caráter de uma causalidade por liberdade 1 , visto que os efeitos (ações) deste sujeito,<br />

conquanto repercutam no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, possuem causas que independem<br />

de qualquer condição empírica. Contu<strong>do</strong>, este mesmo sujeito, como membro <strong>do</strong><br />

mun<strong>do</strong> <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, possui um caráter empírico e suas ações têm de ser<br />

consideradas na interconexão necessária <strong>do</strong>s fenômenos conforme a causalidade<br />

natural.<br />

Esse argumento parece ser um tanto obscuro e realça as dificuldades da resolução<br />

da terceira antinomia. Como é possível a atribuição ao mesmo sujeito de um duplo<br />

caráter? Como compreender que uma mesma ação, como fenômeno, seja tanto o<br />

resulta<strong>do</strong> de determinações causais naturais como o efeito de uma causalidade<br />

inteligível, independente de qualquer condição temporal?<br />

Com relação a estas questões, a resposta kantiana parece se dirigir para uma<br />

necessária dupla consideração <strong>do</strong> sujeito agente, à medida que o ser humano é<br />

compreendi<strong>do</strong> como algo radicalmente distinto <strong>do</strong> resto da natureza. Diz Kant:<br />

Exclusivamente o homem que de outra maneira conhece toda a<br />

natureza somente através <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, se conhece a si mesmo<br />

mediante uma pura apercepção ... para si mesmo, ele certamente é, de<br />

uma parte fenômeno, mas de outra, ou seja no que se refere a certas<br />

faculdades um objeto puramente inteligível porque a sua ação de mo<strong>do</strong><br />

algum pode ser computada na receptividade da sensibilidade.<br />

Denominamos estas faculdades de entendimento e razão (CRP, B 574-<br />

575) 2 .<br />

1 A liberdade, como causa eficiente, tem um caráter. E caráter, conforme Kant define, é uma lei da<br />

causalidade da causa eficiente. (Cf. Crítica da Razão Pura. Tradução de Valério Rohden e U<strong>do</strong><br />

Baldur Moosburguer. São Paulo, Abril Cultural, 1980. p. 274, B 567 / Kritik der reinen Vernunft.<br />

Werkausgabe III/IV. Ed. W. Weischedel. Frankfurt, Surkamp, 1991 - Doravante CRP). Sobre a<br />

variação <strong>do</strong> significa<strong>do</strong> de ―caráter‖ (Charakter) em Kant, veja nota 11).<br />

2 Ver também em: Fundamentação da Metafísica <strong>do</strong>s Costumes BA 108 e<br />

Tugendlehre, § 3 Ak 418.<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

Página2

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!