Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />
I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
fazer? O que me é lícito esperar? 4) o que é o homem?‖ – e, em seguida, esclarece:<br />
―À primeira questão responde a Metafísica; à segunda, a Moral; à terceira, a<br />
Religião; e a quarta, a Antropologia. Mas, no fun<strong>do</strong>, poderíamos atribuir todas essas<br />
à Antropologia, porque as três primeiras questões remetem à última‖ (Log. A 25;<br />
trad. p. 42). Como deixa clara essa passagem, Kant admite um senti<strong>do</strong> para<br />
―antropologia‖ muito diverso daquele circunscrito no Prefácio da Fundamentação da<br />
metafísica <strong>do</strong>s costumes (1785), quan<strong>do</strong> o termo em pauta é introduzi<strong>do</strong> através da<br />
oposição entre a normatividade da razão e a positividade empírica, isto é, entre a<br />
análise conceitual das significações racionais – dentre as quais figura o dever, a cuja<br />
análise o leitor é primeiramente apresenta<strong>do</strong> neste texto – e a simples descrição das<br />
condutas humanas 1 . No senti<strong>do</strong> convoca<strong>do</strong> pela acepção cosmopolita da filosofia,<br />
evoca<strong>do</strong> na Lógica, a questão antropológica abarca sob si a questão pelo que devo<br />
fazer, atinente à moral, o que basta como argumento para recusarmos toda<br />
assimilação imediata e definitiva entre antropologia e empiricidade 2 .<br />
O outro texto que temos em mente ajuda a esclarecer em que medida admitir a<br />
validade da antropologia lato sensu, ao invés de mitigar o caráter normativo da<br />
moralidade kantiana, ajuda a esclarecê-lo. Como adverte Kant no Prefácio da<br />
Antropologia de um ponto de vista pragmático, de 1798, há duas pespectivas<br />
alternativas no que concerne ao conhecimento sistemático <strong>do</strong> homem , a fisiológica e a pragmática:<br />
1 ―As leis morais com seus princípios, em to<strong>do</strong> conhecimento prático, distinguem-se portanto de tu<strong>do</strong><br />
o mais em que exista qualquer coisa de empírico, e não só se distinguem essencialmente, como<br />
também toda Filosofia moral assenta inteiramente na sua parte pura, e, aplicada ao homem, não<br />
recebe um mínimo que seja <strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong> homem (Antropologia), mas fornece-lhe como ser<br />
racional leis a priori‖ (Gdlg., A trad. p. 104/105). Registre-se, de passagem, ser nesta oposição,<br />
retomada na 2 a Crítica, que encontram sua origem as prerrogativas que a ―Analítica da razão prática‖<br />
assumiu diante da "parte impura da ética" (LOUDEN, 2000) na literatura secundária mais recente – a<br />
ponto de a inteira filosofia prática kantiana ter si<strong>do</strong> resumida por alguns comenta<strong>do</strong>res à explicitação<br />
<strong>do</strong>s procedimentos e formulações requeri<strong>do</strong>s por uma ética prescritiva.<br />
2 Evidentemente, isso não desabona a vasta literatura dedicada a investigar as relações, no interior<br />
da razão prática kantiana, entre moral propriamente dita e antropologia. Um autor cuja discussão a<br />
respeito mobiliza a literatura corrente é LOUDEN, 2000.<br />
I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />
II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />
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