Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 em questão seus métodos e seus problemas. O ponto que separa a arqueologia da epistemologia é a forma como os dados da ciência são tratados e abordados pela história arqueológica. Não é relevante para a arqueologia determinar quais saberes de uma época pertencem ao conhecimento legitimado pela tradição e quais saberes pertencem ao domínio obscuro da ignorância. Da mesma forma, Foucault não faz arqueologia tomando em conta um sujeito originário ou uma consciência auto- constituída, tal como a filosofia, de Descartes a Sartre, assim o compreende. Trata- se de uma análise pela qual o sujeito é compreendido como objeto historicamente constituído por processos exteriores a ele. Em Arqueologia do saber, Foucault tem como objetivo fazer uma reflexão profunda e rigorosa sobre os usos metodológicos e conceituais executados nos escritos anteriores, sem a intenção de construir, a partir daí, um método de pesquisa histórica. As polêmicas e críticas surgidas após a publicação de História da loucura e As palavras e as coisas são alguns dos motivos que levaram o filósofo a escrever sobre estas obras procurando caracterizar melhor sua análise com o objetivo de superar dificuldades originárias da pesquisa e outras apontadas por críticos e estudiosos. Constitui-se em uma revisão crítica e reflexiva que busca homogeneizar e retificar as opções teóricas e as práticas de pesquisa que deram origem à História da loucura e As palavras e as coisas. A arqueologia do saber responde em eco às obras que a precederam. Sua tarefa é questionar os métodos, os limites e os temas da história em sua forma tradicional, sobretudo em suas referências a um suposto sujeito fundador. Busca desfazer as últimas sujeições antropológicas sacralizadas pela velha história, ao mesmo tempo em que quer demonstrar como foram formadas. A arqueologia do saber pretende ser a forma mais acabada e mais coerente das pesquisas realizadas anteriormente que foram, – de certa forma e segundo Foucault –, esboçadas em desordem, um pouco imperfeitamente, exigindo que fosse estabelecida uma articulação que desse à arqueologia uma forma mais geral. Foucault, com suas pesquisas, pergunta pelos mecanismos e instâncias que fazem com que um discurso científico, por exemplo, funcione como verdade. I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página3
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 Fundamentalmente a questão é saber quais os caminhos que levam à produção de um certo regime de verdade e quais são os seus efeitos. A análise empreendida por Foucault nas três obras citadas faz-nos concluir que a pesquisa arqueológica é uma tentativa de construção de uma forma de estudo que evita as formalizações e que, por este motivo, pretende possibilitar a abordagem de domínios do saber em campos diversos prescindindo da necessidade de limitar-se ao uso de conceitos epistemológicos clássicos nas abordagens destes domínios. Assim, a arqueologia apresenta-se como um instrumento que possibilita refletir sobre as ciências e sobre os saberes, sobre o formal e sobre o não científico, sobre o legítimo e sobre o periférico. Referências FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências humanas. 8 ed. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes, 1999. _____. História da loucura: na Idade clássica. 8 ed. Tradução de José Teixeira Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 2007. _____. Arqueologia do saber. 7 ed. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2007. MACHADO, Roberto. Foucault, a ciência e o saber. 3 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2006. I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página4
- Page 285 and 286: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 287 and 288: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 289 and 290: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 291 and 292: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 293 and 294: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 295 and 296: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 297 and 298: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 299 and 300: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 301 and 302: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 303 and 304: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 305 and 306: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 307 and 308: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 309 and 310: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 311 and 312: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 313 and 314: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 315 and 316: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 317 and 318: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 319 and 320: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 321 and 322: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 323 and 324: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 325 and 326: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 327 and 328: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 329 and 330: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 331 and 332: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 333 and 334: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 335: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />
I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
Fundamentalmente a questão é saber quais os caminhos que levam à produção de<br />
um certo regime de verdade e quais são os seus efeitos. A análise empreendida por<br />
Foucault nas três obras citadas faz-nos concluir que a pesquisa arqueológica é uma<br />
tentativa de construção de uma forma de estu<strong>do</strong> que evita as formalizações e que,<br />
por este motivo, pretende possibilitar a abordagem de <strong>do</strong>mínios <strong>do</strong> saber em<br />
campos diversos prescindin<strong>do</strong> da necessidade de limitar-se ao uso de conceitos<br />
epistemológicos clássicos nas abordagens destes <strong>do</strong>mínios. Assim, a arqueologia<br />
apresenta-se como um instrumento que possibilita refletir sobre as ciências e sobre<br />
os saberes, sobre o formal e sobre o não científico, sobre o legítimo e sobre o<br />
periférico.<br />
Referências<br />
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia das ciências<br />
humanas. 8 ed. Tradução de Salma Tannus Muchail. São Paulo: Martins Fontes,<br />
1999.<br />
_____. História da loucura: na Idade clássica. 8 ed. Tradução de José Teixeira<br />
Coelho Neto. São Paulo: Perspectiva, 2007.<br />
_____. Arqueologia <strong>do</strong> saber. 7 ed. Tradução de Luiz Felipe Baeta Neves. Rio de<br />
Janeiro: Forense Universitária, 2007.<br />
MACHADO, Roberto. Foucault, a ciência e o saber. 3 ed. Rio de Janeiro: Jorge<br />
Zahar, 2006.<br />
I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />
II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />
Página4