19.04.2013 Views

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

verdade, ou seja, somente ele define a racionalidade científica. Segun<strong>do</strong> Macha<strong>do</strong><br />

(2006, p. 74), para Foucault, <strong>do</strong> ponto de vista da ciência, em senti<strong>do</strong> rigoroso, a<br />

psiquiatria não é ciência, mas uma teoria com pretensão de cientificidade, uma vez<br />

que se utiliza <strong>do</strong>s discursos da medicina para abordar seu objeto. Assim, ao tomar<br />

por objeto os conceitos da psiquiatria, Foucault prescinde <strong>do</strong>s discursos científicos<br />

como objeto exclusivo e não toma a ciência como critério de suas pesquisas<br />

históricas. Desta forma, História da loucura desloca as fronteiras com relação às<br />

histórias das ciências, pois, analisa também os discursos não-científicos, como os<br />

filosóficos e literários. Sen<strong>do</strong> assim, toda pesquisa empreendida por Foucault, tanto<br />

em História da loucura, quanto em obras posteriores, não aborda com exclusividade<br />

o discurso científico, mas, pretende dar conta <strong>do</strong> conceito levan<strong>do</strong> em consideração<br />

um conjunto heterogêneo de discursos, sejam eles científicos ou não.<br />

As palavras e as coisas, em relação à História da loucura, é um livro que apresenta<br />

modificações tanto na questão da amplitude <strong>do</strong>s saberes aos quais estende sua<br />

análise, quanto no que diz respeito à forma como Foucault empreende a pesquisa<br />

arqueológica. Nesta obra o filósofo formula pela primeira vez a noção de epistémê<br />

que se constitui no objeto principal da análise realizada em As palavras e as coisas<br />

e que, devi<strong>do</strong> a especificidade com que se caracteriza, possibilita que a arqueologia,<br />

frente às histórias das ciências e das idéias, seja não só diferente destas histórias,<br />

mas, sobretu<strong>do</strong>, configure-se como uma nova forma de análise. Nela, o saber<br />

configura-se como o nível específico no qual se dá a análise arqueológica. Isto faz<br />

com que a arqueologia se diferencie das outras histórias, pois, não se trata de<br />

priorizar o discurso científico. O simples fato de que Foucault utiliza para sua análise<br />

os discursos da economia, da biologia e da filologia demonstra a flexibilidade da<br />

análise com relação às fronteiras das disciplinas científicas.<br />

Ao expandir os <strong>do</strong>mínios de As palavras e as coisas para além das fronteiras de<br />

uma única disciplina, Foucault não faz história das ciências ou tenta descrever o<br />

processo de evolução de um conceito. Discute com elas, na medida em que coloca<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

Página2

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!