Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 FOUCAULT E A VERDADE Palavras-chave: Verdade, Ciência, História, Arqueologia. Jussara Tossin Martins Bezeruska Mestre em Filosofia – UNIOESTE/Toledo caixapostaldaju@hotmail.com Três obras principais marcam o período inicial das pesquisas de Michel Foucault designadas pelo filósofo de arqueologia. Nestas obras o filósofo coloca questões que deflagram uma nova relação com a verdade, estabelecendo rupturas no pensamento contemporâneo que deram nova forma aos saberes médicos e psiquiátricos e às relações com o poder. O trabalho ora apresentado pretende analisar o estatuto desta noção de verdade surgida a partir das pesquisas foucaultianas. Busca-se entender de que forma os direcionamentos metodológicos e conceituais das pesquisas de Foucault propiciaram a elaboração de um novo regime de verdade. História da loucura, a primeira obra do período, critica as histórias da psiquiatria e das ciências que projetam sobre o passado suas verdades terminais e que nele procuram indícios dos primeiros passos de uma ciência, cuja evolução propiciou que fossem desvendadas as verdades cientificas aceitas tão prontamente na atualidade. História da loucura visa, sobretudo, demonstrar que esta evolução científica não passa de uma ilusão retrospectiva da história da psiquiatria. Uma questão importante colocada pelo filósofo, indaga pelos limites e objetos próprios de uma disciplina científica em todo o seu rigor. O conceito para esta é a expressão da I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página1
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 verdade, ou seja, somente ele define a racionalidade científica. Segundo Machado (2006, p. 74), para Foucault, do ponto de vista da ciência, em sentido rigoroso, a psiquiatria não é ciência, mas uma teoria com pretensão de cientificidade, uma vez que se utiliza dos discursos da medicina para abordar seu objeto. Assim, ao tomar por objeto os conceitos da psiquiatria, Foucault prescinde dos discursos científicos como objeto exclusivo e não toma a ciência como critério de suas pesquisas históricas. Desta forma, História da loucura desloca as fronteiras com relação às histórias das ciências, pois, analisa também os discursos não-científicos, como os filosóficos e literários. Sendo assim, toda pesquisa empreendida por Foucault, tanto em História da loucura, quanto em obras posteriores, não aborda com exclusividade o discurso científico, mas, pretende dar conta do conceito levando em consideração um conjunto heterogêneo de discursos, sejam eles científicos ou não. As palavras e as coisas, em relação à História da loucura, é um livro que apresenta modificações tanto na questão da amplitude dos saberes aos quais estende sua análise, quanto no que diz respeito à forma como Foucault empreende a pesquisa arqueológica. Nesta obra o filósofo formula pela primeira vez a noção de epistémê que se constitui no objeto principal da análise realizada em As palavras e as coisas e que, devido a especificidade com que se caracteriza, possibilita que a arqueologia, frente às histórias das ciências e das idéias, seja não só diferente destas histórias, mas, sobretudo, configure-se como uma nova forma de análise. Nela, o saber configura-se como o nível específico no qual se dá a análise arqueológica. Isto faz com que a arqueologia se diferencie das outras histórias, pois, não se trata de priorizar o discurso científico. O simples fato de que Foucault utiliza para sua análise os discursos da economia, da biologia e da filologia demonstra a flexibilidade da análise com relação às fronteiras das disciplinas científicas. Ao expandir os domínios de As palavras e as coisas para além das fronteiras de uma única disciplina, Foucault não faz história das ciências ou tenta descrever o processo de evolução de um conceito. Discute com elas, na medida em que coloca I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2
- Page 283 and 284: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 285 and 286: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 287 and 288: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 289 and 290: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 291 and 292: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 293 and 294: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 295 and 296: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 297 and 298: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 299 and 300: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 301 and 302: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 303 and 304: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 305 and 306: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 307 and 308: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 309 and 310: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 311 and 312: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 313 and 314: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 315 and 316: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 317 and 318: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 319 and 320: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 321 and 322: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 323 and 324: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 325 and 326: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 327 and 328: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 329 and 330: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 331 and 332: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 333: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 337 and 338: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />
I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
FOUCAULT E A VERDADE<br />
Palavras-chave: Verdade, Ciência, História, Arqueologia.<br />
Jussara Tossin Martins Bezeruska<br />
Mestre em Filosofia – UNIOESTE/Tole<strong>do</strong><br />
caixapostaldaju@hotmail.com<br />
Três obras principais marcam o perío<strong>do</strong> inicial das pesquisas de Michel Foucault<br />
designadas pelo filósofo de arqueologia. Nestas obras o filósofo coloca questões<br />
que deflagram uma nova relação com a verdade, estabelecen<strong>do</strong> rupturas no<br />
pensamento contemporâneo que deram nova forma aos saberes médicos e<br />
psiquiátricos e às relações com o poder. O trabalho ora apresenta<strong>do</strong> pretende<br />
analisar o estatuto desta noção de verdade surgida a partir das pesquisas<br />
foucaultianas. Busca-se entender de que forma os direcionamentos meto<strong>do</strong>lógicos e<br />
conceituais das pesquisas de Foucault propiciaram a elaboração de um novo regime<br />
de verdade.<br />
História da loucura, a primeira obra <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, critica as histórias da psiquiatria e<br />
das ciências que projetam sobre o passa<strong>do</strong> suas verdades terminais e que nele<br />
procuram indícios <strong>do</strong>s primeiros passos de uma ciência, cuja evolução propiciou que<br />
fossem desvendadas as verdades cientificas aceitas tão prontamente na atualidade.<br />
História da loucura visa, sobretu<strong>do</strong>, demonstrar que esta evolução científica não<br />
passa de uma ilusão retrospectiva da história da psiquiatria. Uma questão<br />
importante colocada pelo filósofo, indaga pelos limites e objetos próprios de uma<br />
disciplina científica em to<strong>do</strong> o seu rigor. O conceito para esta é a expressão da<br />
I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />
II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />
Página1