Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 das ações de homens superiores que caem no infortúnio, não por depravação ou vildade, mas por um erro, que no caso de nosso personagem, acontece pelo incesto e pelo assassinato do pai, realizado de forma involuntária. A partir do conselho de Creonte, o rei manda chamar o adivinho Tirésias que, inicialmente, se nega a dizer quem é o assassino, no entanto, termina a discussão revelando que Édipo não é somente o autor do homicídio, mas também culpado por profanar o leito de seu pai, pois casara-se com a própria mãe. Neste momento da peça observamos claramente a realização do que Aristóteles chama de peripécia, o inesperado acontece de uma forma surpreendente, porém, ainda não é o momento do reconhecimento. A rainha Jocasta, tomando conhecimento do infortúnio entre Tirésias e Édipo, e que este acusava a Creonte de traição, pede para se acalmarem e conta que o filho que traria a futura desgraça a Laio, já estaria morto e que Laio teria sido assassinado por salteadores. Édipo, determinado a solucionar o problema manda chamar o único que havia escapado com vida dentre aqueles que acompanharam o rei. Todas as decisões tomadas por Édipo se desenvolvem de tal forma que tudo acabaria por desembocar no reconhecimento de quem ele realmente era. Neste momento chega um mensageiro de Corinto, declarando a morte de Pólibo e a escolha de Édipo como rei. Segundo o pensamento aristotélico, aqui ocorre mais uma peripécia, pois se Édipo é declarado rei em Corinto, naturalmente ele é filho de Pólibo e não de Laio, sendo assim ele não é o assassino. Entretanto, o mensageiro com a intenção de acalmar o rei conta a verdadeira história, e Édipo descobre não ser filho de Pólibo. Jocasta, agindo como se soubesse de algo, sai de cena. O servo finalmente chega e acaba declarando que ele teria, por compadecimento, salvo a vida de Édipo quando este era ainda bebê, entregando-o para um pastor de ovelhas que era justamente o mensageiro que ali estava. Neste instante tudo parece vir a tona, está acontecendo o ponto culminante da tragédia. A inesperada (peripécia) história contada pelo mensageiro e pelo servo levam Édipo ao reconhecimento. De acordo com Aristóteles o reconhecimento se dá quando a personagem toma consciência do seu inexpugnável e por isso trágico destino. Os sentimentos de terror e pena são I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 inevitáveis, surgindo através da união desses dois sentimentos, o que, cabe reafirmar, neste caso Aristóteles chama de catarse, ou seja, a purificação da tragédia. Depois destas revelações vem a notícia de que Jocasta suicidou-se. Édipo num ato desesperado fere os próprios olhos e suplica a Creonte que permita-lhe tocar suas filhas pela última vez. Deste modo, conforme o pensamento de Aristóteles, a peça trágica de Sófocles é vista em três momentos principais, os dois primeiros constam das peripécias e do reconhecimento, e o terceiro, da catástrofe. A peripécia e o reconhecimento acontecem de forma simultânea na obra quando o servo revela a verdadeira identidade do herói. Após o reconhecimento vem a catástrofe da peça onde Jocasta comete homicídio e Édipo fere os próprios olhos. Nisso podemos perceber claramente o término do enredo e o começo do desfecho da peça, o enredo se dá do inicio até o reconhecimento e o desfecho do término do reconhecimento até o final da peça. A peça segundo o modelo aristotélico deve ter uma extensão apropriada, nem muito longa nem muito curta, possibilitando uma compreensão integrada da obra. O sentimento de terror e compaixão se tornam presentes através das peripécias e do reconhecimento, concebidos durante a apresentação, como também da compreensão total que se tem da peça, e é a partir da relação do caráter do herói com o infortúnio em que desembocou a peça que acontece a catarse. A peça se inicia com o heroísmo de Édipo e termina com a sua desgraça, caminho que uma peça trágica deveria percorrer, segundo os conceitos usados nesta análise. A peça de Sófocles é considera por Aristóteles como complexa, pois ela se desenvolve de uma forma que as mudanças ocorridas acontecem através de peripécias e reconhecimentos. Em Édipo o reconhecimento se inicia a partir dos acontecimentos que o antecedem, tornando assim a peça surpreendente. Conclui-se que não é em vão que a peça Édipo Rei escrita por Sófocles é tida como um clássico da tragédia grega, sendo ela impecável na organização de suas ações, escrita de uma forma adornada, repleta de ações inesperadas até chegar ao reconhecimento, com personagens nobres e o que é de extrema importância, não modifica o mito, que é a matéria-prima da tragédia. O I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página3
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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />
I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
das ações de homens superiores que caem no infortúnio, não por depravação ou<br />
vildade, mas por um erro, que no caso de nosso personagem, acontece pelo incesto<br />
e pelo assassinato <strong>do</strong> pai, realiza<strong>do</strong> de forma involuntária. A partir <strong>do</strong> conselho de<br />
Creonte, o rei manda chamar o adivinho Tirésias que, inicialmente, se nega a dizer<br />
quem é o assassino, no entanto, termina a discussão revelan<strong>do</strong> que Édipo não é<br />
somente o autor <strong>do</strong> homicídio, mas também culpa<strong>do</strong> por profanar o leito de seu pai,<br />
pois casara-se com a própria mãe. Neste momento da peça observamos claramente<br />
a realização <strong>do</strong> que Aristóteles chama de peripécia, o inespera<strong>do</strong> acontece de uma<br />
forma surpreendente, porém, ainda não é o momento <strong>do</strong> reconhecimento. A rainha<br />
Jocasta, toman<strong>do</strong> conhecimento <strong>do</strong> infortúnio entre Tirésias e Édipo, e que este<br />
acusava a Creonte de traição, pede para se acalmarem e conta que o filho que traria<br />
a futura desgraça a Laio, já estaria morto e que Laio teria si<strong>do</strong> assassina<strong>do</strong> por<br />
saltea<strong>do</strong>res. Édipo, determina<strong>do</strong> a solucionar o problema manda chamar o único que<br />
havia escapa<strong>do</strong> com vida dentre aqueles que acompanharam o rei. Todas as<br />
decisões tomadas por Édipo se desenvolvem de tal forma que tu<strong>do</strong> acabaria por<br />
desembocar no reconhecimento de quem ele realmente era. Neste momento chega<br />
um mensageiro de Corinto, declaran<strong>do</strong> a morte de Pólibo e a escolha de Édipo como<br />
rei. Segun<strong>do</strong> o pensamento aristotélico, aqui ocorre mais uma peripécia, pois se<br />
Édipo é declara<strong>do</strong> rei em Corinto, naturalmente ele é filho de Pólibo e não de Laio,<br />
sen<strong>do</strong> assim ele não é o assassino. Entretanto, o mensageiro com a intenção de<br />
acalmar o rei conta a verdadeira história, e Édipo descobre não ser filho de Pólibo.<br />
Jocasta, agin<strong>do</strong> como se soubesse de algo, sai de cena. O servo finalmente chega e<br />
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este era ainda bebê, entregan<strong>do</strong>-o para um pastor de ovelhas que era justamente o<br />
mensageiro que ali estava. Neste instante tu<strong>do</strong> parece vir a tona, está acontecen<strong>do</strong><br />
o ponto culminante da tragédia. A inesperada (peripécia) história contada pelo<br />
mensageiro e pelo servo levam Édipo ao reconhecimento. De acor<strong>do</strong> com<br />
Aristóteles o reconhecimento se dá quan<strong>do</strong> a personagem toma consciência <strong>do</strong> seu<br />
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