Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 SOCIEDADE E O PROBLEMA DA REFLEXÃO MORAL EM HUME Palavras-chave: Hume; Sociedade; Moral. Ricardo Zolinger Zanin 4° Filosofia – UNICENTRO/PR Orientador: Marciano Adílio Spica ricardorzz8@hotmail.com Hume propõe uma ciência do homem e sua perspectiva metodológica pretende descrever a capacidade do ser humano de desenvolver crenças empíricas sobre o comportamento dos objetos exteriores e julgamentos morais do caráter de outros homens. Nessa ciência ele defende a primazia dos fatos experimentalmente constatados sobre o pensamento e as emoções, isto é, a dimensão social do homem. Sua abordagem é uma recusa da natureza humana dita como ―racionalidade‖ puramente conjectural – impressões e idéias não são propriedades de um ―eu‖ que serve de substrato para essas idéias, mas seu arranjo constitui esse ―eu‖ -, assim, ao tratar do problema moral, Hume procede de forma imanente: a aquisição de julgamentos e avaliações morais pelo homem não se refere a um padrão transcendente do que é bom ou mau, mas deriva integralmente dos sentimentos de aprovação ou desaprovação diante de certas ações, ―virtudes‖ e ―vícios‖, e das conseqüências práticas dessas avaliações para a sociedade. Nesse sentido Hume é um sociólogo e sua obra mostrará que as duas formas sob as quais a mente é afetada são, totalmente, o emocional e o social. Mesmo o entendimento vai se encarregar apenas de tornar sociável as ―paixões‖; tornar social um interesse egoísta. A base da moral está na própria sociedade que reclama de I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página1
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 seus membros o exercício de reações constantes diante desses interesses que levam à ação individual. Por outro lado, concebe a sociedade como meio indireto para satisfação dos mesmos. Seu questionamento vai atacar padrões metafísicos para a moral e até mesmo os limites da razão científica. Mas, é claro, não ter padrões absolutos não quer dizer não ter padrão algum. Ele pensava que agir moralmente sem modelos metafísicos é uma demanda da própria vida em sociedade: o que é bom para as pessoas individualmente é, por definição, pessoal e nenhuma generalização moral pode ser baseada nisso. Mas quando se fala em ―virtudes‖ e ―vícios‖, quando há deliberação moral, então fala-se nos valores em comum de uma sociedade; ―virtudes‖ e ―vícios‖ podem ser generalizados. Certos comportamentos (coragem, honestidade, etc.) são úteis ou agradáveis e uma regra social deriva assim do sentimento do que é bom para o todo e não da razão; sem inferência a ser feita, sem aplicação necessária, sem regra absoluta. Na prática da moral o difícil é desviar a parcialidade egoísta. Ninguém tem as mesmas simpatias que outra pessoa, há pluralidade de interesses e assim violência. É essa a parte da natureza e a simpatia é como o egoísmo, então, que importância tem a observação segundo a qual o homem não é egoísta mas solidário? O que muda é a perspectiva e o sentido de uma sociedade considerada a partir do egoísmo ou da simpatia. Com efeito, o egoísmo teria que se limitar, ser negado; com a simpatia há uma integração positiva. O que Hume critica nas teorias do contrato é que elas apresentam uma imagem abstrata e falsa da sociedade, definida de maneira negativa: limitação de egoísmo e interesses, em vez de um empreendimento coletivo e inventado pela deliberação moral. O que se encontra na natureza são famílias, assim o estado de natureza é distinto de egoísmo. Isso quer dizer que o mundo social não se reduz a um instinto moral originário; o mundo moral afirma sua realidade quando o egoísmo se dissipa e o contato é possível e substitui a violência pela estima às instituições e há a instauração de um sistema invariável, não natural, mas artificial. Todos os elementos da moralidade (simpatias) são dados naturalmente, mas, por si mesmos, são impotentes para constituir um mundo social. I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2
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I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
seus membros o exercício de reações constantes diante desses interesses que<br />
levam à ação individual. Por outro la<strong>do</strong>, concebe a sociedade como meio indireto<br />
para satisfação <strong>do</strong>s mesmos. Seu questionamento vai atacar padrões metafísicos<br />
para a moral e até mesmo os limites da razão científica. Mas, é claro, não ter<br />
padrões absolutos não quer dizer não ter padrão algum. Ele pensava que agir<br />
moralmente sem modelos metafísicos é uma demanda da própria vida em<br />
sociedade: o que é bom para as pessoas individualmente é, por definição, pessoal e<br />
nenhuma generalização moral pode ser baseada nisso. Mas quan<strong>do</strong> se fala em<br />
―virtudes‖ e ―vícios‖, quan<strong>do</strong> há deliberação moral, então fala-se nos valores em<br />
comum de uma sociedade; ―virtudes‖ e ―vícios‖ podem ser generaliza<strong>do</strong>s. Certos<br />
comportamentos (coragem, honestidade, etc.) são úteis ou agradáveis e uma regra<br />
social deriva assim <strong>do</strong> sentimento <strong>do</strong> que é bom para o to<strong>do</strong> e não da razão; sem<br />
inferência a ser feita, sem aplicação necessária, sem regra absoluta. Na prática da<br />
moral o difícil é desviar a parcialidade egoísta.<br />
Ninguém tem as mesmas simpatias que outra pessoa, há pluralidade de interesses e<br />
assim violência. É essa a parte da natureza e a simpatia é como o egoísmo, então,<br />
que importância tem a observação segun<strong>do</strong> a qual o homem não é egoísta mas<br />
solidário? O que muda é a perspectiva e o senti<strong>do</strong> de uma sociedade considerada a<br />
partir <strong>do</strong> egoísmo ou da simpatia. Com efeito, o egoísmo teria que se limitar, ser<br />
nega<strong>do</strong>; com a simpatia há uma integração positiva. O que Hume critica nas teorias<br />
<strong>do</strong> contrato é que elas apresentam uma imagem abstrata e falsa da sociedade,<br />
definida de maneira negativa: limitação de egoísmo e interesses, em vez de um<br />
empreendimento coletivo e inventa<strong>do</strong> pela deliberação moral. O que se encontra na<br />
natureza são famílias, assim o esta<strong>do</strong> de natureza é distinto de egoísmo. Isso quer<br />
dizer que o mun<strong>do</strong> social não se reduz a um instinto moral originário; o mun<strong>do</strong> moral<br />
afirma sua realidade quan<strong>do</strong> o egoísmo se dissipa e o contato é possível e substitui<br />
a violência pela estima às instituições e há a instauração de um sistema invariável,<br />
não natural, mas artificial. To<strong>do</strong>s os elementos da moralidade (simpatias) são da<strong>do</strong>s<br />
naturalmente, mas, por si mesmos, são impotentes para constituir um mun<strong>do</strong> social.<br />
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