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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 momento. Tal abordagem ocorre devido a pretensão de Alcibíades de participar do governo da cidade, que leva Sócrates a lhe propor a seguinte questão: se Alcibíades tivesse que escolher, por determinação divina, continuar vivo com o que presentemente possui, ou morrer caso não pudesse aumentar seu cabedal? Por certo que Alcibíades escolheria a morte (OPA, 105a). Ora, se Alcibíades possui tal ambição e pretende dedicar-se ao governo da cidade, por certo que terá que enfrentar os inimigos que suas ambições lhe irão opor, ou seja, terá de enfrentar os inimigos da cidade para que possa conquistar o vasto cabedal a qual ambiciona. Assim passa-se ao exame das capacidades de Alcibíades e de seus inimigos, a fim de verificar se Alcibíades tem condições de sobrepujar seus inimigos e levar à termo suas ambições. Alcibíades possui riqueza, descendência, no sentido de possuir os deuses como guardiões, e educação inferior à de seus inimigos (OPA, 120e- 124b).Esta é a introdução à reflexão do conhecimento de Si no diálogo. Após determinado que Alcibíades não possui capacidade suficiente para cumprir com sua ambição e bem governar a cidade, Sócrates o adverte usando a inscrição Délfica ―conhece-te a ti mesmo‖, buscando fazer com que Alcibíades conheça sua limitação e incapacidade, e que reconheça que só será possível alcançar seus objetivos se ele se dedicar ao conhecimento, pois apenas pela indústria e pelo saber lhe será possível sobrepujar seus inimigos (OPA, 124b). Então o primeiro sentido atribuído à reflexão do conhecimento de Si é o do retorno a si mesmo a fim de realizar uma análise crítica para conseguir conhecer a situação real a que se encontra, ou seja, quais são suas limitações e capacidades. Verificou-se que a reflexão do conhecimento de Si emerge da necessidade de conhecer a Si mesmo para ficar ciente de suas limitações e capacidades para superá-las. Ora, é necessário que Alcibíades ocupe-se consigo mesmo para deixar a condição serviu e consiga levar à termo sua ambição. Todavia, desta reflexão surge o segundo momento da questão do Si, que é, justamente, a pergunta qual é o Si ao qual devemos conhecer e ocupar-nos? A inscrição Délfica manda que se deve buscar o conhecimento de Si, todavia, ela não determina o que seja este Si. Ora, se I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 não sabemos qual é o Si que devemos conhecer e nos ocupar, podemos correr o risco de nos dedicarmos a algo adverso à própria essência deste Si. Nesta perspectiva, surge a questão do que é o homem? Identificando o homem com o Si da questão. Na investigação sobre a natureza do homem, levantam-se três hipóteses: o homem pode ser, corpo, alma ou a união ente eles (OPA, 130 a). É refutada a primeira e a terceira hipótese, sendo admitida a segunda como a hipótese correta, de modo que o homem, o Si da questão, é alma (OPA, 130c). Dos momentos da problemática do Si, surge a questão da Liberdade como sendo um mandamento necessário ao governante, que para libertar-se é necessário dedicar-se ao conhecimento e ao cuidado de Si. A questão da Liberdade, tal como no primeiro momento da problemática do Si, se mostra como sendo a superação das suas limitações, para que a alma, tal como o segundo momento da problemática do Si, possa passar ao nível do governo, resultado alcançado somente no final do diálogo, e libertar-se das condições servis (OPA, 135b - 135e). Referências PLATÃO. Fedro, Cartas; O Primeiro Alcibíades. Tradução de Carlos Alberto Nunes. Belém: UFPA, 1975. PLATON. Oeuvres complètes. Traduction nouvelle et notes par Léon Robin. Paris: Pléiade, 1950. (2 vols). PLATON. Alcibiade. Texte établi et traduit par Léon Robin. 4. Ed. Paris: Belles Letres, 1949. I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página3

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

não sabemos qual é o Si que devemos conhecer e nos ocupar, podemos correr o<br />

risco de nos dedicarmos a algo adverso à própria essência deste Si. Nesta<br />

perspectiva, surge a questão <strong>do</strong> que é o homem? Identifican<strong>do</strong> o homem com o Si<br />

da questão. Na investigação sobre a natureza <strong>do</strong> homem, levantam-se três<br />

hipóteses: o homem pode ser, corpo, alma ou a união ente eles (OPA, 130 a). É<br />

refutada a primeira e a terceira hipótese, sen<strong>do</strong> admitida a segunda como a hipótese<br />

correta, de mo<strong>do</strong> que o homem, o Si da questão, é alma (OPA, 130c).<br />

Dos momentos da problemática <strong>do</strong> Si, surge a questão da Liberdade como sen<strong>do</strong><br />

um mandamento necessário ao governante, que para libertar-se é necessário<br />

dedicar-se ao conhecimento e ao cuida<strong>do</strong> de Si. A questão da Liberdade, tal como<br />

no primeiro momento da problemática <strong>do</strong> Si, se mostra como sen<strong>do</strong> a superação das<br />

suas limitações, para que a alma, tal como o segun<strong>do</strong> momento da problemática <strong>do</strong><br />

Si, possa passar ao nível <strong>do</strong> governo, resulta<strong>do</strong> alcança<strong>do</strong> somente no final <strong>do</strong><br />

diálogo, e libertar-se das condições servis (OPA, 135b - 135e).<br />

Referências<br />

PLATÃO. Fedro, Cartas; O Primeiro Alcibíades. Tradução de Carlos Alberto Nunes.<br />

Belém: UFPA, 1975.<br />

PLATON. Oeuvres complètes. Traduction nouvelle et notes par Léon Robin. Paris:<br />

Pléiade, 1950. (2 vols).<br />

PLATON. Alcibiade. Texte établi et traduit par Léon Robin. 4. Ed. Paris: Belles<br />

Letres, 1949.<br />

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