Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />
I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
tal, compreende a natureza <strong>do</strong> Mesmo e a <strong>do</strong> Outro em uma estrutura harmônica<br />
(35a). De acor<strong>do</strong> com essa estrutura, que se determina sobretu<strong>do</strong> pelo grau de<br />
resistência que no caso da Alma <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> se opera na mescla <strong>do</strong> Mesmo e <strong>do</strong><br />
Outro, pode-se dizer, a título de exemplo, que enquanto a Alma humana se<br />
caracteriza pelo Outro mais Mesmo/2, mais Outro/2, a Alma <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> se caracteriza<br />
pelo Mesmo mais o Outro mais Mesmo/2, mais Outro/2; razão pela qual esta é<br />
capaz de suportar melhor que aquela a resistência <strong>do</strong> Outro, o ordenan<strong>do</strong> segun<strong>do</strong> o<br />
Mesmo, <strong>do</strong> qual falta uma parcela na primeira, fazen<strong>do</strong>-a mais suscetível à variação<br />
e à mudança (35b). Em vista disso, a Alma <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> possui uma significação<br />
astronômica que, como tal, funda a própria coexistência <strong>do</strong> movimento <strong>do</strong> círculo<br />
exterior <strong>do</strong> céu, que não é senão o movimento <strong>do</strong> Mesmo e se orienta no senti<strong>do</strong> de<br />
um paralelogramo, da esquerda para a direita, e o círculo interior, que não é senão o<br />
movimento <strong>do</strong> Outro e se orienta segun<strong>do</strong> a diagonal, ou da direita para a esquerda<br />
(36c), demonstran<strong>do</strong> assim a união de ambos segun<strong>do</strong> a aceitação de um modelo<br />
eterno. Ainda de acor<strong>do</strong> com Platão, ao termo da criação da Alma <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong>,<br />
através de uma precipitação divina, lhe foi dada vida racional e inextinguível,<br />
fazen<strong>do</strong> assim com que, mediante sua função motriz, nascesse de um la<strong>do</strong> o corpo<br />
visível <strong>do</strong> céu e de outro, como partícipe <strong>do</strong> cálculo e da harmonia, o invisível ou a<br />
própria Alma, ―a mais bela das realidades engendradas pelo melhor <strong>do</strong>s seres<br />
inteligíveis que são eternamente‖ (37a). Por isso, no que concerne a sua função<br />
cognitiva, a Alma <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> se move por si mesma em círculo, retornan<strong>do</strong> sempre<br />
sobre si mesma; bem como, ao entrar em contato com um objeto, seja a substância<br />
deste divisível ou indivisível, ela proclama, moven<strong>do</strong>-se, através de to<strong>do</strong> o seu<br />
próprio ser, a que substância tal objeto é idêntico e de que substância ele se<br />
diferencia; o que ocorre pela intelecção e a ciência (ibid.).<br />
Enfim, pode-se dizer que a Alma <strong>do</strong> Mun<strong>do</strong> se apresenta como um objeto<br />
multifaceta<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> ao mesmo tempo considerada no âmbito da dialética, da<br />
harmônica e da astronômica; apresentan<strong>do</strong>-se ainda como princípio motor e<br />
princípio cognitivo não só em si mesma, mas também daquilo que ela envolve, vale<br />
I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />
II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />
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