Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

fappr.pr.gov.br
from fappr.pr.gov.br More from this publisher
19.04.2013 Views

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 DA POSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO DO CARÁTER MORAL EM KANT Palavras-Chave: Kant, Caráter, Moral, Antropologia, Formação Carlos Eduardo Neres Lourenço Mestrando PUC/PR Orientador: Prof. Dr. Daniel Omar Perez lourenço@sociedadedeadvogados.com.br Kant tem verdadeira preocupação com a formação do caráter moral do ser humano, e tal preocupação é visível em toda sua obra. Em sua obra Antropologia, ao falar em sinais distintivos do homem como ser natural, a estes dá o nome de Caráter Físico. Já como ser racional, aos sinais que distinguem o homem como ser provido de liberdade nomina-se Caráter Moral. O objetivo do presente trabalho é tão somente indagar da possibilidade de que o caráter moral do ser racional finito, no pensamento kantiano, seja formado por algum processo exógeno em contraponto à possibilidade de que este caráter seja inato. Para os objetivos do presente trabalho consideraremos tão somente a idéia de um caráter moralizado, ou um bom caráter numa abordagem coloquial. Kant, já na Critica da razão pura volta sua atenção às questões tocantes à formação deste caráter moral do caráter ou do caráter do ser racional finito. Na obra o filósofo já trata dos problemas e desordens que uma má formação ou falta de desenvolvimento ou cultivo causa à sociedade. Utilizando uma ―ação de arbítrio,..., uma mentira maldosa, mediante a qual um homem trouxe uma certa confusão à sociedade 1 ” como exemplo, o pensador sentencia. 1 (Werke. Band IV. p. 503) Seja examinada em primeiro lugar, quanto às motivações a partir das quais emergiu e, em seguida, julga-se como ela pode ser imputada ao agente juntamente com suas consequências. Com o primeiro propósito, remonta-se o seu caráter empírico às suas fontes, as quais serão detectadas numa I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página1

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 educação defeituosa, em más companhias, em parte também na malignidade de uma índole insensível à vergonha; (KANT, I, 1983, pg. 281). 1 (Grifo nosso) Verifica-se com clareza que o autor não poupa reprovação ao ato mentiroso causador de danos a sociedade. Ainda deixa claro que as fontes empíricas da atitude reprovável remetem à uma educação defeituosa, uma má formação educativa. É visível que o autor remete a um caráter moral mal formado. Ele repudia o ato como imoral, evidenciando no ato um caráter mal formado e atribui um nexo de causalidade entre este e uma educação defeituosa. Contrário senso, é possível afirmar que o autor deixa antever que uma boa educação agregada a alguns outros elementos, pode produzir um caráter moralizado, móbil de ações morais. Ele confirma a possibilidade de formação do caráter moral a partir de mecanismos externos, exógenos. Na segunda Crítica, mais uma vez ele aborda o assunto da formação do caráter moral ao levantar as orientações preparatórias fundamentais para que o homem ainda não formado possa tornar-se receptivo à moral pura. Tratando da “metodologia da razão prática” (Methodenlehre), exemplificamos, ele salienta que a mesma é “o modo como se pode proporcionar às leis da razão prática pura acesso ao ânimo humano, de modo a provocar uma influência sobre as máximas do mesmo, isto é, como se pode fazer a razão objetivamente prática também subjetivamente prática”. (Kant, 2002, p.239). 2 1 [...] so nehme nam eine willkürliche Handlung, z. E. Eine boshafte Lüge, durch die ein Mensch eine gewise Verwirrung in die Gesellschaft gebracht hat, un die man zuerst ihren Bewegurschen nach, woraus sie entstanden, untersucht, und darauf beurteilt, wie sie samt ihrem Folgen ihm zugerechnet weden könne. In der ersten Absicht geht man seine empirischen Charakter bis zu dem Quellen desselben durch, die man ir der shlechten Erziehung, über Gesellschaft, zum Teil auch in der Bösartigkeit eines für Beschämung unempfindlichen Naturells, aussuchtz, zum Teil auf den Leichtasinn und Unbesonnenheit scheit; wobei man denn die veranlassenden Gelegenheitsursachen nicht aus der Acht läβt. In allen diesem verfährt man, wie überhaupt in Untersuchung der Reihe bestimmender Ursachen zu einer gegedadurch Narturwirkung. (Werke. Band IV. p. 503). 2 Viekmehr wird unter dieser Methodenlehre die Art verstanden, wie man den Gesetzen der reinen praktischen Vernunft Eingangang in das menschliche Gemüt, Einflub auf die Maximem desselbem I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

DA POSSIBILIDADE DE FORMAÇÃO DO CARÁTER MORAL EM KANT<br />

Palavras-Chave: Kant, Caráter, Moral, Antropologia, Formação<br />

Carlos Eduar<strong>do</strong> Neres Lourenço<br />

Mestran<strong>do</strong> PUC/PR<br />

Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Daniel Omar Perez<br />

lourenço@sociedadedeadvoga<strong>do</strong>s.com.br<br />

Kant tem verdadeira preocupação com a formação <strong>do</strong> caráter moral <strong>do</strong> ser humano,<br />

e tal preocupação é visível em toda sua obra. Em sua obra Antropologia, ao falar em<br />

sinais distintivos <strong>do</strong> homem como ser natural, a estes dá o nome de Caráter Físico.<br />

Já como ser racional, aos sinais que distinguem o homem como ser provi<strong>do</strong> de<br />

liberdade nomina-se Caráter Moral.<br />

O objetivo <strong>do</strong> presente trabalho é tão somente indagar da possibilidade de que o<br />

caráter moral <strong>do</strong> ser racional finito, no pensamento kantiano, seja forma<strong>do</strong> por algum<br />

processo exógeno em contraponto à possibilidade de que este caráter seja inato.<br />

Para os objetivos <strong>do</strong> presente trabalho consideraremos tão somente a idéia de um<br />

caráter moraliza<strong>do</strong>, ou um bom caráter numa abordagem coloquial.<br />

Kant, já na Critica da razão pura volta sua atenção às questões tocantes à formação<br />

deste caráter moral <strong>do</strong> caráter ou <strong>do</strong> caráter <strong>do</strong> ser racional finito. Na obra o filósofo<br />

já trata <strong>do</strong>s problemas e desordens que uma má formação ou falta de<br />

desenvolvimento ou cultivo causa à sociedade. Utilizan<strong>do</strong> uma ―ação de arbítrio,...,<br />

uma mentira mal<strong>do</strong>sa, mediante a qual um homem trouxe uma certa confusão à<br />

sociedade 1 ” como exemplo, o pensa<strong>do</strong>r sentencia.<br />

1 (Werke. Band IV. p. 503)<br />

Seja examinada em primeiro lugar, quanto às motivações a partir das quais<br />

emergiu e, em seguida, julga-se como ela pode ser imputada ao agente<br />

juntamente com suas consequências. Com o primeiro propósito, remonta-se<br />

o seu caráter empírico às suas fontes, as quais serão detectadas numa<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

Página1

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!