19.04.2013 Views

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

Tenha a coragem de te servir de teu próprio entendimento! Eis a divisa <strong>do</strong><br />

Aufklärung.‖ 1<br />

Assim, Foucault nos apresenta um Kant que tenta responder a sua época,<br />

diagnosticar aquilo que estava acontecen<strong>do</strong>, mostran<strong>do</strong> o preço a se pagar pelo uso<br />

de se pensar por si mesmo, ou pensar por pensar (embora fale especificamente <strong>do</strong><br />

uso da faculdade <strong>do</strong> entendimento no artigo, usa a expressão räzonieren, isto é,<br />

raciocinar por raciocinar). Se para Kant o Esclarecimento (Aufklärung) era seu<br />

momento presente, uma resposta (uma solução) para um questionamento da sua<br />

época, para Foucault serve de signo daquilo que o texto anuncia, isto é, a sua<br />

originalidade, ou um novo mo<strong>do</strong> de filosofar, de pensar. Kant sinaliza um momento<br />

de ruptura, um limite, ou uma máxima que serve de divisa para a sua época, ou<br />

melhor, para a vontade de sua época. Máxima que induz coragem para deixar de ser<br />

aquilo que se é.<br />

Deste mo<strong>do</strong>, Kant define no começo <strong>do</strong> seu artigo: ―Aufklärung é a saída <strong>do</strong> homem<br />

da sua menoridade de que ele próprio é culpa<strong>do</strong>.‖ 2 Aufklärung que não é uma época<br />

determinada, - ―A Aufklärung‖. Mas ela é um resulta<strong>do</strong>, uma saída de um esta<strong>do</strong><br />

para outro. A minoridade kantiana é para Foucault fruto de um excesso de<br />

autoridade e de falta de coragem. Para sair de seu esta<strong>do</strong> de minoridade, deve-se<br />

ousar, e, assim, permitir se conduzir e governar por si mesmo. O que está em jogo<br />

na mudança de um esta<strong>do</strong> para o outro é o fato de poder pensar, orientar-se por si<br />

mesmo. Pensar por si mesmo é a saída da minoridade, tanto quanto um<br />

desprendimento, pois muda-se a relação com os outros (através de um público),<br />

implican<strong>do</strong> uma mudança consigo. Pensar por si mesmo não é uma consciência ou<br />

um desejo de se conduzir de outra forma. É muito mais uma crítica, é um outro mo<strong>do</strong><br />

de pensar aquilo que é o nosso presente.<br />

1 KANT, Immanuel. "Beantwortung der Frange: Was ist Aufklärung?". In: Schriften zur Anthropologie,<br />

Geschichtsphilosophie, Politik und Pädagogik (Band 9). Werke in zehn Bänden. Herausgegeben von<br />

Wilhelm Weischedel. Darmstadt: Wissenschaftliche Buchgesellschaft, 1983, p.53. (tradução<br />

portuguesa in: "Resposta à pergunta: que é o Iluminismo?". A paz perpétua e outros opúsculos.<br />

Lisboa: Edições 70, 2004, p.11.)<br />

2 Id.<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

Página3

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!