Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

fappr.pr.gov.br
from fappr.pr.gov.br More from this publisher
19.04.2013 Views

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 FOUCAULT COM KANT Fernando Padrão de Figueiredo Mestrando - PPGF – UFRJ/ Bolsista do CNPq Orientador: Prof. DR. Guilherme Castelo Branco fepadrao@hotmail.com Palavras-chave: Foucault; Kant; Aufklärung; Estética da existência; Filosofia política. Este trabalho tem a intenção de apresentar e aproximar dois autores, considerados por uma certa tradição, muito distantes um do outro. Kant e Foucault, dois pensadores que percorrem caminhos muito específicos na história do pensamento. Foucault com Kant. Esta é uma das hipóteses da comentadora Mariapaola Fimiani, na qual diz que o texto foucaultiano pode ser considerado como uma reescritura do texto kantiano. Assim, pode se dizer que aquele é um palimpsesto deste. (Cf. FIMIANI, 1998) Desta maneira, a intenção é, a partir de Foucault, estudar o jogo da tutela e da liberdade, explicitado no texto kantiano, como resposta à pergunta feita pelo pastor Zöllner, em 1783: O que é o Iluminismo? Liberdade (maioridade) e tutela (minoridade), jogo que implica a constituição do indivíduo como um sujeito autônomo e do jogo da verdade como a coragem de dizê-la. A temática do Iluminismo (Aufklärung) será o ponto central das análises, a possibilidade real de pensar Kant com Foucault, pois para este aquele é seu maior representante. Eis o que nos diz Foucault a respeito: Penso que a Aufklärung, como conjunto de acontecimentos políticos, econômicos, sociais, institucionais, culturais dos quais somos ainda em grande parte I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página1

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 dependentes, constitui um domínio de análise privilegiado. Penso também que, como empreendimento para ligar por um laço de relação direta o progresso da verdade e a história da liberdade, ela formulou uma questão filosófica que ainda permanece colocada para nós. Penso, enfim – tentei mostrá-lo a propósito de Kant -, que ela constitui uma certa maneira de filosofar. (FOUCAULT, 2005: 1390) Entre Foucault e Kant, a questão do Iluminismo, problematizando a liberdade e o que ela envolve, ou seja, uma luta nos jogos (ou regimes) de verdade, onde o sujeito se constitui como sujeito livre, e a estratégia de poder dizê-la. Minoridade e liberdade para se pensar o problema de uma ética, a questão da transformação e retorno ao si. Ética que o último Foucault pensou como estética da existência, isto é, ―[...] o problema de uma ética, como forma a dar a sua conduta e a sua vida, é novamente posta.‖ (FOUCAULT, 2005: 1493) E estética que é transformação de si, possibilitado por um retorno ao si, a vida, a existência, como lugar de elaboração, criação e invenção. Assim, entende a estética como ―[...] uma forma de estetismo – e por isto‖, diz, ―eu entendo a transformação de si.‖ (FOUCAULT, 2005: 1354) É a partir da última fase da filosofia de Foucault (1978-1984), que este trabalho tem o propósito de apresentar. Um dos textos centrais para a aproximação de Kant e Foucault é o texto intitulado Qu‟est-ce que les Lumières? Este é especificamente um artigo, escrito para a Magazine littéraire, em dezembro de 1984. (FOUCAULT, 2005) Que também é resultado de uma aula dada no Collège de France em 1983, e reescrita para a mesma revista neste mesmo ano, com o mesmo título, Qu‟est-ce que les Lumières?. 1 No artigo, de 1984, Qu‟est-ce que les Lumières?, Foucault apóia as suas reflexões no artigo de Kant, de 1784, intitulado de Beantwortung der Frange: Was ist Aufklärung?, onde problematizará o custo de dizer a verdade (ou seja, a sua coragem), como a possibilidade real para se constituir como sujeito livre, autônomo. Kant, logo no início do seu texto, desafia seu momento presente: ―Sapere aude! 1 As aulas se encontram no curso, intitulado de Le Gouvernement de soi et des autres : cours au Collège de France (1982-1983). Já o artigo está presente nos Dits et Écrits II, 1976-1988. I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

dependentes, constitui um <strong>do</strong>mínio de análise privilegia<strong>do</strong>. Penso também que,<br />

como empreendimento para ligar por um laço de relação direta o progresso da<br />

verdade e a história da liberdade, ela formulou uma questão filosófica que ainda<br />

permanece colocada para nós. Penso, enfim – tentei mostrá-lo a propósito de Kant -,<br />

que ela constitui uma certa maneira de filosofar. (FOUCAULT, 2005: 1390)<br />

Entre Foucault e Kant, a questão <strong>do</strong> Iluminismo, problematizan<strong>do</strong> a liberdade e o<br />

que ela envolve, ou seja, uma luta nos jogos (ou regimes) de verdade, onde o sujeito<br />

se constitui como sujeito livre, e a estratégia de poder dizê-la. Minoridade e<br />

liberdade para se pensar o problema de uma ética, a questão da transformação e<br />

retorno ao si. Ética que o último Foucault pensou como estética da existência, isto é,<br />

―[...] o problema de uma ética, como forma a dar a sua conduta e a sua vida, é<br />

novamente posta.‖ (FOUCAULT, 2005: 1493) E estética que é transformação de si,<br />

possibilita<strong>do</strong> por um retorno ao si, a vida, a existência, como lugar de elaboração,<br />

criação e invenção. Assim, entende a estética como ―[...] uma forma de estetismo – e<br />

por isto‖, diz, ―eu enten<strong>do</strong> a transformação de si.‖ (FOUCAULT, 2005: 1354)<br />

É a partir da última fase da filosofia de Foucault (1978-1984), que este trabalho tem<br />

o propósito de apresentar. Um <strong>do</strong>s textos centrais para a aproximação de Kant e<br />

Foucault é o texto intitula<strong>do</strong> Qu‟est-ce que les Lumières? Este é especificamente um<br />

artigo, escrito para a Magazine littéraire, em dezembro de 1984. (FOUCAULT, 2005)<br />

Que também é resulta<strong>do</strong> de uma aula dada no Collège de France em 1983, e<br />

reescrita para a mesma revista neste mesmo ano, com o mesmo título, Qu‟est-ce<br />

que les Lumières?. 1<br />

No artigo, de 1984, Qu‟est-ce que les Lumières?, Foucault apóia as suas reflexões<br />

no artigo de Kant, de 1784, intitula<strong>do</strong> de Beantwortung der Frange: Was ist<br />

Aufklärung?, onde problematizará o custo de dizer a verdade (ou seja, a sua<br />

coragem), como a possibilidade real para se constituir como sujeito livre, autônomo.<br />

Kant, logo no início <strong>do</strong> seu texto, desafia seu momento presente: ―Sapere aude!<br />

1 As aulas se encontram no curso, intitula<strong>do</strong> de Le Gouvernement de soi et des autres : cours au<br />

Collège de France (1982-1983). Já o artigo está presente nos Dits et Écrits II, 1976-1988.<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

Página2

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!