Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 idealismo: há a concepção de nós mesmos e esta é certa, segundo nosso autor; porém, diferentemente dos idealistas materiais, Kant não implicará daí a impossibilidade de demonstração da realidade exterior, pelo contrário: concedendo este pressuposto, a saber, a certeza de nossa própria experiência interna, buscará implicar a necessidade de algo exterior a nós mesmos que fundamente esta certeza. Para isso, Kant utilizará de dois pressupostos, a saber, o de que toda experiência é determinada no tempo e o de que em toda mudança dos fenômenos, ou seja, toda sucessão objetiva no tempo só pode ser determinada sob a condição de uma substância que permanece, o que nada mais é do que o princípio da permanência da substância exposto por nosso autor na primeira analogia da experiência, num momento anterior da obra a qual analisamos. O uso destes pressupostos por nosso autor implicará, como não poderia deixar de ser, em considerações acerca de suas formulações, ainda que a amplitude das possibilidades de considerações desta qualidade não permita um aprofundamento maior, sob a pena de discorrermos excessivamente sobre pontos não diretamente relacionados a nosso trabalho ou pontos que não poderiam ser alcançados no âmbito de uma comunicação. Portanto, procuramos apresentar os conceitos chave utilizados por Kant sempre pautando-nos pela estrita relação destes conceitos com a refutação do idealismo, o que nos leva a admitir a necessidade de estudos posteriores para complementar de maneira satisfatória nossa pesquisa. No que concerne ao primeiro pressuposto, a consideração da experiência como determinação do tempo, nos remeteremos à estética transcendental para compreendermos como o conceito de tempo é apresentado por Kant e porque ele condiciona a experiência. Correlato do espaço, o tempo será demonstrado como uma condição de possibilidade da experiência enquanto intuição pura, necessária para que se tenham as intuições empíricas provenientes de nossas apreensões: ―(...)uma representação necessária, a priori, que fundamenta todas as intuições externas‖ (CRP, A 24). Toda intuição sensível gerará uma representação, que por sua vez será temporalmente determinada. Quanto ao segundo pressuposto, será necessário uma ida à primeira analogia da I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 experiência, onde Kant estabelece a necessidade de um elemento permanente que subjaza à noção de mudança enquanto sucessão temporal objetiva. Segundo Kant, a consciência que temos de sucessão e simultaneidade pressupõe algo que seja permanente, e este algo deve ser diferente do próprio tempo, já que não o percebemos em si mesmo. Este algo permanente, que virá a ser a matéria, será o correlato do próprio tempo na experiência. É assim que chegará à noção de substância do fenômeno como permanente, tomando-o como substrato de toda mudança. Estabelecidos estes dois pressupostos, Kant implica a necessidade de um elemento espacial, a matéria, pois este será a única possibilidade aceitável de permanente para as ditas representações, inclusive para aquelas que temos de nós mesmos, ou, se preferir-se, de nossa existência. Do conhecimento de nossa existência aceita pelos idealistas materiais problemáticos, como Descartes, chegar- se-á à necessidade do real no espaço. Passa-se, então, deste idealismo dito material para um idealismo transcendental, onde o sujeito não é mais a única certeza que se tem, em detrimento da realidade exterior, e sim possui nele as condições de conhecimento (garantindo-lhe um abrigo contra os realistas), que se relacionam necessariamente com um mundo externo a ele, outorgando realidade objetiva a este mundo (aqui cai por terra o idealismo cartesiano). Bibliografia KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. 6ª Ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2008. I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página3

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

experiência, onde Kant estabelece a necessidade de um elemento permanente que<br />

subjaza à noção de mudança enquanto sucessão temporal objetiva. Segun<strong>do</strong> Kant,<br />

a consciência que temos de sucessão e simultaneidade pressupõe algo que seja<br />

permanente, e este algo deve ser diferente <strong>do</strong> próprio tempo, já que não o<br />

percebemos em si mesmo. Este algo permanente, que virá a ser a matéria, será o<br />

correlato <strong>do</strong> próprio tempo na experiência. É assim que chegará à noção de<br />

substância <strong>do</strong> fenômeno como permanente, toman<strong>do</strong>-o como substrato de toda<br />

mudança. Estabeleci<strong>do</strong>s estes <strong>do</strong>is pressupostos, Kant implica a necessidade de<br />

um elemento espacial, a matéria, pois este será a única possibilidade aceitável de<br />

permanente para as ditas representações, inclusive para aquelas que temos de nós<br />

mesmos, ou, se preferir-se, de nossa existência. Do conhecimento de nossa<br />

existência aceita pelos idealistas materiais problemáticos, como Descartes, chegar-<br />

se-á à necessidade <strong>do</strong> real no espaço. Passa-se, então, deste idealismo dito<br />

material para um idealismo transcendental, onde o sujeito não é mais a única<br />

certeza que se tem, em detrimento da realidade exterior, e sim possui nele as<br />

condições de conhecimento (garantin<strong>do</strong>-lhe um abrigo contra os realistas), que se<br />

relacionam necessariamente com um mun<strong>do</strong> externo a ele, outorgan<strong>do</strong> realidade<br />

objetiva a este mun<strong>do</strong> (aqui cai por terra o idealismo cartesiano).<br />

Bibliografia<br />

KANT, Immanuel. Crítica da Razão Pura. 6ª Ed. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2008.<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

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