Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 UMA LEITURA DE GÓRGIAS, DE PLATÃO Palavras-chave: retórica, persuasão, justiça, verdade, felicidade. Patrícia dos Santos Pinto - IESSA sppati10@gmail.com Maristela Carneiro - IESSA grifinoria15@hotmail.com Ateniense, Platão (427 a.C – 347 a.C) nos transmitiu a maior parte do seu pensamento por intermédio dos seus escritos dialógicos, onde é figura recorrente o personagem Sócrates, do qual Platão foi discípulo durante a juventude. Ao discutir temas múltiplos, tais como a imortalidade e o destino, a educação do indivíduo para a justiça em si mesmo e na cidade e, até mesmo, o desejo amoroso e o movimento imanente da alma; a filosofia platônica certamente não era um sistema fechado, mas manifestava-se por intermédio do diálogo filosófico inquisitivo, a partir de situações concretas. Na filosofia platônica a correspondência com a realidade se encontra num método para se atingir o ideal, pela superação do senso comum como resposta a uma situação histórica ilegítima e injusta, colocando-se como motor de transformação da realidade. No diálogo Górgias, podemos notar um momento de luta política em oposição à sofística, que ensinava a arte de convencimento por intermédio de manipulações de crenças e interesses. Nos diálogos, Platão propunha-se à percepção da essência das coisas, a natureza do objeto em pauta. De conteúdo que nos é contemporâneo, ―Górgias, ou da retórica‖, a partir da discussão em torno da retórica, como o próprio nome indica, equaciona um complexo de questões: ―princípios de actuação dos homens do Estado, natureza e I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página1
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 função da propaganda política, crise dos valores tradicionais, ideal de realização humana.‖ (PULQUÉRIO, p. 9) Em uma sociedade fechada, como a ateniense de Platão, as relações entre os indivíduos eram possibilitadas através do domínio da lei, com o reconhecimento efetivo dos direitos de cada um, expressamente definidos pelo acordo geral. E é a função da lei, como definidora de limites, segundo Pulquério, que é colocada como objeto de controvérsia no diálogo. ―Sempre os limites provocaram alguns homens à aventura da transgressão.‖ (PULQUÉRIO, p. 10) Podemos dividir ―Górgias‖ em três partes essenciais, de acordo com os principais interlocutores de Sócrates: Górgias, Polo e Cálicles, respectivamente, além da introdução e do epílogo. Para Górgias, a retórica é a ciência dos discursos; toda a ação e a eficácia desta ciência se realizam por intermédio da palavra, dos discursos, sobretudo os de caráter jurídico e político. Ainda, proporciona a quem os possui liberdade para si e domínio sobre os demais. A retórica, destarte, define-se para o interlocutor como a capacidade de persuasão, ou seja, não se define por aquilo que é, mas sim pelos efeitos que provoca, considerando-se que esta arte permite persuadir o público sobre a verdade e a justiça de um dado posicionamento, independentemente da mesma ser de fato verdadeira ou falsa, justa ou injusta. Isto posto, ―a retórica é obreira da persuasão que gera a crença, não o saber, sobre o justo e o injusto.‖ (p.40) Ao prescindir do conhecimento, é uma arte da verossimilhança, posto que as palavras não manifestam a verdade das coisas, pois o seu uso na retórica não tem em vista exprimir o que as coisas são, mas antes provocar emoções e sentimentos nos ouvintes. Em suma, para Sócrates a retórica, enquanto técnica, cuja função é apenas persuadir as pessoas, conforme aduz Górgias, não serve para ensinar ou produzir o verdadeiro conhecimento. I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2
- Page 207 and 208: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 209 and 210: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 211 and 212: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 213 and 214: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 215 and 216: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 217 and 218: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 219 and 220: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 221 and 222: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 223 and 224: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 225 and 226: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 227 and 228: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 229 and 230: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 231 and 232: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 233 and 234: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 235 and 236: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 237 and 238: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 239 and 240: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 241 and 242: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 243 and 244: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 245 and 246: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 247 and 248: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 249 and 250: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 251 and 252: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 253 and 254: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 255 and 256: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 257: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 261 and 262: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 263 and 264: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 265 and 266: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 267 and 268: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 269 and 270: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 271 and 272: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 273 and 274: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 275 and 276: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 277 and 278: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 279 and 280: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 281 and 282: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 283 and 284: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 285 and 286: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 287 and 288: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 289 and 290: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 291 and 292: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 293 and 294: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 295 and 296: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 297 and 298: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 299 and 300: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 301 and 302: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 303 and 304: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 305 and 306: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 307 and 308: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />
I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
UMA LEITURA DE GÓRGIAS, DE PLATÃO<br />
Palavras-chave: retórica, persuasão, justiça, verdade, felicidade.<br />
Patrícia <strong>do</strong>s Santos Pinto - IESSA<br />
sppati10@gmail.com<br />
Maristela Carneiro - IESSA<br />
grifinoria15@hotmail.com<br />
Ateniense, Platão (427 a.C – 347 a.C) nos transmitiu a maior parte <strong>do</strong> seu<br />
pensamento por intermédio <strong>do</strong>s seus escritos dialógicos, onde é figura recorrente o<br />
personagem Sócrates, <strong>do</strong> qual Platão foi discípulo durante a juventude.<br />
Ao discutir temas múltiplos, tais como a imortalidade e o destino, a educação <strong>do</strong><br />
indivíduo para a justiça em si mesmo e na cidade e, até mesmo, o desejo amoroso e<br />
o movimento imanente da alma; a filosofia platônica certamente não era um sistema<br />
fecha<strong>do</strong>, mas manifestava-se por intermédio <strong>do</strong> diálogo filosófico inquisitivo, a partir<br />
de situações concretas.<br />
Na filosofia platônica a correspondência com a realidade se encontra num méto<strong>do</strong><br />
para se atingir o ideal, pela superação <strong>do</strong> senso comum como resposta a uma<br />
situação histórica ilegítima e injusta, colocan<strong>do</strong>-se como motor de transformação da<br />
realidade.<br />
No diálogo Górgias, podemos notar um momento de luta política em oposição à<br />
sofística, que ensinava a arte de convencimento por intermédio de manipulações de<br />
crenças e interesses. Nos diálogos, Platão propunha-se à percepção da essência<br />
das coisas, a natureza <strong>do</strong> objeto em pauta.<br />
De conteú<strong>do</strong> que nos é contemporâneo, ―Górgias, ou da retórica‖, a partir da<br />
discussão em torno da retórica, como o próprio nome indica, equaciona um<br />
complexo de questões: ―princípios de actuação <strong>do</strong>s homens <strong>do</strong> <strong>Esta<strong>do</strong></strong>, natureza e<br />
I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />
II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />
Página1