Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 em relação ao objeto, onde a comunicabilidade entre ambos será de suma importância. O juízo de gosto, no qual a estética kantiana busca explicitar, é a expressão de um modo de representação distinto do teórico. Portanto, não é um juízo fundamentado em conceitos lógicos porque é subjetivo, sendo que o prazer é decorrente da reflexão que o sujeito faz em relação ao objeto, propiciando uma relação entre o intelectual e o sensível. Enquanto no juízo lógico o que importa é a existência do objeto e as qualidades nele inseridas propiciando o conhecimento, no juízo de gosto o objeto não precisa existir, mas apenas estar representado, suscitando a reflexão no sujeito para que o mesmo possa ter como consequência o prazer estético. Sendo assim, o juízo de gosto nada informa sobre o objeto, mas sobre o sentimento do sujeito em relação ao objeto, pois é meramente contemplativo e desinteressado. Na complacência do agrado o prazer está nas satisfações dos desejos e estímulos particulares, naturais e imediatos do sujeito sobre um objeto e por isso, depende da faculdade de apetição. Embora seja possível encontrar no agradável certa unanimidade entre as pessoas no que tange as regras gerais que mudam de acordo com as necessidades da sociedade, essa complacência continua se diferindo das teorias universais que são provadas teoricamente e demonstráveis empiricamente. A complacência no bom também visa um interesse, mas sua mediação é dada na razão o que o difere da complacência no agrado que é mediado pelas sensações e inclinações imediatas dos sentidos. O bom nem sempre é acompanhado de sensações agradáveis, mas visa um fim útil. É importante ressaltar que tanto o agradável como o bom são complacências que visam tal finalidade útil, o que os diferem é que enquanto no primeiro o prazer consiste na satisfação imediata e irracional, no segundo o sujeito conceitua o objeto através do raciocínio lógico e somente posterior a isso emite o julgamento. Mas para pensar no senso comum acerca da beleza expressa no juízo de gosto, é preciso ter em mente que a beleza não pode ser demonstrada como qualidade do objeto porque é um sentimento fundamentado no subjetivismo e não em conceitos objetivos. Nesse caso, o que I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 possibilita e fundamenta essa universalidade em relação ao gosto é o jogo livre entre imaginação e entendimento que o próprio indivíduo realiza ao se comunicar com a obra. O jogo livre, como o próprio nome já sugere, é livre porque não se fundamenta no interesse, nem na utilidade e muito menos em conceitos pré-determinados. Nesse contexto, o entendimento, como faculdade das regras, não submete a imaginação a ele, mas contribui para que a reflexão no juízo de gosto não seja desregrada. Daí a necessidade do entendimento que, ao se relacionar com os conceitos, não permite que o gosto estético seja confundido com o simples agrado das sensações. A imaginação por sua vez, desprovida de conceitos determinantes é produtiva, sendo capaz de manifestar-se e, portanto, ser comunicável. O senso comum estético nasce desse acordo entre a livre imaginação e o entendimento não determinante. Por sua subjetividade, não há possibilidade de prová-lo objetivamente, como acontece no juízo lógico, mas pode-se pressupor sua universalidade devido à universal capacidade do sujeito de realizar o jogo livre das faculdades e obter como consequência o prazer acerca da beleza. Partindo desses pressupostos, pretendo analisar a concepção de Kant no que tange a obra de arte em si, bem como sua produção como obra de um Gênio que é o verdadeiro artista. Kant começa suas distinções no §43 de sua terceira crítica, onde separa a arte da natureza. Enquanto a primeira é obra de uma razão produtiva e, portanto, de um gênio, a segunda é obra do instinto e não deve ser considerada obra de arte. Embora as pessoas considerem que os favos de cera construídos regularmente pelas abelhas sejam arte de uma natureza, isso se trata apenas de uma produção natural, sem ponderação racional. Ao relacionar arte e ciência, o autor enfatiza as principais diferenças entre a arte mecânica e arte estética, sendo essa ultima subdividida ainda em arte agradável e arte bela. Ao expor a importância da arte bela como se fosse natural, ele ressalta o poder essencial do gênio, ou seja, do verdadeiro artista, dotado de uma genialidade que Kant denomina dom natural, fazendo dele um ser único e original. A problemática presente na teoria estética de Immanuel Kant se concentra na tentativa de pensar em um senso comum acerca do belo. Tendo a universalidade I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página3
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I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
possibilita e fundamenta essa universalidade em relação ao gosto é o jogo livre entre<br />
imaginação e entendimento que o próprio indivíduo realiza ao se comunicar com a<br />
obra. O jogo livre, como o próprio nome já sugere, é livre porque não se fundamenta<br />
no interesse, nem na utilidade e muito menos em conceitos pré-determina<strong>do</strong>s.<br />
Nesse contexto, o entendimento, como faculdade das regras, não submete a<br />
imaginação a ele, mas contribui para que a reflexão no juízo de gosto não seja<br />
desregrada. Daí a necessidade <strong>do</strong> entendimento que, ao se relacionar com os<br />
conceitos, não permite que o gosto estético seja confundi<strong>do</strong> com o simples agra<strong>do</strong><br />
das sensações. A imaginação por sua vez, desprovida de conceitos determinantes é<br />
produtiva, sen<strong>do</strong> capaz de manifestar-se e, portanto, ser comunicável. O senso<br />
comum estético nasce desse acor<strong>do</strong> entre a livre imaginação e o entendimento não<br />
determinante. Por sua subjetividade, não há possibilidade de prová-lo objetivamente,<br />
como acontece no juízo lógico, mas pode-se pressupor sua universalidade devi<strong>do</strong> à<br />
universal capacidade <strong>do</strong> sujeito de realizar o jogo livre das faculdades e obter como<br />
consequência o prazer acerca da beleza. Partin<strong>do</strong> desses pressupostos, preten<strong>do</strong><br />
analisar a concepção de Kant no que tange a obra de arte em si, bem como sua<br />
produção como obra de um Gênio que é o verdadeiro artista. Kant começa suas<br />
distinções no §43 de sua terceira crítica, onde separa a arte da natureza. Enquanto<br />
a primeira é obra de uma razão produtiva e, portanto, de um gênio, a segunda é<br />
obra <strong>do</strong> instinto e não deve ser considerada obra de arte. Embora as pessoas<br />
considerem que os favos de cera construí<strong>do</strong>s regularmente pelas abelhas sejam arte<br />
de uma natureza, isso se trata apenas de uma produção natural, sem ponderação<br />
racional. Ao relacionar arte e ciência, o autor enfatiza as principais diferenças entre a<br />
arte mecânica e arte estética, sen<strong>do</strong> essa ultima subdividida ainda em arte<br />
agradável e arte bela. Ao expor a importância da arte bela como se fosse natural, ele<br />
ressalta o poder essencial <strong>do</strong> gênio, ou seja, <strong>do</strong> verdadeiro artista, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de uma<br />
genialidade que Kant denomina <strong>do</strong>m natural, fazen<strong>do</strong> dele um ser único e original.<br />
A problemática presente na teoria estética de Immanuel Kant se concentra na<br />
tentativa de pensar em um senso comum acerca <strong>do</strong> belo. Ten<strong>do</strong> a universalidade<br />
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