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Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

fazer viver e deixar morrer‖ (FOUCAULT, 2000, p.287), o recorte racista que visa<br />

eliminar as impurezas que comprometem a evolução.<br />

O paradigma bio-político da modernidade seria o campo de concentração. Relação<br />

proposta por Agambem para o encontro <strong>do</strong>s pensamentos de Arendt e Foucault.<br />

Para o pensa<strong>do</strong>r, o ponto de flexão entre ambas as obras ocorre quan<strong>do</strong> pensamos<br />

o <strong>do</strong>mínio total sobre a chamada ―vida nua‖ ou ―vida sacra‖, o mo<strong>do</strong> de vida <strong>do</strong> homo<br />

sacer figura <strong>do</strong> direito arcaico romano possui<strong>do</strong>r de uma vida matável e<br />

insacrificável. Sua inclusão consistia para<strong>do</strong>xalmente na sua exclusão, tratan<strong>do</strong>-se<br />

<strong>do</strong> indivíduo excluí<strong>do</strong> da sua cidadania mas presente no ordenamento jurídico como<br />

alguém irrelevante para a sociedade e, portanto, matável, cuja violação por alguém<br />

não caracterizava crime. Sua insacrificabilidade deriva da entrega já realizada aos<br />

deuses quan<strong>do</strong> este fora sacraliza<strong>do</strong>, ou seja, ao ser retirada sua cidadania a sua<br />

vida estava ―nua‖ e entregue aos deuses. Os homens não poderiam sacrificar<br />

alguém cuja vida já era de propriedade divina. Assim, ao pesarmos o <strong>do</strong>mínio total<br />

sobre a ―vida nua‖ desprovida de qualquer proteção jurídica, senão aquela que<br />

define sua própria exclusão, nos remetemos à experiência totalitária <strong>do</strong>s campos de<br />

concentração e sua gestão técnica da vida. O <strong>do</strong>mínio total consistia na destruição<br />

jurídica, moral e pessoal <strong>do</strong> indivíduo. Através da tortura, da humilhação e <strong>do</strong><br />

aniquilamento da esperança soma<strong>do</strong>s a uma legislação racista, o campo tinha sua<br />

pluralidade de indivíduos sistematizada e destruída.<br />

Os campos constituem o paradigma bio-político <strong>do</strong> presente, pois revelam a situação<br />

limite a qual pode chegar a gestão técnica da vida que define a política moderna.<br />

Para Agambem, há, corren<strong>do</strong> sob a modernidade, um elemento oculto comum que<br />

atravessa os regimes totalitários até as modernas democracias de massa, a bio-<br />

política. Deriva desta condição o caráter necessariamente violento da política uma<br />

vez que se define pela intervenção na vida individual para garantir a evolução<br />

coletiva. Esta violência destrói os espaços de poder necessários à democracia.<br />

O animal laborans enquanto definição da existência humana na modernidade<br />

compele a sociedade a entrar em um ciclo vitalista de produção e consumo que<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

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