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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 melhores condições de atuar em sociedade e para tal busca entender uma questão filosófica de fundo: O homem é bom por natureza! A bondade é a condição original; a maldade é adquirida. Desse modo, "antes de ser um tratado pedagógico, o Emílio é um estudo filosófico sobre a bondade natural do homem.‖ (CERIZARA, 1990, p. 26). Nele, têm-se os princípios de uma educação que prima pelo livre desenvolvimento do indivíduo, que busca aperfeiçoar as suas potencialidades a fim de formá-lo para o exercício da liberdade e da autonomia, elementos que proporcionarão uma atuação efetiva no que se refere à organização política da sociedade. Rousseau no Emílio mostra a seqüência, de acordo com princípios naturais, que se deve obedecer para formar a pessoa moralmente autônoma. Se esse modelo fosse seguido e se tornasse universal, surgiria um mundo novo sem corrupção. A tarefa primordial da educação é impedir que a corrupção aconteça, preservando a infância das influências do mundo adulto. Neste particular, tem-se uma "revolução copernicana da educação". Até Rousseau, a teoria e a prática educacionais sempre foram concebidas a partir da ótica do adulto (da experiência cultural, da tradição); Rousseau inverte a perspectiva. Disso deriva o legado rousseauniano à pedagogia moderna: o robustecimento dos sentidos, o ensino prático, o trabalho manual, o estímulo da intuição, a experiência direta da criança com a vida, etc. Rousseau propõe uma educação não preocupada apenas em desenvolver o aspecto individual, mas, sobretudo, o aspecto coletivo, uma vez que o homem deve ser educado para agir em meio à sociedade, aprendendo a conviver com os demais e a priorizar o interesse comum frente aos interesses particulares. O processo educativo deve equilibrar as tensões entre a natureza e a sociedade, posto que Rousseau formula uma educação que insere o homem no mundo da cultura, permitindo que o mesmo siga as orientações estabelecidas pela natureza. O paradoxo da educação de Rousseau, torna-se a pedra de toque para o entendimento de uma interpretação que visualiza uma educação política. (BRITO, 2004, p. 07) Rousseau buscou a compreensão dos fatores que se interpõem entre o indivíduo e a sua I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página4

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 felicidade, a partir do postulado de que o homem, degradado em sua natureza pelo processo histórico de socialização, pode, em princípio, recuperar sua integridade essencial. Rousseau, mais do que desenvolver pensamento sobre educação, formula uma teoria política do estado, onde seus membros são os autênticos depositários do poder. Aqui aparece a relevância de seu pensamento que serve de base para a compreensão da concepção de democracia e estado moderno. Os educadores tradicionais assegura, Rousseau, "procuram sempre o homem, na criança, sem pensarem no que ele é, antes de se tornar homem.". E alerta aos pedagogos: "Começai, pois, por observar melhor os vossos educandos; pois é quase certo que não os conheceis." (ROUSSEAU, 1990, p. 9-10). O impacto causado pelo pensamento de Rousseau se justifica pelas novidades que introduz. 1 Com relação à educação, desafia o modelo jesuítico e combate à idéia da essência. Rousseau "[...] desloca a análise para o social; não se trata de explicar tudo a partir da essência, mas com base na observação dos fatos e na história hipotética do desenvolvimento da humanidade. O que os homens são atualmente eles devem muito mais ao desenvolvimento das relações sociais." (CERIZARA, 1990, p. 31). No Do Contrato Social e no Emílio tem-se uma integração entre política e educação onde se reforça que, diferente das leis da natureza, as leis humanas devem ser reforçadas pela sociedade, através de um processo educativo e político que desperte o apreço pela lei e o correlato crescimento pessoal e moral de cada cidadão, que é impelido pelo desejo moral de seguir a vontade geral e construir uma boa vivência democrática. Referências BRITO, Freitas, Lidiane. A educação política em Rousseau. São Cristovão: UFS, 2004. (Dissertação) CERIZARA, Beatriz. Rousseau: a educação da infância. São Paulo: Scipione, 1990. 1 "Não me agrada encher um livro com coisa que toda a gente sabe" (ROUSSEAU, 1990, p. 9). I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página5

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

melhores condições de atuar em sociedade e para tal busca entender uma questão<br />

filosófica de fun<strong>do</strong>: O homem é bom por natureza! A bondade é a condição original;<br />

a maldade é adquirida. Desse mo<strong>do</strong>, "antes de ser um trata<strong>do</strong> pedagógico, o Emílio<br />

é um estu<strong>do</strong> filosófico sobre a bondade natural <strong>do</strong> homem.‖ (CERIZARA, 1990, p.<br />

26). Nele, têm-se os princípios de uma educação que prima pelo livre<br />

desenvolvimento <strong>do</strong> indivíduo, que busca aperfeiçoar as suas potencialidades a fim<br />

de formá-lo para o exercício da liberdade e da autonomia, elementos que<br />

proporcionarão uma atuação efetiva no que se refere à organização política da<br />

sociedade.<br />

Rousseau no Emílio mostra a seqüência, de acor<strong>do</strong> com princípios naturais, que se<br />

deve obedecer para formar a pessoa moralmente autônoma. Se esse modelo fosse<br />

segui<strong>do</strong> e se tornasse universal, surgiria um mun<strong>do</strong> novo sem corrupção.<br />

A tarefa primordial da educação é impedir que a corrupção aconteça, preservan<strong>do</strong> a<br />

infância das influências <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> adulto. Neste particular, tem-se uma "revolução<br />

copernicana da educação". Até Rousseau, a teoria e a prática educacionais sempre<br />

foram concebidas a partir da ótica <strong>do</strong> adulto (da experiência cultural, da tradição);<br />

Rousseau inverte a perspectiva. Disso deriva o lega<strong>do</strong> rousseauniano à pedagogia<br />

moderna: o robustecimento <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, o ensino prático, o trabalho manual, o<br />

estímulo da intuição, a experiência direta da criança com a vida, etc.<br />

Rousseau propõe uma educação não preocupada apenas em desenvolver o<br />

aspecto individual, mas, sobretu<strong>do</strong>, o aspecto coletivo, uma vez que o<br />

homem deve ser educa<strong>do</strong> para agir em meio à sociedade, aprenden<strong>do</strong> a<br />

conviver com os demais e a priorizar o interesse comum frente aos<br />

interesses particulares. O processo educativo deve equilibrar as tensões<br />

entre a natureza e a sociedade, posto que Rousseau formula uma educação<br />

que insere o homem no mun<strong>do</strong> da cultura, permitin<strong>do</strong> que o mesmo siga as<br />

orientações estabelecidas pela natureza. O para<strong>do</strong>xo da educação de<br />

Rousseau, torna-se a pedra de toque para o entendimento de uma<br />

interpretação que visualiza uma educação política. (BRITO, 2004, p. 07)<br />

Rousseau buscou a compreensão <strong>do</strong>s fatores que se interpõem entre o indivíduo e a sua<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

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