Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 DESMISTIFICANDO A TECNOLATRIA – A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE DE HANS JONAS Vitor Ogiboski Universidade Estadual do Centro-Oeste Palavras-chave: ciência; tecnologia; capitalismo; natureza; ética. Prof. Dr. Elias Dallabrida vitorogbk@hotmail.com O modo de produção hoje dominante, o capitalismo, é fruto da união tecnocientífica. Na gênese de todo esse processo, situa-se a Revolução Industrial e o Iluminismo, que começaram a impor sua lógica instrumental, prometendo organizar as funções sociais, fortalecendo as classes de modo linear. A partir daí, a ideia de que somente a união da ciência com a tecnologia poderia ser a única ferramenta capaz de promover o desenvolvimento social, começou a ser formatada. Porém, hoje podemos concluir que tal ideal não foi capaz de produzir os efeitos esperados e, em muitos casos, acabou até mesmo causando efeitos contrários. Apesar de termos avançado muito na questão tecnocientífica, retrocedemos no que diz respeito à democratização dessas descobertas. Por conta disso, estamos imersos a uma lógica irracional de mercado, que impõe como única possibilidade de sobrevivência a contínua rotina da produção/consumo. Tudo isso, aliado ao crescente contingente populacional, também tem causado intervenções preocupantes na natureza, pois esse modelo de consumo não leva em conta que nossos recursos naturais são finitos. Por isso, busquei apresentar como suporte para esses conflitos, a abordagem da Ética da Responsabilidade, de Hans Jonas, que demonstra sabiamente que as ações humanas tecnologicamente potencializadas são perigosas, podendo até mesmo cessar a vida na terra. Diante disso, constatamos que todo o desenvolvimento tecnológico se mostrou democraticamente nulo, já que I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página1
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 não conseguiu abarcar a totalidade populacional. Se no inicio do desenvolvimento da ciência experimental e do surgimento de aparatos tecnológicos, pensava-se que seria possível desenvolver também uma sociedade menos conflituosa, agora se conclui que talvez essa força tenha se desvirtuado para o contrário do que se esperava dela. A exclusão social torna-se também a exclusão tecnológica, os detentores do poder são os detentores da tecnologia, seja ela de produção de bens de consumo ou de informações. Nessas condições, os problemas também ganham proporções extra-humanas, já que a busca desenfreada pela produção e pelo consumo, aliada ao crescimento do contingente populacional (segundo dados divulgados pela ONU, em 2025 a terra terá entre 7,3 e 10,7 bilhões de habitantes), tem causado destruições irreversíveis na natureza. ―Evidentemente, num mundo de recursos finitos, nenhuma sociedade se sustenta a longo prazo sem enfrentar as dificuldades daí decorrentes‖ (MÉSZÁROS, 2004; 47). O estilo de vida adotado por países do primeiro mundo, e copiado por alguns do terceiro, mostra-se completamente incompatível com os recursos finitos da natureza, que através de tufões, furacões, ciclones, enchentes e terremotos, responde a todas as intervenções mal feitas pelo homem. As alterações feitas pelo homem comprometem principalmente o bem estar das futuras gerações, que muito provavelmente terão que viver com dificuldades, devido ao mal uso que fazemos dos nossos recursos naturais. Hans Jonas, filósofo alemão, dedicou-se ao estudo de uma nova abordagem ética que fosse capaz de garantir vida plena para aqueles que ainda estão por vir. Em sua obra, O Principio da Responsabilidade – Ensaio para uma Ética para a Civilização Tecnológica, o filósofo constitui uma nova abordagem sobre os problemas da modernidade. Para Jonas, é inconcebível que as ações humanas, tecnologicamente potencializadas possam cessar a existência da humanidade na terra. Para ele, a felicidade da geração presente não justifica a infelicidade ou até mesmo a inexistência de futuras gerações. Essas ideias estão impressas em seu imperativo: Age de tal maneira que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida autêntica I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2
- Page 131 and 132: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 133 and 134: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 135 and 136: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 137 and 138: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 139 and 140: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 141 and 142: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 143 and 144: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 145 and 146: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 147 and 148: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 149 and 150: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 151 and 152: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 153 and 154: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 155 and 156: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 157 and 158: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 159 and 160: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 161 and 162: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 163 and 164: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 165 and 166: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 167 and 168: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 169 and 170: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 171 and 172: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 173 and 174: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 175 and 176: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 177 and 178: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 179 and 180: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 181: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 185 and 186: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 187 and 188: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 189 and 190: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 191 and 192: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 193 and 194: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 195 and 196: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 197 and 198: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 199 and 200: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 201 and 202: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 203 and 204: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 205 and 206: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 207 and 208: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 209 and 210: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 211 and 212: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 213 and 214: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 215 and 216: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 217 and 218: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 219 and 220: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 221 and 222: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 223 and 224: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 225 and 226: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 227 and 228: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 229 and 230: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 231 and 232: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />
I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
DESMISTIFICANDO A TECNOLATRIA – A ÉTICA DA RESPONSABILIDADE DE<br />
HANS JONAS<br />
Vitor Ogiboski<br />
Universidade Estadual <strong>do</strong> Centro-Oeste<br />
Palavras-chave: ciência; tecnologia; capitalismo; natureza; ética.<br />
Prof. Dr. Elias Dallabrida<br />
vitorogbk@hotmail.com<br />
O mo<strong>do</strong> de produção hoje <strong>do</strong>minante, o capitalismo, é fruto da união tecnocientífica.<br />
Na gênese de to<strong>do</strong> esse processo, situa-se a Revolução Industrial e o Iluminismo,<br />
que começaram a impor sua lógica instrumental, prometen<strong>do</strong> organizar as funções<br />
sociais, fortalecen<strong>do</strong> as classes de mo<strong>do</strong> linear. A partir daí, a ideia de que somente<br />
a união da ciência com a tecnologia poderia ser a única ferramenta capaz de<br />
promover o desenvolvimento social, começou a ser formatada. Porém, hoje<br />
podemos concluir que tal ideal não foi capaz de produzir os efeitos espera<strong>do</strong>s e, em<br />
muitos casos, acabou até mesmo causan<strong>do</strong> efeitos contrários. Apesar de termos<br />
avança<strong>do</strong> muito na questão tecnocientífica, retrocedemos no que diz respeito à<br />
democratização dessas descobertas. Por conta disso, estamos imersos a uma lógica<br />
irracional de merca<strong>do</strong>, que impõe como única possibilidade de sobrevivência a<br />
contínua rotina da produção/consumo. Tu<strong>do</strong> isso, alia<strong>do</strong> ao crescente contingente<br />
populacional, também tem causa<strong>do</strong> intervenções preocupantes na natureza, pois<br />
esse modelo de consumo não leva em conta que nossos recursos naturais são<br />
finitos. Por isso, busquei apresentar como suporte para esses conflitos, a<br />
abordagem da Ética da Responsabilidade, de Hans Jonas, que demonstra<br />
sabiamente que as ações humanas tecnologicamente potencializadas são<br />
perigosas, poden<strong>do</strong> até mesmo cessar a vida na terra. Diante disso, constatamos<br />
que to<strong>do</strong> o desenvolvimento tecnológico se mostrou democraticamente nulo, já que<br />
I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />
II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />
Página1