Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 precisa submeter-se a esse princípio, qual seria a instância pronta a receber e associar os estímulos oriundos dos diferentes órgãos sensoriais, possibilitando a ocorrência de processos conscientes? No Projeto, bem como nos textos metapsicológicos a ele relacionados, Freud apresenta o neurônio como esta partícula material cujos estados quantitativamente determinados produzem, no psiquismo, os processos relacionados à percepção, à memória e à consciência. É a partir desse dado primitivo que este autor responde ao problema da delimitação da matéria ao interior do pensamento. Pode-se então afirmar que o Projeto descreve a gênese materialista da interioridade sobre a atividade perceptiva deste – o neurônio - que é a ―substância perceptiva do ser vivo‖ (FREUD, 1915/1992, p. 115). No que concerne à epistemologia, então, todo conhecimento possível é empiricamente condicionado pela estrutura básica do neurônio, excluído qualquer conhecimento a priori. O neurônio apresenta-se, na peculiaridade de seu funcionamento, como a estrutura ordenadora das representações possíveis; é ele quem recebe os estímulos provindos das massas em movimento no mundo externo ―numa fórmula de redução desconhecida‖ (Freud, in GABBI JR., 2003, p. 190); é ele que transfere, regido pelo princípio da inércia, a quantidade em curso em seu interior às barreiras de contato pelo caminho conveniente; é ele o portador da memória e das possibilidades de relacionar idéias; é de uma organização neuronal que resulta o eu e sua capacidade de modificar cursos excitativos que, de outra forma, ocorreriam sem inibição, pondo em risco a preservação do organismo inteiro; é ele, por fim mas não por último, que possibilita a percepção de qualidades. Imaginamos com isso ter esboçado a forma como Freud descreve a gênese do psiquismo a partir da materialidade do neurônio. No campo da teoria do conhecimento, esta é sua especificidade: o psicanalista sustenta que um elemento material primário, em sua própria arquitetura, organização e funcionamento, possa ser responsável por todos os processos psíquicos, desde os mais elementares até os mais elevados. Em meio a uma multiplicidade de influências passíveis de serem I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página3
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 esquadrinhadas, situando-se ela mesma numa posição de reformulação de pressupostos do naturalismo precedente (SIMANKE, 2009), a psicanálise freudiana assume o monismo de certa filosofia da natureza em curso no espírito científico de sua época para com ele recusar a duplicidade de substâncias e responder às perguntas acerca da extensão do conhecimento humano e da natureza das leis que regem os processos psíquicos. A psicanálise evidencia assim, desde a teoria neuronal do Projeto, sua fundamentação nesta escola de pensamento, pelo menos no que diz respeito à teoria do conhecimento. Referências bibliográficas FERREIRA, A. P. B. Contextualização epistemológica da psicanálise de Freud. Dissertação de Mestrado apresentada no Programa de Pós-Graduação em Filosofia da PUCPR. Curitiba, 2006. FREUD, S. Projeto de uma Psicologia (1895). In GABBI JUNIOR, O. F. Notas a Projeto de uma Psicologia. As origens utilitaristas da psicanálise. Rio de Janeiro: Imago, 2003. _____. Pulsiones y destinos de pulsión (1915). In Sigmund Freud – Obras completas. Buenos Aires: Amorrortu, vol. XIV, 1992, pp. 105-134. SIMANKE, R. T. Freudian Psychoanalysis as a model for overcoming the duality between natural and human sciences. Paper apresentado na Disciplina História da Psicologia I. Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências, 2009 (no prelo). I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página4
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I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
precisa submeter-se a esse princípio, qual seria a instância pronta a receber e<br />
associar os estímulos oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s diferentes órgãos sensoriais, possibilitan<strong>do</strong> a<br />
ocorrência de processos conscientes? No Projeto, bem como nos textos<br />
metapsicológicos a ele relaciona<strong>do</strong>s, Freud apresenta o neurônio como esta<br />
partícula material cujos esta<strong>do</strong>s quantitativamente determina<strong>do</strong>s produzem, no<br />
psiquismo, os processos relaciona<strong>do</strong>s à percepção, à memória e à consciência. É a<br />
partir desse da<strong>do</strong> primitivo que este autor responde ao problema da delimitação da<br />
matéria ao interior <strong>do</strong> pensamento. Pode-se então afirmar que o Projeto descreve a<br />
gênese materialista da interioridade sobre a atividade perceptiva deste – o neurônio<br />
- que é a ―substância perceptiva <strong>do</strong> ser vivo‖ (FREUD, 1915/1992, p. 115). No que<br />
concerne à epistemologia, então, to<strong>do</strong> conhecimento possível é empiricamente<br />
condiciona<strong>do</strong> pela estrutura básica <strong>do</strong> neurônio, excluí<strong>do</strong> qualquer conhecimento a<br />
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O neurônio apresenta-se, na peculiaridade de seu funcionamento, como a estrutura<br />
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provin<strong>do</strong>s das massas em movimento no mun<strong>do</strong> externo ―numa fórmula de redução<br />
desconhecida‖ (Freud, in GABBI JR., 2003, p. 190); é ele que transfere, regi<strong>do</strong> pelo<br />
princípio da inércia, a quantidade em curso em seu interior às barreiras de contato<br />
pelo caminho conveniente; é ele o porta<strong>do</strong>r da memória e das possibilidades de<br />
relacionar idéias; é de uma organização neuronal que resulta o eu e sua capacidade<br />
de modificar cursos excitativos que, de outra forma, ocorreriam sem inibição, pon<strong>do</strong><br />
em risco a preservação <strong>do</strong> organismo inteiro; é ele, por fim mas não por último, que<br />
possibilita a percepção de qualidades.<br />
Imaginamos com isso ter esboça<strong>do</strong> a forma como Freud descreve a gênese <strong>do</strong><br />
psiquismo a partir da materialidade <strong>do</strong> neurônio. No campo da teoria <strong>do</strong><br />
conhecimento, esta é sua especificidade: o psicanalista sustenta que um elemento<br />
material primário, em sua própria arquitetura, organização e funcionamento, possa<br />
ser responsável por to<strong>do</strong>s os processos psíquicos, desde os mais elementares até<br />
os mais eleva<strong>do</strong>s. Em meio a uma multiplicidade de influências passíveis de serem<br />
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