19.04.2013 Views

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

Sigmund Freud, a seu mo<strong>do</strong>, parece ter respondi<strong>do</strong> estas questões, e descrever a<br />

maneira como este autor o fez constitui o objetivo <strong>do</strong> presente trabalho. Na última<br />

década <strong>do</strong> século 19, momento em que se assistia, no <strong>do</strong>mínio da epistemologia,<br />

uma espécie de ―disputa‖ por legitimidade científica (FERREIRA, 2006, p. 17) entre o<br />

conjunto constituí<strong>do</strong> pelo saber tradicional clássico galileano (que incluía a física, a<br />

química e as demais ciências naturais) e o conjunto das nascentes ciências<br />

humanas - que à época careciam de solidez meto<strong>do</strong>lógica -, Freud realiza uma<br />

empresa singular: propõe-se ―fornecer uma psicologia científica e naturalista, ou<br />

seja, expor os processos psíquicos como esta<strong>do</strong>s quantitativamente determina<strong>do</strong>s<br />

de partes materiais capazes de serem especificadas e, com isso, torná-los intuitivos<br />

e livres de contradição‖ (FREUD, 1895/2003, p. 175). Trata-se <strong>do</strong> Projeto de uma<br />

Psicologia de 1895. Por ter a intenção de apresentar os processos psíquicos como<br />

partículas materiais em movimento – o que caracteriza uma psicologia quantitativa -,<br />

Freud a<strong>do</strong>ta, no Projeto, uma concepção materialista de princípio, ou seja, nega a<br />

dualidade entre substâncias psíquicas ou mentais e substâncias físicas. O que dizer<br />

então <strong>do</strong> estatuto que Freud confere à matéria, esta que, resguardada a filiação<br />

materialista <strong>do</strong> projeto freudiano, constituiria o ―estofo‖ <strong>do</strong>s processos psíquicos, o<br />

componente ao qual toda a realidade mental deveria ser reduzida? E o que há de<br />

propriamente original em suas elaborações acerca da materialidade <strong>do</strong> psíquico?<br />

No Projeto Freud introduz a descrição <strong>do</strong> funcionamento <strong>do</strong> aparelho psíquico e o<br />

modus operandi das psicopatologias a partir da conjugação entre uma abordagem<br />

quantitativa, a teoria neuronal e o paradigma biológico-adaptativo. A primeira se<br />

justifica pelo fato de que a física corpuscular galileano-newtoniana constituía o<br />

referencial epistêmico de to<strong>do</strong> o qualquer discurso científico que aspirasse a esse<br />

status. Da física, então, Freud assume a tese segun<strong>do</strong> a qual no mun<strong>do</strong> externo ao<br />

sistema nervoso ―há apenas massas em movimento e nada mais‖ (FREUD,<br />

1895/2003, p. 187), <strong>do</strong> que decorre que os estímulos que invadem o sistema<br />

nervoso só podem ser de natureza quantitativa, isto é, massas em choque<br />

ocasionan<strong>do</strong> propagação de movimento. Se uma psicologia naturalista também<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

Página2

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!