Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 O CONCEITO DE DIREITO NATURAL EM HOBBES: LIBERDADE E OBRIGAÇÃO Gerson Vasconcelos Luz Mestrando em Filosofia – UNIOESTE Orientador: Prof. Dr. Arlei de Espíndola vasconceluz@hotmail.com Palavras-chave: Hobbes, homem, movimento, lei de natureza, direito natural Para Hobbes (2002, p.20) a natureza humana consiste na soma de suas faculdades e poderes naturais. O homem na qualidade de corpo vivo e finito está determinado a manter no seu estado cinético. Sendo assim, a conservação do movimento é um dever para o indivíduo. É um dever e também um direito. Porém, Hobbes (2003, p.112) afirma que estes dois conceitos quando aplicados a uma mesma situação torna-se contraditórios. Ou se pratica uma ação por dever ou por liberdade. Diante disso, o objetivo do trabalho é procurar demonstrar que em se tratando dos elementos de defesa do maior bem do ser humano o direito natural é tanto dever quanto liberdade. Observemos inicialmente o conceito de lei de natureza e, posteriormente, o de direito natural. Quanto ao primeiro, escreve o nosso autor, Quanto ao segundo, uma lei de natureza [...] é um preceito ou regra geral, estabelecida pela razão, mediante o qual se proíbe a um homem fazer tudo o que possa destruir a sua vida ou privá-lo dos meios necessários para a preservar, ou omitir aquilo que pense melhor contribuir para a preservar (HOBBES, 2003, p.112). [...] a liberdade que cada homem possui de usar o seu próprio poder, da maneira que quiser, para a preservação da sua própria natureza, I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página1
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 ou seja, da sua vida; e conseqüentemente de fazer tudo aquilo que o seu próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios mais adequados a esse fim (HOBBES, 2003, p.112). Observemos ainda a passagem na qual o filósofo esclarece a distinção entre os conceitos: [...] o direito consiste na liberdade de fazer ou omitir, ao passo que a lei determina ou obriga a uma dessas duas coisas. De modo que a lei e o direito se distinguem tanto como a obrigação e a liberdade, as quais são incompatíveis quando se referem à mesma questão (HOBBES, 2003, p.112). MacAdam (1980, p.143), comenta que na filosofia hobbesiana ―ter um direito é não ter um dever e, de modo correspondente, ter um dever é não ter um direito. Contudo, o direito natural à vida parece constituir exceção à regra geral de Hobbes. Já que é tanto direito como dever‖. A lei de natureza é um preceito internalizado em cada corpo humano a fim de obrigar que cada indivíduo possa conserva o seu próprio movimento vital. Se por um lado, a lei determina a autoconservação, por outro assegura o direito natural como mecanismo de obtenção de resultados necessários à autoconservação. Sendo o direito natural liberdade e dever, cada qual se configura como juiz de si. E na qualidade de juiz de si todos estão autorizados a desobedecerem às leis naturais (ou positivas, se for o caso) sempre que estas desfavorecerem ao direito primordial. O conceito de liberdade natural é compatível com o de lei de natureza. Trata-se de uma liberdade condicionada à necessidade de manter o propósito essencial do corpo em relação ao seu estado cinético. Todo indivíduo está livre para escolher aquilo que favorece aos seus interesses fundamentais. A escolha não é procedida sem propósitos. Nesse sentido, o direito é também um dever natural. O estar livre para fazer não importa o que tendo em vista a autoconservação é justificado pela I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2
- Page 97 and 98: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 99 and 100: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 101 and 102: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 103 and 104: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 105 and 106: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 107 and 108: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 109 and 110: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 111 and 112: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 113 and 114: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 115 and 116: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 117 and 118: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 119 and 120: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 121 and 122: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 123 and 124: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 125 and 126: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 127 and 128: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 129 and 130: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 131 and 132: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 133 and 134: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 135 and 136: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 137 and 138: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 139 and 140: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 141 and 142: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 143 and 144: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 145 and 146: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 147: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 151 and 152: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 153 and 154: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 155 and 156: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 157 and 158: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 159 and 160: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 161 and 162: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 163 and 164: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 165 and 166: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 167 and 168: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 169 and 170: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 171 and 172: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 173 and 174: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 175 and 176: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 177 and 178: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 179 and 180: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 181 and 182: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 183 and 184: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 185 and 186: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 187 and 188: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 189 and 190: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 191 and 192: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 193 and 194: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 195 and 196: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 197 and 198: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />
I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
O CONCEITO DE DIREITO NATURAL EM HOBBES: LIBERDADE E<br />
OBRIGAÇÃO<br />
Gerson Vasconcelos Luz<br />
Mestran<strong>do</strong> em Filosofia – UNIOESTE<br />
Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Arlei de Espín<strong>do</strong>la<br />
vasconceluz@hotmail.com<br />
Palavras-chave: Hobbes, homem, movimento, lei de natureza, direito natural<br />
Para Hobbes (2002, p.20) a natureza humana consiste na soma de suas faculdades<br />
e poderes naturais. O homem na qualidade de corpo vivo e finito está determina<strong>do</strong> a<br />
manter no seu esta<strong>do</strong> cinético. Sen<strong>do</strong> assim, a conservação <strong>do</strong> movimento é um<br />
dever para o indivíduo. É um dever e também um direito. Porém, Hobbes (2003,<br />
p.112) afirma que estes <strong>do</strong>is conceitos quan<strong>do</strong> aplica<strong>do</strong>s a uma mesma situação<br />
torna-se contraditórios. Ou se pratica uma ação por dever ou por liberdade. Diante<br />
disso, o objetivo <strong>do</strong> trabalho é procurar demonstrar que em se tratan<strong>do</strong> <strong>do</strong>s<br />
elementos de defesa <strong>do</strong> maior bem <strong>do</strong> ser humano o direito natural é tanto dever<br />
quanto liberdade.<br />
Observemos inicialmente o conceito de lei de natureza e, posteriormente, o de<br />
direito natural. Quanto ao primeiro, escreve o nosso autor,<br />
Quanto ao segun<strong>do</strong>,<br />
uma lei de natureza [...] é um preceito ou regra geral, estabelecida<br />
pela razão, mediante o qual se proíbe a um homem fazer tu<strong>do</strong> o que<br />
possa destruir a sua vida ou privá-lo <strong>do</strong>s meios necessários para a<br />
preservar, ou omitir aquilo que pense melhor contribuir para a<br />
preservar (HOBBES, 2003, p.112).<br />
[...] a liberdade que cada homem possui de usar o seu próprio poder,<br />
da maneira que quiser, para a preservação da sua própria natureza,<br />
I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />
II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />
Página1