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ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 vezes como obstáculo, outras como sustentação). Nesta via não há traço algum do que Bergson denomina intuição. A intuição, para Bergson, surge na segunda via de conhecimento da realidade: a metafísica. O esforço de reflexão necessário à metafísica apresenta-se como uma inversão da reflexão intelectual. Se o intelecto busca a imobilização de uma realidade para estudá-la em seus detalhes, para a metafísica bergsoniana o que importa é a percepção do movimento, das tendências que um e outro estado estabelecem entre si. Para perceber este movimento é que surge o recurso à intuição na filosofia bergsoniana. Bergson ergue sobre os conceitos de duração (não abordado diretamente neste texto) e intuição o método pelo qual pretende investigar a realidade em sua característica mais profunda e reveladora: o movimento. A intuição é, pois, consciência imediata que adere ao movimento e às mudanças e tendências do objeto. Esta, portanto, é a raiz do pensamento bergsoniano. A segunda via de compreensão da realidade é o ponto central do pensamento do filósofo francês, tornando-se o recurso fundamental para a compreensão do movimento. É a aderência total da percepção à realidade e ao fluxo da vida. O primeiro sentido que se destaca da intuição é o do acesso direto ao espírito. Não obstante, Bergson adverte desde sempre em suas obras a respeito da dificuldade de conceituação do próprio termo intuição. Assim, não há o que se possa identificar como uma definição objetiva e pontual. Diversas gradações compõem a construção do termo, bem como diferentes aproximações, em situações diversas. Porém o fundamento da intuição volta sempre sobre si mesmo, ou seja, a duração pura, a percepção do movimento como tal, não considerado como instantâneos que fixam o espaço e deixam de lado a duração. A intuição é a própria percepção do movimento. Deve, antes de qualquer coisa, devolver à realidade seus atributos qualitativos, aceitando cada desenvolvimento da duração como único e resultante de um movimento que é o fundamento da própria realidade. Neste sentido, Bergson distancia-se propositadamente das filosofias de Descartes e Kant. Tal distanciamento é abordado aqui pela análise do uso do conceito de intuição nos três filósofos, porém, tem raízes mais profundas, envolvendo pressupostos e I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página3

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 conseqüências bastante distintos em cada um dos autores. Ainda que Bergson, como ele mesmo aponta, busque para a filosofia um caráter de precisão e indubitabilidade, tal busca acaba por levar a uma inversão na marcha tradicional do pensamento. A intuição da duração pura para o autor não é uma faculdade intelectual, ainda que necessite articular elementos intelectuais para que possa ser expressada. Referências bibliográficas BERGSON, Henri. Ensaio sobre os dados imediatos da consciência. Tradução: João da Silva Gama. Lisboa: Edições 70, 1988. . O pensamento e o movente. Tradução: Bento Prado Neto. São Paulo: Martins Fontes, 2006. KANT, Immanuel. Crítica da razão pura. Tradução: Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2001. SILVA, Franklin Leopoldo e. Bergson: Intuição e discurso filosófico. São Paulo: Loyola, 1994. PRADO, Bento. Presença e campo transcendental: consciência e negatividade na filosofia de Bergson. São Paulo: Edusp, 1988. I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página4

ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />

I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />

vezes como obstáculo, outras como sustentação). Nesta via não há traço algum <strong>do</strong><br />

que Bergson denomina intuição. A intuição, para Bergson, surge na segunda via de<br />

conhecimento da realidade: a metafísica. O esforço de reflexão necessário à<br />

metafísica apresenta-se como uma inversão da reflexão intelectual. Se o intelecto<br />

busca a imobilização de uma realidade para estudá-la em seus detalhes, para a<br />

metafísica bergsoniana o que importa é a percepção <strong>do</strong> movimento, das tendências<br />

que um e outro esta<strong>do</strong> estabelecem entre si. Para perceber este movimento é que<br />

surge o recurso à intuição na filosofia bergsoniana. Bergson ergue sobre os<br />

conceitos de duração (não aborda<strong>do</strong> diretamente neste texto) e intuição o méto<strong>do</strong><br />

pelo qual pretende investigar a realidade em sua característica mais profunda e<br />

revela<strong>do</strong>ra: o movimento. A intuição é, pois, consciência imediata que adere ao<br />

movimento e às mudanças e tendências <strong>do</strong> objeto. Esta, portanto, é a raiz <strong>do</strong><br />

pensamento bergsoniano. A segunda via de compreensão da realidade é o ponto<br />

central <strong>do</strong> pensamento <strong>do</strong> filósofo francês, tornan<strong>do</strong>-se o recurso fundamental para<br />

a compreensão <strong>do</strong> movimento. É a aderência total da percepção à realidade e ao<br />

fluxo da vida. O primeiro senti<strong>do</strong> que se destaca da intuição é o <strong>do</strong> acesso direto ao<br />

espírito. Não obstante, Bergson adverte desde sempre em suas obras a respeito da<br />

dificuldade de conceituação <strong>do</strong> próprio termo intuição. Assim, não há o que se possa<br />

identificar como uma definição objetiva e pontual. Diversas gradações compõem a<br />

construção <strong>do</strong> termo, bem como diferentes aproximações, em situações diversas.<br />

Porém o fundamento da intuição volta sempre sobre si mesmo, ou seja, a duração<br />

pura, a percepção <strong>do</strong> movimento como tal, não considera<strong>do</strong> como instantâneos que<br />

fixam o espaço e deixam de la<strong>do</strong> a duração. A intuição é a própria percepção <strong>do</strong><br />

movimento. Deve, antes de qualquer coisa, devolver à realidade seus atributos<br />

qualitativos, aceitan<strong>do</strong> cada desenvolvimento da duração como único e resultante de<br />

um movimento que é o fundamento da própria realidade. Neste senti<strong>do</strong>, Bergson<br />

distancia-se propositadamente das filosofias de Descartes e Kant. Tal<br />

distanciamento é aborda<strong>do</strong> aqui pela análise <strong>do</strong> uso <strong>do</strong> conceito de intuição nos três<br />

filósofos, porém, tem raízes mais profundas, envolven<strong>do</strong> pressupostos e<br />

I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />

II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />

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