Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná Anais - Fundação Araucária - Estado do Paraná
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 UMA LEITURA WITTGENSTEINIANA DA VONTADE POLÍTICA Lista de abreviações: DC Da Certeza GF Gramática Filosófica IF Investigações Filosóficas Z Zettel Horacio Luján Martinez Depto de Filosofia, UNIOESTE/Toledo (As abreviações serão acompanhadas do número do parágrafo segundo ordenação do próprio Wittgenstein ou de seus herdeiros literários) (....) Não se poderia pensar até que várias pessoas tenham tido um propósito (Absicht) e o tenham realizado, sem que nenhuma delas o tivesse? Deste modo, um governo pode ter um propósito que nenhum homem tenha. (Z 48). Esta epígrafe é um fragmento de uma série de anotações nas que Wittgenstein revisa a noção de intencionalidade entendida classicamente (isto é, de modo agostiniano) como uma exteriorização da vontade interior. A intenção, pensada deste modo como pensamento que fica ontologicamente ligada ao efeito, ao acontecimento resultante, é criticada por Wittgenstein quando é considerada como um pensamento incompleto à espera da sua realidade. O filósofo da o seguinte exemplo: um mecanismo que faz funcionar o freio de uma máquina às vezes funciona, às vezes não. Imaginemos que, quando não funciona, o operário da máquina fique bravo: qual julgaríamos ser a intenção do mecanismo? ―Às vezes acionar o freio, às vezes a raiva do operário.‖ (GF VII, 95) Responder que um I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página1
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059 mecanismo não pode pensar e, portanto, não pode ter intenção é já um início. Precisamente, a questão é que ―(...) a intenção está inserida na situação, nos hábitos humanos e nas instituições. Se não existisse a técnica de jogar xadrez, eu não poderia ter a intenção de jogar uma partida de xadrez.‖ (IF 337). Encontrar não mostra o que estávamos procurando, nem a realização do desejo o que estávamos desejando: ―(...) Os sintomas da expectativa não são a expressão dela.‖ (GF VII, 92) A expectativa, a intenção e o desejo não são estados mentais persistentes e incompletos que esperam sua concretização para ter realidade. Se o jovem Wittgenstein seguiu Schopenhauer na ideia de eliminar o ―desejo‖, já que este nos conduzia a contra-sensos lógicos e infelicidade na vida, isto se reverterá nos escritos posteriores. O querer será também uma experiência, a vontade também somente representação. O ―querer‖ perderá a sua aura ―mágica‖, aquela que havia ganho pelo fato de ser involuntário: ―(...) Não posso produzi-lo? –Como o quê? O que é que posso produzir? Com o que estou comparando o querer quando digo isto?‖ (IF 611) Quando eu disse: ―isso significaria não considerar a intenção como um fenômeno‖, a intenção recordaria aqui a concepção schopenhaueriana da vontade. Todo fenômeno nos parece inerte em contraste com o pensamento vivo. (GF VII, 97). O querer é um fenômeno, e não somente um meio para a produção de um acontecimento, uma ponte para o fenômeno. O querer é um agir, como o falar, o caminhar ou o comer. Se levantarmos um braço é porque queremos (falamos de casos normais, sem coerção externa ou embriaguez por uso de alguma droga). Isto é, na gramática das ações voluntárias, querer e agir são sinônimos. O curioso é que no caso da ação bem sucedida não pensamos na intenção. Neste sentido, da intenção constituída por práticas externas, é que podemos entrar numa leitura menos racionalista da política. I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção Paraná – SKB/PR Página2
- Page 61 and 62: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 63 and 64: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 65 and 66: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 67 and 68: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 69 and 70: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 71 and 72: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 73 and 74: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 75 and 76: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 77 and 78: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 79 and 80: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 81 and 82: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 83 and 84: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 85 and 86: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 87 and 88: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 89 and 90: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 91 and 92: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 93 and 94: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 95 and 96: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 97 and 98: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 99 and 100: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 101 and 102: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 103 and 104: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 105 and 106: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 107 and 108: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 109 and 110: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 111: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 115 and 116: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 117 and 118: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 119 and 120: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 121 and 122: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 123 and 124: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 125 and 126: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 127 and 128: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 129 and 130: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 131 and 132: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 133 and 134: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 135 and 136: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 137 and 138: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 139 and 140: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 141 and 142: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 143 and 144: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 145 and 146: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 147 and 148: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 149 and 150: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 151 and 152: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 153 and 154: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 155 and 156: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 157 and 158: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 159 and 160: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
- Page 161 and 162: ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FI
ANAIS DO I CONGRESSO NACIONAL DE FILOSOFIA DA UNICENTRO<br />
I CONAFIL – 22 A 26/06/2009 – ISSN: 2175-3059<br />
UMA LEITURA WITTGENSTEINIANA DA VONTADE POLÍTICA<br />
Lista de abreviações:<br />
DC Da Certeza<br />
GF Gramática Filosófica<br />
IF Investigações Filosóficas<br />
Z Zettel<br />
Horacio Luján Martinez<br />
Depto de Filosofia, UNIOESTE/Tole<strong>do</strong><br />
(As abreviações serão acompanhadas <strong>do</strong> número <strong>do</strong> parágrafo segun<strong>do</strong> ordenação<br />
<strong>do</strong> próprio Wittgenstein ou de seus herdeiros literários)<br />
(....) Não se poderia pensar até que várias pessoas tenham ti<strong>do</strong> um<br />
propósito (Absicht) e o tenham realiza<strong>do</strong>, sem que nenhuma delas o<br />
tivesse? Deste mo<strong>do</strong>, um governo pode ter um propósito que nenhum<br />
homem tenha. (Z 48).<br />
Esta epígrafe é um fragmento de uma série de anotações nas que Wittgenstein<br />
revisa a noção de intencionalidade entendida classicamente (isto é, de mo<strong>do</strong><br />
agostiniano) como uma exteriorização da vontade interior. A intenção, pensada<br />
deste mo<strong>do</strong> como pensamento que fica ontologicamente ligada ao efeito, ao<br />
acontecimento resultante, é criticada por Wittgenstein quan<strong>do</strong> é considerada como<br />
um pensamento incompleto à espera da sua realidade. O filósofo da o seguinte<br />
exemplo: um mecanismo que faz funcionar o freio de uma máquina às vezes<br />
funciona, às vezes não. Imaginemos que, quan<strong>do</strong> não funciona, o operário da<br />
máquina fique bravo: qual julgaríamos ser a intenção <strong>do</strong> mecanismo? ―Às vezes<br />
acionar o freio, às vezes a raiva <strong>do</strong> operário.‖ (GF VII, 95) Responder que um<br />
I Congresso Nacional de Filosofia da UNICENTRO/PR – Guarapuava/PR<br />
II Colóquio Kant da Sociedade Kant Brasileira – Seção <strong>Paraná</strong> – SKB/PR<br />
Página1