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Elites Políticas Limoeirenses: Ações e Discursos rumo a ... - anpuh

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[...] Refere-se à existência local de estruturas oligárquicas e personalizadas<br />

de poder. O mandão, o potentado, o chefe, ou mesmo o coronel como<br />

indivíduo, é aquele que, em função do controle de algum recurso estratégico,<br />

em geral a posse da terra, exerce sobre a população um domínio pessoal e<br />

arbitrário que a impede de ter livre acesso ao mercado e à sociedade<br />

política. O mandonismo não é um sistema, é uma característica da política<br />

tradicional. [...] (CARVALHO, 1997)<br />

Esses amigos eram “privilegiados”, como afilhados, obtendo a proteção de Dona Judite.<br />

Nessa peça, cada um possuía o seu papel bem definido, pois a lógica da gratidão com<br />

relação aos favores recebidos e a proteção, elementos de uma relação duradoura e de<br />

vínculos instituídos na tradição política, que os mesmos se beneficiavam, era o fato de<br />

ceder o seu voto para os candidatos apoiados por dona Judite, intitulada por Lauro de<br />

Oliveira Lima como “mulher de cabelo na venta”:<br />

[...] É preciso destacar um personagem que atuou na vida política de<br />

Limoeiro, de forma contundente: dona Judith Chaves, mulher de “cabelo na<br />

venta”, esposa de Custódio Saraiva. Era chamada de “Coronel de Saia”.<br />

[...] Dona Judith era o cacique que se misturava com seus cabras como<br />

Maria Moura do romance de Rachel de Queiroz. Querida por seus<br />

correligionários, odiada pelos adversários, pairava acima da maledicência<br />

municipal. (LIMA, 1997: 333 – 334)<br />

Dona Judite foi descrita, como quem exercia o poder político, usando dessas<br />

relações de dependências, desses mecanismos de aquisição e de reprodução do poder<br />

político, características de uma política tradicional, que burlou os anos.<br />

É importante destacar que a centralidade do poder da família Chaves recaia<br />

principalmente na ação de Judite e de Franklin Chaves, tanto ao assumirem postos<br />

importantes, como na elaboração de estratégias políticas para a permanência do seu<br />

grupo no poder. Vale salientar, que quando se fala de grupo pode-se pensar também a<br />

família na dimensão política, do parentesco que se estabelece para além da<br />

consanguinidade. Há códigos que são partilhados pelo grupo, daí deve ser considerada<br />

também a dimensão simbólica do poder.<br />

Assim, a partir da década de 1930, os Chaves terão duas figuras que se<br />

destacarão em detrimento dos outros membros da família. São estes, Judite Chaves,<br />

abordada nesta pesquisa e Franklin Chaves, seu irmão, que nesta oportunidade não foi<br />

praticamente citado, mas outros “capítulos” serão editados e reeditados a respeito dos<br />

rastros impressos pela família Chaves.<br />

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