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Descascando o abacaxi - Cia. Atelie das Artes

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O ministério da saúde adverte: interagir ou prestar atenção a qualquer<br />

detalhe desta história, é prejudicial à sanidade mental.<br />

Escrita por: B e t h o R a g u s a<br />

Colaboração:<br />

Marina Marques<br />

Val Venâncio<br />

Mariane Pereira<br />

* * * * *<br />

LYZA: amante <strong>das</strong> coisas corretas e profun<strong>das</strong>.<br />

TELMA: a vizinha que toda mulher casada gostaria de ter.<br />

PADRE: ele teve que testemunhar aquela cena.<br />

BEBADO: ele achou que era um aniversário.<br />

LUZIA: será que vai dar certo?<br />

MARCOS: ele não pode ser trocado por um robô, pode?<br />

EROS: uma pista é a chave para desvendar algo.<br />

GENÉSIO: esse velhinho está armando alguma.<br />

H269: ele chegou para abalar.<br />

Escrita em 18/01/2007<br />

Classificação Etária: 16 anos


DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Informações dos personagens:<br />

Telma: 29 anos, morena de cabelos longos, casada e vizinha da família. É<br />

fogosa e audaciosa. É a única centrada da peça, embora sua convivência com<br />

Lyza a tenha deixado meio lesada também. A atriz/ator que for interpretá-la<br />

deverá fazer alongamentos e exercícios para postura para não machucar a<br />

coluna, devido aos ensaios da cena em que ela trava a mesma. É a<br />

personagem que mais troca de roupa. Especialmente para a cena do velório<br />

seu figurino é de alguém que acabou de chegar de uma formatura ou seja um<br />

longo acompanhado por uma bolsa onde haverá um lenço branco. Lembrando<br />

que ela será a única que não estará de preto no velório. Nas outras cenas, por<br />

ser sexy, seu figurino têm cores doura<strong>das</strong>, roxas e flori<strong>das</strong> e o preto básico,<br />

acompanhados por sandálias de salto e botas de salto agulha (exceção para a<br />

cena em que ela desmaia e trava a coluna, pois uma rasteirinha impede<br />

acidentes). (coadjuvante)<br />

Lyza: 18 anos, filha de Luzia e Marcos é totalmente lesada. E cumpre sempre<br />

o que promete. Está à procura de um namorado, pois tem medo de morrer<br />

virgem. Tem estilo roqueira, uma tatuagem de meia lua ao lado da panturrilha<br />

da perna direita. Usa preto o tempo todo, basta mudar os modelos, cabelo<br />

Chanel, apesar de nova também é fogosa. Tudo o que sua avó ensinou ela<br />

executa, sua frase “e não me pergunte porque” é marca registrada.<br />

(protagonista 1)<br />

Padre: 45 anos, batina branca estola roxa. Ele fica aterrorizado com to<strong>das</strong> as<br />

peripécias que Lyza arma no velório errado. É uma pequena participação que<br />

não sai da mente de quem assiste por ser um papel forte. (coadjuvante)<br />

Bêbado/Robô Ermelinda: 25 anos, carrega uma sacola e uma garrafa de<br />

pinga. Usa boné e calça jeans com o zíper aberto. / Para a Robô Ermelinda,<br />

quando ela chega está com uma roupa preta colada e uma bota prata, e roupa<br />

de empregada para depois. (coadjuvante)<br />

Genésio: 65 anos, avô de Lyza, pai de Marcos. Usa paletó e calça social, pode<br />

alternar para camisa. É safado, sem vergonha, encrenqueiro e misterioso. Usa<br />

bengala e carrega o tempo todo um saquinho de pão com algo dentro.<br />

(protagonista 1)<br />

Luzia: 40 anos, mãe de Lyza, esposa de Marcos. Está cansada de ser<br />

maltratada por Marcos, isso a faz comprar um misterioso produto que sua<br />

vizinha Telma indica. Até o final da cena 2 está com uma peruca horrorosa, do<br />

mesmo tom de seu cabelo, pois o cabelo verdadeiro deverá estar liso para a<br />

cena 3. Avental não pode faltar, e depois vestidos básicos e roupas para<br />

faxinar a casa. Faz uma mudança radical para a cena 3 ao entrar bela e bem<br />

vestida. (protagonista 2)<br />

Marcos: 42 anos, pai de Lyza. Ora brando, ora bravo, vai ficar com mais raiva<br />

depois de conhecer H269, o robô de Luzia. Suas roupas variam entre bermuda,<br />

e shorts, camiseta básica. Chinelo de dedo e sandália. (protagonista 4)<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Eros: 21 anos, irmão de Lyza, esconde uma travesti embaixo do sobretudo que<br />

usa por ser detetive e um chapéu, sempre com a lupa, e seu bloco de<br />

anotações e caneta. Não demonstra sua homossexualidade em momento<br />

algum, mas depois num momento faz até show, assumindo tudo. É sexy e<br />

encantador. (protagonista 3)<br />

H269: O robô de Luzia, é um robô praticamente humano, o ator que for<br />

representá-lo pode ter de 18 a 34 anos. È altamente sensual, sexy e com<br />

certeza o preferido da platéia. Foi comprado para saciar os desejos de Luzia,<br />

pois seu marido não a trata mais com carinho como antes. Houve divergências<br />

na composição do figurino, mas venceu uma sunga vermelha e uma regata<br />

preta agarrada. Embora uma roupa de bombeiro ou super herói viria a calhar<br />

muito bem. Seus movimentos robotizados são leves, e sua voz deve manter o<br />

mesmo tom sempre. (protagonista 2)<br />

São necessários, 4 contra – regras no mínimo. 1 iluminador, 1 sonoplasta, 1<br />

assistente de palco.<br />

Cenário: O velório é básico, uma vez que um caixão que deve ter o lado da<br />

cabeça a direita da platéia e por provocar o impacto necessário, um aparador<br />

com um vaso de flores ao fundo dá um toque clássico a cena. Depois o cenário<br />

será trocado enquanto a música de abertura é tocada, isso deu certo para<br />

nossa surpresa. O cenário seguinte e permanente se trata de um sofá de 2<br />

lugares e um de três. O aparador continua ao fundo, apenas trocando o vaso<br />

de flor, 1 tapete torna a cena dos desmaios prazerosa. Se trata de uma família<br />

de classe média. A cozinha e a saída do lado esquerdo da platéia, banheiros e<br />

quartos a direita da platéia.<br />

Abertura<br />

(Ao som de Marcha Fúnebre, Telma surge do fundo da platéia, procurando<br />

algo, como se estivesse perdida, sobe ao palco caminha lentamente, então as<br />

cortinas se abrem, há um velório e Lyza segura um guarda-chuva preto se<br />

escondendo nele, então Lyza, fecha o guarda chuva, tira um óculos de sol de<br />

sua enorme bolsa e coloca em Telma).<br />

Lyza: Vovó adorava rosas... (tira de um em um vários botões de rosa e vai<br />

cortando com a tesoura, jogando os botões fora).<br />

Telma: Mas você está jogando os botões fora (pega os botões e os devolve<br />

dentro do caixão).<br />

Lyza: Vovó tinha alergia a rosas.<br />

Telma (rapidamente arranca as rosas do caixão e as atira longe):Ah...<br />

Lyza (tirando uma garrafa de champagne da bolsa): Sabe, ela adorava<br />

champagne, por isso seu ultimo desejo: que os filhos e netos tomassem<br />

champagne de corpo presente.<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Alguém: Ela está louca.<br />

Alguém: Que abuso.<br />

Alguém: Que loucura, como pode?<br />

Lyza: Não vejo nada demais. Antigamente se fazia festa nos velórios.<br />

Banquete mesmo, minha vó dizia, que no velório de um tio dela houve até baile<br />

ao som de Sílvio Cal<strong>das</strong>. (toca a música Fita Amarela e Lyza dança) depois o<br />

tempo foi passando, o dinheiro acabando. As pessoas resolveram não gastar<br />

mais com defuntos. Mas lembrem-se, estou realizando o ultimo desejo da vovó.<br />

(serve a todos, enquanto o padre entra tentando por a batina).<br />

Telma: Ué, o senhor está abandonando a batina?<br />

Padre: Não, estou tentando colocar... (Telma o ajuda e fica enroscada embaixo<br />

da batina do padre, ele ao perceber faz cara de tacho e ela sai ajeitando os<br />

cabelos e limpando a boca).<br />

Lyza: Sua benção padre...<br />

Padre: Deus te abençoe, minha filha.<br />

Lyza: O senhor irá benzer o corpo agora?<br />

Padre: Daqui a pouco.<br />

Lyza: Ótimo, minha avó ainda não bebeu champagne. (alvoroço total para dar<br />

bebida a defunta, Telma tira o algodão da boca dela etc...) Acabei de me<br />

lembrar de um fato que aconteceu quando ainda era menina, eu e o Eros<br />

fomos almoçar na casa da vovó, e ela foi fritar lingüiça, é, a lingüiça ficou em<br />

pé dentro da panela. Nunca mais o vovô comprou óleo de amendoim. (todos<br />

gargalham, menos Telma que precisa fazer o gesto da lingüiça em pé para<br />

poder entender a piada só então gargalha).<br />

Lyza (furiosa, aguardando o silencio): O padre quer benzer o corpo!<br />

Padre: Ela era uma cristã dedicada. Irá deixar saudades. A Bíblia nos diz:<br />

“Deus tirará to<strong>das</strong> as lágrimas de seus olhos”... (todos começam a chorar<br />

copiosamente, um bêbado intruso entra e observa a cena).<br />

Bêbado: Quem morreu? (todos apontam para o caixão, o bêbado faz cara de<br />

tacho, vai até o caixão e observa a defunta) nossa que velha feia (espatifam<br />

com ele, mas ele retorna e comenta novamente) Foi São Jorge que matou esse<br />

dragão? (todos batem o pé e ele sai correndo).<br />

Padre: Como eu dizia: “E não haverá mais morte, nem tristeza”. (Lyza espirra<br />

e limpa na batina do padre, ele reclama e Lyza se aproxima de Telma que lhe<br />

arruma um lenço).<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Lyza: Obrigado amiga... Ai, a vovó... (soa o nariz assustadoramente, e tenta<br />

devolver a Telma).<br />

Telma: Pode ficar com ele, de lembrança...<br />

Lyza: Padre, esqueci, deixa tirar uma foto pra guardar de recordação, o senhor<br />

tira?<br />

Padre: Uma foto?<br />

Lyza: Várias (eles fazem pose, fazem paz e amor com a vovó, pedem para tirar<br />

foto com o padre também) Vai lá Telma, vem Seu padre, (Telma pega a<br />

câmera <strong>das</strong> mãos do padre e o empurra até perto de Lyza, o padre não está<br />

entendendo nada, e sai nas fotos com cara de imbecil).<br />

Telma (chorando copiosamente em cima da defunta): Ela era tão amável...<br />

Bêbado (entrando e cantando parabéns): Parabéns pra você... Nessa data<br />

querida, muitas felicidades...<br />

Telma (puxando ele para fora) Onde você pensa que está? Isso é um velório!<br />

Bêbado (se retirando): Bem que desconfiei, esse bolo estava muito grande.<br />

(espatifam com ele).<br />

Padre (chora de desgosto): “Também não haverá mais sofrimento” Pode<br />

enterrar...<br />

Lyza: Nossa você viu Telma, até o padre não resistiu e chorou.<br />

Telma: Vai ver que sua avó freqüentava muito a igreja, devia ser uma santa<br />

pessoa.<br />

Lyza: Que nada... Trabalhava num cabaré no interior... É! Seu nome de guerra<br />

era “Bastiana Sete dedos”, e não me pergunte porque! Puxa, esqueci de uma<br />

coisa (tira o talco e o perfume, cheira a senhora) Esqueceram de deixar minha<br />

avó cheirosinha, que coisa. Ela era tão cuidadosa (cheira novamente) ela fazia<br />

uma massinha de talco com perfume assim e passava na...na.... ah, você sabe,<br />

pra ficar cheirosinha para o vovô.<br />

Telma:(com dúvida): E não ardia? (Lyza a encara).<br />

Lyza: Telma segure aqui (dá para a amiga segurar os frascos, tira a calcinha<br />

da senhora e ao ver que está suja) e ainda usaram uma calcinha suja! (joga<br />

nos parentes) nossa... Como minha avó pode ser enterrada desse jeito? (pega<br />

uma maquina de cortar cabelo, fazendo o barulho com a boca enquanto isso<br />

Telma arruma um saquinho, Lyza ergue o vestido da defunta e a depila,<br />

retirando mechas e mechas de cabelos).<br />

Padre: Eu não estou vendo isso!<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Lyza: Mas eu estou, venha ver o senhor também... (ele se aproxima, enfia a<br />

cara debaixo do vestido e quando sai, está com um bigode, deixando Lyza e<br />

Telma de boca aberta).<br />

Padre (tendo um ataque, gritando): Pode enterrar, enterra!. Enterra essa<br />

porra! (sai furioso).<br />

(Lyza e Telma se recompõem, Marcos e Eros entram e fazem sinal de<br />

satisfação).<br />

Lyza: Vocês demoraram, ainda não beberam champagne (pega a taça) o<br />

padre já benzeu o corpo e mandou enterrar.<br />

Eros: Mas o caixão da vovó está na outra sala!<br />

Lyza e Telma (tiram os óculos e reparam que a defunta não é a avó de Lyza,<br />

uma entrega a taça para uma verdadeira parente dela, outra pega o saco de<br />

onde tirou as rosas e despeja novamente debaixo da saia da senhora que está<br />

no caixão. Lyza abre o guarda chuva e Telma pega um vaso e saem tentando<br />

se esconder).<br />

(O cenário da cena 1 é montado na frente da platéia, com a música tema da<br />

peça Dododo Dadada, de Willie Revilllame com coreografias engraça<strong>das</strong>).<br />

Cena 1<br />

Telma (olhando as fotografias que Lyza tirou): Ah, nunca vi um velório tão<br />

diferente, com rosas, champagne e depilação ao vivo.<br />

Lyza: Gastei tudo aquilo com a defunta errada, enfim o vovô está sentindo falta<br />

dela (passa o vovô, com o saquinho na mão) Vovô, o senhor está segurando<br />

este saquinho, desde o enterro da vovó, o que tem dentro? Docinhos para sua<br />

netinha querida?<br />

Genésio (resmungando) É meu, não tem nada seu aqui. (sai fazendo caretas).<br />

Lyza: Vovô é tão gentil...<br />

Telma: E sua mãe, será que ela fez a encomenda do produto que indiquei?<br />

Lyza: Não tenha duvi<strong>das</strong>, mamãe é facilmente influenciada. Qualquer porcaria<br />

que um vizinho lhe indica, ela compra! (Telma não entende, Luzia entra, e<br />

quando Telma vai cumprimentá-la derruba o álbum).<br />

Luzia (vindo da cozinha): Olá queri<strong>das</strong>, daqui a pouco irá chegar a tal<br />

encomenda, hehehe.<br />

Lyza: E o que é mãe?<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Luzia: Aguarde contente e sorridente (vai para o quarto, enquanto Lyza<br />

congela um sorriso exuberante, passando a falar assim até a encomenda<br />

chegar).<br />

Telma: Algum problema?<br />

Lyza: Nenhum...<br />

Telma (ao tentar pegar o álbum, sua coluna trava): Ai, minha coluna. Socorro!<br />

Lyza (gritando): Mamãe... Papai...<br />

Telma: Do que está rindo?<br />

Lyza: Não estou rindo...<br />

Telma: Não, está arreganhando os dentes... Socorro!<br />

Marcos (vindo da cozinha): Puxa, ela travou a coluna (grita) Eros! (Eros vem<br />

do quarto, misterioso com uma lupa).<br />

Eros: Ninguém se mexe. (todos congelam, enquanto ele percorre toda sala<br />

buscando informações) Preciso avaliar o ambiente, (todos descongelam<br />

furiosos, Eros pega o bloco e anota) uma menina sorridente, uma vizinha que<br />

supostamente está com a coluna travada, um pai desesperado para ajudar a<br />

vizinha.<br />

Marcos: Obrigado pela investigação, agora será que o senhor Sherlock<br />

Holmes poderia ajudar a endireitar a vizinha?<br />

Eros: Impossível, nem um exorcista conseguiria...<br />

Marcos: Endireitar a coluna dela, filho.<br />

Eros (distraído): Uma pista (é um fio de cabelo que está nas costas de Telma)<br />

outra pista (ajuda ele a endireitar a vizinha, e vai para o lado de Lyza) Não se<br />

mexa (Lyza grita e Eros arranca um fio do cabelo de Lyza).<br />

Lyza: Ele arrancou uma mecha inteirinha... Tenho certeza! (Eros vai para o<br />

quarto).<br />

Marcos (percebendo o riso de Lyza) Filha, é feio rir da velhice dos outros...<br />

(Telma esquenta) é, não..., dos problemas de saúde dos outros...<br />

Lyza: Mamãe pediu pra eu aguardar a encomenda sorrindo...<br />

Telma: Oh, então é isso, a encomenda Marcos. O robô mais esperado de<br />

todos os tempos. Ele irá substituir várias tarefas que o homem, depois de certo<br />

tempo nega.<br />

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Marcos: Qualquer coisa?<br />

Telma: Sim, isso não é fabuloso?<br />

Marcos: Oh, Me diga, a sua coluna melhorou?<br />

Telma: Melhorou sim, nem deu tempo de agradecer...<br />

Marcos: Nem precisa (empurra ela pra baixo de novo, para travar a coluna<br />

novamente e a retira pegando ela por trás, e sai também levando ela para a<br />

rua).<br />

Cena 2<br />

(Os entregadores batem palmas e chegam com o robô e Lyza os recebe).<br />

Lyza: Acho que vocês poderiam colocar a caixa um pouco, mais pra lá, ali irá<br />

atrapalhar minha mãe. (eles voltam e ela mais uma vez delira com a cena).<br />

Lyza: Nossa...<br />

Eros (entrando e pegando mais pistas): Outra prova do crime. E mais outra.<br />

Vou verificar na área de serviço, mas antes (olha para o embrulho e fica<br />

pasmo, sai).<br />

Luzia (vindo do quarto): Ah, até que enfim chegou. Pode parar de sorrir agora<br />

filha.<br />

Lyza: Não consigo, mãe.<br />

Luzia (agarrando ela): Como assim filha, não me assuste. Meu Deus, volte ao<br />

normal, minha filha (joga a filha atrás do sofá, arregaça as mangas de sua<br />

blusa e lutam como se fosse vale tudo, atrás do sofá, num momento Lyza<br />

ergue por cima do sofá uma placa escrita “HELPI” tudo com uma música<br />

animada, quando Luzia para de bater em Lyza, ela está toda desconjuntada e<br />

com a boca torta, e sua mãe a conserta novamente e a abraça).<br />

Lyza: Mãe, eu estava brincando, precisava me deixar sangrando, precisava?<br />

(sai).<br />

Luzia: Uhu! Minha encomenda.<br />

Genésio (vindo da cozinha): Gastando bem o dinheiro da família não é<br />

encosto?(e tropeça na caixa, pois é meio cego).<br />

Luzia: Meu sogro além de cego é xereta .<br />

Genésio: Eu num sô cego, e nem to surdo (dá uma bengalada nela).<br />

Luzia: Ai vai passear vai, seu pinico já está prontinho pra ser detonado.<br />

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Genésio: Preciso trocar de oculista... Só ele pra dar um jeito no meu “zóio” (sai<br />

para o quarto).<br />

Eros (chegando): Mãe... Acho que atropelei um pingüim na Dona Gertrudes<br />

(trocar por uma rua famosa onde for apresentar a peça).<br />

Luzia: Aqui não tem pingüins filho. Brasil, país tropical, samba no pé...<br />

Eros: Era uma freira então, coitada, está lá estraçalhada. Mas mãe, mudando<br />

de pingüim pra ganso, quero dizer de pato pra ganso, o que tem naquele<br />

saquinho que o vovô não larga?<br />

Luzia: Pergunte a ele...<br />

Eros: Já perguntei, fiz um interrogatório com mais de vinte perguntas.<br />

Luzia: E o que ele respondeu?<br />

Eros: Nada, dormiu na terceira.<br />

Luzia: E porque você não parou de perguntar quando ele dormiu?<br />

Eros: Ah, eu me empolguei nas perguntas e nem vi que ele dormiu e também,<br />

eu tenho outros compromissos, questionar a senhora sobre essa caixa e<br />

também recolher mais provas.<br />

Eros: Não se mexa (tira algo do cabelo da mãe), uma pista...<br />

Luzia: Esse é o Fred.<br />

Eros: É eu nunca vi uma pista com perninhas (pisa e mata o Fred, Luzia<br />

chora). Bom, minhas investigações vão muito bem... (sai).<br />

Luzia: Enfim sós. (desembrulha, pega o manual).<br />

Luzia: “Para ligar é só dizer: H269 acionar” H269?<br />

H269: Boa tarde, senhorita.<br />

Luzia: Senhora, por favor... (manual) “ele possui alguns controles básicos, faça<br />

a demonstração antes de qualquer contato”. “Diga que me ama”.<br />

H269: Eu te amo.<br />

Luzia: “Ajustável o tamanho” Tamanho do que? (se toca) Uhhhu!! “de quinze a<br />

trinta centímetros” Onde está um lugar, vou desmaiar (se joga no sofá).<br />

Luzia (senta e continua com os testes): Diga que sou a mulher mais bela do<br />

mundo.<br />

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H269: Você é a mulher mais bela do mundo.<br />

Luzia: Tem certeza?<br />

H269: Não. Continua sendo a Branca de Neve!<br />

Luzia: Mas pelo menos ele diz e o meu marido nem mentindo. Cacete!<br />

H269 (ele convida): Vamos pra cama. (o robô está de costas pra platéia, ela<br />

percebe o que está acontecendo, se faz de desentendida e disfarça)<br />

Luzia: Ele está com algum defeito na perna. (agacha, e pôe a cabeça por baixo<br />

da perna e olha pra platéia) eu acho que não é na perna. (lendo o manual)<br />

“Ajustar maneira de andar”... Pronto.<br />

Luzia: “H269, faça massagem” (o robô obedece) Ai, ai, quando Lyza ver isso,<br />

irá ter um surto.<br />

Lyza: Mãe, ah, a senhora está aí. Esse então é o tal robô. Bonitão. Mas que<br />

maravilha.<br />

H269: Maravilha é a senhorita.<br />

Lyza: Oh, ele fala de verdade.<br />

H269: Leia o manual de instruções.<br />

Luzia (escondendo o manual) Nada disso, o H269 é meu.<br />

Lyza: Só uma demonstraçãozinha. Afinal, estou tão sozinha. Quero um<br />

namorado. Vou morrer virgem.<br />

Luzia: Eu escolho. (folheia o manual) Minha nossa, “H269 faça amor comigo”<br />

(o robô recomeça o fogo, mas Luzia se desvia).<br />

Lyza: Deixa-me ir no lugar da senhora. (agarra a H269).<br />

Luzia: Nada disso, nenhuma de nós duas. Vamos, lá pra dentro e deixe o robô<br />

quieto aí na sala. “H269 volte ao módulo normal”<br />

Lyza: Vou morrer virgem... (Luzia a arrasta para a cozinha levando também os<br />

embrulhos do robô, Telma chega e grita).<br />

Telma: Bom dia!<br />

Marcos (gritando do fundo): Eu estou arrancando mandioca.<br />

Telma: Eu estou falando bom dia, Marcos...<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Marcos: É, mandioca vassourinha...<br />

Telma: Como vai a Luzia?<br />

Marcos: Está aguada, mas dá pra comer...<br />

Telma: Ah, essa família é de amargar... (vai saindo).<br />

Marcos: Depois você volta pra pegar... (lá vem o Vovô Genésio ao som da<br />

música “The Wiz” andando e se depara com o robô).<br />

Genésio (olha para a platéia, volta o olhar no robô): Quem é ocê fio?<br />

H269: “Vim para prestar serviços de toda e qualquer natureza”.<br />

Genésio: Uai, Que negócio é esse? O louco, puxa, faz tempo que não via um<br />

desse, óia só. (para a platéia) Óia, o vô vai falar uma coisa pro cêis, o do vô já<br />

foi assim, parecia essas banana de metro, agora só sobrou a casca pra contar<br />

história... Mas o vô vai olhar de novo (risadinha) Cacete! (o robô é ativado e vai<br />

para o lado dele agarrando-o).<br />

H269: Vamos pra cama!<br />

Genésio: Tua mãe vai junto... Socorro! Luzia, Eruzin, acode o vô (dá<br />

bengala<strong>das</strong> nele, sem sucesso,e o leva para o quarto, black-out para o H269<br />

retornar ao palco).<br />

Cena 3<br />

(Entram Telma, e Luzia com sacolas de compras. O robô já está posicionado,<br />

em pé.<br />

Telma (avistando o robô): O seu é moreno. O meu é loiro, dos olhos azuis.<br />

Luzia: Há diferença?<br />

Telma: O fogo. Morenos são mais calientes. (se esfrega no robô) Fogo que<br />

sobe (descendo), fogo que desce (subindo)Não, é ao contrário (...) (Lyza<br />

retorna).<br />

Genésio (passando atrás delas): Ai, ai, a bunda do vô ta parecendo uma rosa<br />

no outono, vermeia e despedaçada.<br />

Lyza: O vô está com caganeira de novo.<br />

Luzia: É graça, estava bom até pouco tempo.<br />

Lyza: Mãe, ele não é mais novinho e forte como antes, às vezes dá um<br />

revertério (olha pra Telma) nas pessoas com idade avançada, é normal.<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Eros (entrando, H269 o segue com os olhos): E ele ainda carrega o saquinho e<br />

não deixa ninguém ver. E quem é esse?<br />

H269: Prazer em conhecer, sou o H269, propriedade de Luzia, a mulher mais<br />

bela do mundo (interferência por causa da presença do Genésio) Ai, está<br />

doendo. Pare, continue, pare, pare, continue. Devagar. É muito grande,<br />

diminua. Pare... continue (Genésio sai de fininho, Luzia dá um pedala robinho<br />

no robô pra ele parar).<br />

Lyza: Vô, o senhor já tomou remédio hoje?<br />

Genésio: O de trinta ainda não é muito grande, só o de vinte... (sai).<br />

Eros: O meu nome é Eros, prazer. Sou detetive. (o robô aperta a mão dele e<br />

ele agacha de dor) nossa precisa apertar com tanta força (abana a mão como<br />

se estivesse trêmula) fiquei que nem o vovô, olha... (encontra um fio de cabelo<br />

no robô) a prova do crime. Parece um fio de cabelo do vovô, e não é lisinho, é<br />

melhor averiguar... (sai).<br />

Luzia: Gostaram dele? É o mais novo integrante da família.<br />

Telma e Lyza: Adoramos!<br />

Marcos (entrando com uma mandioca e a deixa cair): É um absurdo. Ser<br />

trocado por uma lata velha.<br />

Luzia: H269 se defenda.<br />

H269: Não há defesa gravada, acesso negado.<br />

Marcos: O cúmulo do absurdo. O que ele faz?<br />

Luzia: Simples. Diga o que há de diferente em mim Marcos?<br />

Marcos: Você está sem o avental?<br />

H269: Você fez as unhas hoje, está maravilhosa. (Telma e Lyza comemoram).<br />

Luzia: Mais uma coisa.<br />

Marcos: Sua mão está gelada?<br />

H269: Seu cabelo está liso agora, ficou muito bonito, está ainda mais bela.<br />

(Telma e Lyza comemoram).<br />

Marcos (saindo nervoso): É inaceitável.<br />

Luzia (gritando) Os homens acham que só servimos pra lavar e passar...<br />

Lyza e Telma: E cozinhar...<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Luzia: E cozinhar...<br />

Eros: Pra soltar uma graninha também, no fim do mês. Nê, mãe?...<br />

Telma: O robô deixou meu marido mais esperto, os dois fazem concorrência à<br />

noite em casa.<br />

Luzia: Sério? E quem ganha?<br />

Telma: O robô, é claro.<br />

Luzia: Bom, o papo está bom, mas tenho alguns afazeres. (vai para a cozinha).<br />

Telma (com uma revista): Me diga, estou tentando resolver esse joguinho.<br />

Otorrinolaringologista, é o que mesmo?<br />

Lyza: Simples, imagine, você entra numa loja e de repente o atendente lhe<br />

recebe com um sorriso e você vê a língua dele por que ele abre a boca, então<br />

você acha graça nisso e se põe a rir.<br />

Telma: E?<br />

Lyza: Eu to rindo da língua do lojista.<br />

Telma: Sério? E podólogo então?<br />

Lyza: Ora, são pessoas que podam árvores, plantas... Ervas daninhas, ervas<br />

ou não...<br />

Telma: Tem certeza?<br />

Lyza: Confie em mim. Eu só tirava dez em Educação Física.<br />

Telma: É eu sou a pessoa mais ignorante desse mundo...<br />

Lyza: Não, você só não estudou Educação Física...<br />

Telma: Pediatra?<br />

Lyza: Médico de pé.<br />

Telma: Está falando sério?<br />

Lyza: Sei o que estou dizendo. A área da medicina que mais me interessa é a<br />

arquitetura...<br />

Telma: Puxa Lyza, sua inteligência me fascina.<br />

Lyza: Olha um exemplo, meu avô está precisando ir ao oculista.<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Telma: Eu não sabia que existia médico pra isso.<br />

Lyza: Pois então.<br />

Telma: Mudando de assunto, sua mãe já testou a virilidade do robô?<br />

Lyza: Não, eu quero testar, mas ela nem me deixa chegar perto.<br />

(Nisso, passa o vovô e faz um sinal para o robô que já o segue).<br />

Telma: Ora, a Luzia está ocupada, e ele é um robô. Nem ficará cansado,<br />

lembre-se disso. Você está perdendo tempo.<br />

Lyza: Verdade vou fazer isso então. (se levanta para levar Telma até a porta e<br />

ao voltar animada percebe que o robô não está ali, e passa a procurá-lo).<br />

(Entra Marcos na frente e depois Eros).<br />

Eros: Pai me ajude aqui nesse vinho?<br />

Marcos: Claro, filho. O que houve? Nunca me oferece vinho... (olha dentro do<br />

copo) o copo está vazio filho...<br />

Eros: É vinho seco... Voltando ao assunto lá de fora, sinto muito, mas não<br />

posso ajudá-lo pai, a mãe melhorou comigo depois da chegada do H269, ela<br />

está lavando as minhas meias, meu tênis.<br />

Marcos: Ela está louca então, chegar perto da sua meia? Há uns dois ninhos<br />

de gambá debaixo da sua cama.<br />

Eros: Precisa contar isso perto dos outros?<br />

Marcos: Estamos sozinhos aqui... Onde você pensa que estamos? Num<br />

teatro?<br />

Eros: Claro! Olha o diretor ali, e olha aquela moça ali que fez chapinha só pra<br />

vir no teatro, e aquele moço, nossa o povo se arruma mesmo pra vir ver a<br />

gente , não é? Que honra!<br />

Marcos: Só vejo parede filho, e olha preciso consertar essa rachadura aqui...<br />

Olha não me vá pegar a doença de sua mãe que vê coisa demais.<br />

Eros: Está bem, se quiser, dê o sumiço no robô, mas sozinho.<br />

Marcos: Pois será essa madrugada.<br />

Eros: Eu não estou sabendo de nada, nem te conheço... Quem é você?<br />

Marcos: Eu sou seu pai...<br />

Eros: Papai? (abraça) Papai (quase o deixa sem fôlego)<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Marcos: Puxa, você quase me matou, seu estômago é muito alto.<br />

Eros: Pai, não se mexa!<br />

Marcos: O que foi? (Eros arranca outro fio da cabeça de Marcos) Mais uma<br />

prova do crime. (sai).<br />

Marcos: Só quero ver no que vai dar isso, “uma prova do crime” “outra prova<br />

do crime”.<br />

Genésio ( chega gemendo): Ai, ai,...<br />

Marcos: Está com desinteria pai?<br />

Genésio: Só que é de fora pra dentro.<br />

Marcos: Eu nunca vi ninguém cagar de fora pra dentro...<br />

(o robô chega e senta, Lyza entra de olhos fechados e faz sinal para o robô<br />

segui-la).<br />

Marcos: Hei, onde você vai com ele?<br />

Lyza: O senhor está me vendo?<br />

Marcos: Só porque você está de olhos fechados não significa que não estou te<br />

vendo...<br />

Lyza: Pai, me deixa. Eu também sou mulher e tenho o direito de saber se ele é<br />

bom mesmo. (sai com o H269).<br />

Marcos: Mais uma. Pai, aproveitando sua presença, e esse saquinho que o<br />

senhor está carregando há dias?<br />

Genésio: Sim... Sim, são minhas lembrancinhas. Coisa mimosa.<br />

Marcos: Está todo mundo querendo saber o que é. Posso ver?<br />

Genésio: De jeito nenhum<br />

Eros: Pelas minhas investigações pode ser dinheiro...<br />

Marcos: Eu iria adorar...<br />

Eros: Jóias...<br />

Marcos: Sua mãe iria adorar...<br />

Eros: Fotografias...<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Marcos: Isso é com a Telma...<br />

Eros: Ou algo ainda não definido!<br />

Genésio: Você, Roberta Close enrustida, é ou pensa que eu não sei que você<br />

chacoalha o pé de couve?<br />

Marcos: Papai, não seja maldoso. É uma coisa tão importante assim?<br />

Genésio: Me deixa, me solta, ta achando que virou moda, é? Acha que falando<br />

grosso o veio aqui afina? (sai).<br />

Marcos: Eros meu filho. Temos duas coisas pra fazer essa noite.<br />

Eros: Espere aí pai, já volto.<br />

Marcos: Onde você vai... Você não vai sair, não... (Eros se projeta e faz<br />

posição de luta).<br />

Eros: Eu sou faixa preta.<br />

Marcos (imitando o filho): Eu sou cor de rosa... (faz passinho de bailarina<br />

enquanto toca uma valsa)<br />

Eros: Chii... se entregou pai... (sai, Marcos o espera e quando ele volta, está<br />

olhando no fundo da panela de pressão e penteando o cabelo).<br />

Marcos: Aqui não existem espelhos filho?<br />

Eros: O vovô entrou no banheiro e não vai sair tão cedo, porque está gemendo<br />

lá dentro e a Lyza se trancou no meu quarto com o robô...<br />

Marcos: Ah, deixa pra lá. Como eu dizia, temos duas coisas pra fazer essa<br />

noite...<br />

Eros: Jantar e dormir.<br />

Marcos: Depois disso.<br />

Eros: Acordar.<br />

Marcos: Antes disso.<br />

Eros: Sonhar?<br />

Marcos: Cale a boca. Você me ajuda a dar o fim no robô e eu te ajudo a<br />

desvendar o “mistério do saquinho do vovô”.<br />

Eros: Precisa fazer esse suspense todo. “o mistério do saquinho do vovô”.<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Marcos: Você disse que a gente estava num teatro, deixa eu dramatizar um<br />

pouco poxa... E aí, o que você acha? É tentador, não?<br />

Eros: Fechado.<br />

(saem, com semblante de espiões).<br />

Cena 4<br />

[You know I’m no good, Amy Winehouse ]<br />

Lyza (entrando com o robô): Ah... Que tentação, foi a melhor coisa que me<br />

aconteceu até hoje. Melhor que (procura uma lista no sutiã, e ao abrir cai uma<br />

enorme lista com nomes de homens, e vai saindo lendo, enquanto chegam os<br />

dois espiões).<br />

[Missão Impossível]<br />

Marcos: A barra está limpa.<br />

Eros: Pai, nossa... Porque está um breu aqui?<br />

Marcos: Por que não está uma broa. Venha.<br />

(Chega Luzia para mexer com o robô, e eles fingem que são estátuas bem<br />

próximos ao H269).<br />

Luzia: Que estranho, onde será que arrumaram estas duas estátuas<br />

horrorosas? (eles tampam a boca de H269) Olha a pose, dois gays esperando<br />

o ônibus pra ir ao parque. Só pode ter sido a Lyza. (um barulho a faz sair<br />

correndo).<br />

Marcos (indo a frente): Dois gays?<br />

Eros (acompanha Marcos): Indo ao parque pai? Porque não poderia ser para o<br />

Shopping, é moderno pelo menos.<br />

Marcos: Quem mais pode aparecer agora? (barulho)<br />

Eros: Escute, alguém está vindo.<br />

(Surge o vovô... e os dois viram estátua novamente).<br />

Genésio: Tô chegando de mansinho... Sem largar o meu saquinho, ele parece<br />

um jumento, mais pode vim que agora eu agüento (risada).<br />

H269: Há presença humana na sala.<br />

Genésio: Sou eu, meu amigo. Cheguei...<br />

H269: Dois retardados disfarçados de estátua.<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Genésio: Não mude de assunto, venha. Acionar os trinta... Dessa vez eu tenho<br />

que dar conta. Ou vai ou racha o véio de acordo (deixa o saquinho em cima de<br />

algo).<br />

H269: Trinta, acionando (sai com o velhinho).<br />

Eros: Nos demos bem.<br />

Marcos: Agora preciso ir atrás do robô. Pra onde que o seu avô o levou?<br />

Eros: Sei lá.<br />

(Marcos sai. Eros pega o saquinho e após abrir e sentir o cheiro desmaia,<br />

enquanto isso Marcos dá um grito no quarto do Genésio, Black-out).<br />

Cena 5<br />

(Amanhece e todos estão eufóricos, Lyza está toda aérea. Eros está<br />

desmaiado no chão e é Telma que o encontrará ao entrar. Genésio ainda<br />

geme, Luzia está cansada de lavar e cozinhar).<br />

Telma (entrando): Eros... (grita) Gente. Ele dorme na sala?<br />

Lyza (entrando): Esse é de lua. (aparecem Marcos, Luzia e Genésio)<br />

Telma: Eros! (bate na cara dele e ele acorda assustado)<br />

Eros: Mi... mi... mi...mi... (e continua...)<br />

Telma: Milho? Mistério?<br />

Lyza: Mingau? Mina?<br />

Marcos: Minancora?<br />

Luzia: Minhoca? Mineiro!<br />

Eros: Misericórdia.<br />

Todos: Ah, errei (sentam).<br />

Genésio: Família burra que dá gosto!<br />

Marcos: Filho, você conseguiu descobrir o que era o saquinho do vovô?<br />

Genésio (geme, e tenta pegar o saquinho, Telma o segura).<br />

Eros: Eu pensava em qualquer coisa, menos isso. Vejam vocês. Ai está.<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Marcos (abrindo): Meu Deus... (desmaia).<br />

Luzia: Santa Catarina do Rio sem peixe (desmaia).<br />

Lyza: Santo Antonio do pau fincado (desmaia).<br />

Eros: Não vou desmaiar duas vezes (sai).<br />

Telma (pula entre os corpos, pega. Abre, olha, grita e desmaia, caindo com a<br />

boca nos seios de uma <strong>das</strong> duas. Eros retorna e acaba ajudando alguns a<br />

levantar).<br />

Genésio (se referindo a Telma): Mas é lerda até pra desmaiar...<br />

Lyza: Ajuda a minha amiga, ela tem problema de coluna... (Eros a levanta e<br />

quando percebendo que está nos braços de Eros, Telma muda e canta “Piel<br />

Morena de Thalía, toda sensual até a parte “Não soy nada”)<br />

Eros: Não é nada mesmo!<br />

Telma (com sotaque, cantando): Ay caramba! (se junta às amigas).<br />

Eros (voltando, muito nervoso): Eu cansei, vida de detetive só traz desgosto.<br />

Marcos (acordando): Filho... você foi um herói.<br />

Eros: Que herói pai, tanta prova do crime, tanta prova, juntei tanto cabelo, que<br />

resolvi fazer uma peruca. Ai, ai, decidi ser travesti. Dá mais dinheiro que ser<br />

detetive. (Telma vai saindo de fininho).<br />

Lyza: Que horror. Vai me dizer que tem cabelo do vovô nessa peruca seu<br />

indecente! (vai para o quarto).<br />

Eros: E vocês terão que me aceitar assim mesmo.<br />

Genésio: Falei que ele sortava marmita pra fora...<br />

Marcos (drama) Depois de pegar meu próprio pai na cama com o robô<br />

(Genésio sai de fininho) que fiz questão de dar fim essa madrugada, meu filho<br />

também resolveu virar gay.<br />

Luzia: É a prova do crime...<br />

Marcos: O criei em meio a tantos troféus e olha o que ele me apronta.<br />

Marcos: Mas agora é a minha vez de ousar (vai buscar na porta a robô) agora<br />

quem terá uma robô sou eu, e ai daquele que me impedir.<br />

Luzia: Que abuso. Veremos pra que ela irá servir. A propósito, o que você fez<br />

com meu robô?<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Marcos: Mandei para o lixão. Onde é o lugar dele. Eu sou o seu marido. Posso<br />

não ser como antes, mas ainda te amo e você é a mãe dos meus filhos.<br />

Luzia: Marcos que lindo. O robô ainda não tinha me dito isso.<br />

Marcos: E nem vai dizer. Mas eu falo.<br />

Luzia: Sua robô irá servir sim, e muito. (saem apaixonados e dançando uma<br />

música romântica).<br />

Telma (ainda na porta): Seu pai está?<br />

<strong>Descascando</strong> o Abacaxi<br />

Lyza: (com malas): Está tomando banho.<br />

Telma: E a sua mãe?<br />

Lyza: Também está tomando banho, entrou agora com o meu pai.<br />

Telma: Eles vão demorar?<br />

Lyza: Acho que sim, o pai me pediu a vaselina, mas eu só alcancei o superbonder.<br />

Telma: Você vai viajar?<br />

Lyza: Não, vou embora, cansei dessa vida. Mas espere, vou ali pegar o resto<br />

<strong>das</strong> coisas, já volto.<br />

(Lyza pega to<strong>das</strong> as suas malas e passa pela sala puxando o carrinho com o<br />

robô dentro (que pode ser um entulho e o plástico bolha onde ele veio<br />

enrolado).<br />

Marcos e Luzia (de toalha grudados, um ao outro): Lyza?<br />

Luzia: Filha?<br />

Lyza: Depois de ter um avô pervertido, um irmão gay, decidi pegar minhas<br />

coisas e sumir no mundo vou em busca de meu amado.<br />

Marcos: Filha tem certeza que aquilo era vaselina?<br />

Lyza: Bom, (ri)...<br />

Marcos: Onde você encontrou o H269?<br />

Lyza: Eu segui o senhor essa madrugada, me levantei para beber água e vi<br />

quando ia saindo com ele. Vou levá-lo na assistência técnica para dar alguns<br />

ajustes. E não me pergunte porquê! Adeus.<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Marcos e Luzia: Vai com Deus minha filha.<br />

Lyza: Telma, querida, me ajude com as malas, essas duas não as outras...<br />

Marcos(voltam para o quarto e grita): Eros!<br />

Eros (da coxia): O que é?<br />

[Bixa Linda, mona luxo, Dimmy Kier]<br />

(Surge Eros totalmente travesti, e faz um show a parte, desce as esca<strong>das</strong>,<br />

brinca com a platéia, então sobe novamente. Não ultrapassar três minutos de<br />

show).<br />

Marcos e Luzia: Venha até aqui, eu e sua mãe precisamos de uma mãozinha.<br />

Eros: Palavra mágica?<br />

Marcos: Abracadabra!<br />

Luzia: Alakasan!<br />

Eros: Dããããr... (bate na testa com punhos fechados).<br />

Marcos e Luzia: Por favor!<br />

(Eros vai até o quarto e ajuda a desgrudá-los, então berra e volta correndo)<br />

Eros: Credo, o senhor me fez só com isso?<br />

Marcos: E ainda sobrou pra retardada da sua irmã.<br />

Lyza (de fora): Eu estou ouvindo, hen?<br />

Eros: Essa sirigaita não foi embora ainda?<br />

Lyza: Estou esperando o táxi.<br />

Marcos e Luzia (do quarto): A gente te ama filho...<br />

Eros (vindo todo satisfeito): Eu sei... Parece que tudo se acertou. Vida pra<br />

frente, é o momento de receber um amigo. (a campainha toca, Eros abre e<br />

surge um cara boa pinta e musculoso) Tem certeza que você quer conhecer<br />

meu quarto? (ele não tem tempo pra responder) melhor vamos para sua casa...<br />

[.Bixa Linda] (saem, enquanto vai entrando Telma (da rua) e Luzia (do quarto)<br />

(surgem andando com a perna aberta).<br />

As duas: O que houve?<br />

Telma: Talco com perfume amiga... Está ardendo tanto... E você?<br />

Luzia: Ter filhos é padecer no paraíso. Eles acertam na hora errada e erram na<br />

hora certa.<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Telma (sentando) Seu marido comprou mesmo uma robô?<br />

Luzia: Sim, e ela tem uma grande utilidade.<br />

Telma: É? Qual?<br />

Luzia: Ermelinda... Código Um.<br />

(Surge a robô, com avental, espanando e trazendo café, petiscos e sorrindo).<br />

Telma: Nossa...<br />

Luzia: Isso me lembra um antigo ditado que diz; quem não dá assistência, abre<br />

mão pra concorrência, não é? (pisca pra platéia).<br />

Telma: Bom, vou embora, ver se ainda está em cartaz a peça que perdi no dia<br />

do velório de Dona Zileide. (Luzia a leva até a porta).<br />

Marcos (entrando com as pernas abertas): Amor, venha, está na hora de<br />

descansar um pouco.<br />

Luzia: Você fica tão sexy andando assim... (curte o momento) Dá uma voltinha<br />

pra sua mulher..., volta lá e vem de novo (ele obedece).<br />

Marcos: Você acha...?<br />

Luzia: Claro que sim, eu mentiria pra você meu garotão do banheiro... Ah,<br />

sabe, está faltando uma coisa...<br />

Marcos: O que meu amor?<br />

Luzia: Afinal, não sei o que é aquilo dentro do saquinho que o seu pai<br />

carregava. Desmaiei pelo cheiro, mas não deu tempo de ver o que era.<br />

Marcos: Pegue lá, vamos ver...<br />

Luzia: Quer que eu tire?<br />

Marcos: Está todo mundo curioso pra saber o que é...<br />

Luzia: Todo mundo quem?<br />

Marcos: Ora, você não me disse que vive ouvindo risa<strong>das</strong> e gargalha<strong>das</strong> pela<br />

casa?<br />

Luzia: Eu? Ah, verdade...<br />

Marcos: Então tira. (o pano começa a fechar).<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Luzia: Marcos...<br />

Marcos: Tira...<br />

Luzia: É nojento. Tire você.<br />

Marcos: Tira. O tempo está acabando.<br />

Luzia: Ah, bem, tira você, que nojo.<br />

Marcos: Me dá aqui. (tira).<br />

Luzia: O que é isso? Está com um cheiro estranho, parece bacalhau (o pano<br />

se fecha) eu não acredito que seu pai teve a coragem de guardar isso (o pano<br />

se abre).<br />

Marcos: Sou filho de um tarado...<br />

Genésio (lá do fundo): Eu ouvi hen... Ai... Meu saco... Porque dói tanto?<br />

Racharam o véio no meio...<br />

[Indecisos, Los goiabas]<br />

FIM<br />

Agradecimentos:<br />

A TODOS AQUELES QUE COLABORARAM PARA QUE ISTO SE TORNASSE REALIDADE.<br />

Peça participante do 20º Festival de Teatro Atílio Eduardo Gallo Lopes, da cidade de São João da<br />

Boa Vista – SP, apresentada no dia 20/08/2008, sob os olhares atentos <strong>das</strong> jura<strong>das</strong> Suia<br />

Legaspe e Cleide Fayad que elogiaram o ritmo da comédia e as coreografias além do visível<br />

trabalho em equipe realizado pela <strong>Cia</strong> Viravolta, afinal se trata de uma mega produção.<br />

Prêmios:<br />

Melhor Maquiagem (Junior Almeida)<br />

Melhor Figurino (<strong>Cia</strong> Viravolta)<br />

Melhor Diretor (Betho Ragusa)<br />

1º lugar melhor atriz (Liriane Tenari, como Genésio Simão Strayburt)<br />

1º lugar melhor ator (Junior Almeida, como Lyza Strayburt)<br />

2º lugar melhor ator coadjuvante (Hediene Zara, como padre José Juarez)<br />

Ator revelação (Lucas Tassoni, como H269)<br />

Atriz revelação (Marília Almeida, como Luzia Strayburt)<br />

3º lugar melhor ator (Marcelo Carvalho, como Eros Darlo Strayburt).<br />

CIA VIRAVOLTA DE TEATRO – ANO V - DESPERTANDO EMOÇÕES – BETHO RAGUSA<br />

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DE VEZ EM QUANDO É NECESSÁRIO DESCASCAR O ABACAXI, VOCÊ JÁ FEZ ISSO HOJE?<br />

Ficha Técnica<br />

Elenco<br />

Betho Ragusa, como Telma Spinelli<br />

Junior Almeida, como Lyza<br />

Caccá Leal, como Marcos Strayburt<br />

Marcelo Carvalho, como Eros<br />

Hediene Zara, como padre<br />

Marília Almeida, como Luzia<br />

Lucas Tassoni, como H269<br />

Liriane Tenari, como Genésio<br />

Gisele Galeto, como Bêbado e Ermelinda<br />

Elenco de apoio/Contra-regragem:<br />

Perla Renata, como “a defunta misteriosa”<br />

Andresa Cantos, como parente da defunta<br />

Clayton Cirino, como parente e entregador do robô<br />

Júlio Carvalho, como parente e entregador do robô<br />

Amanda Rodrigues, como parente da defunta<br />

Iluminação<br />

Perla Renata<br />

Sonoplastia<br />

Michele Almeida<br />

Assistente de palco<br />

Michele Almeida<br />

Maquiagem<br />

Junior Almeida<br />

Cenário:<br />

Caccá Leal<br />

Coreografia<br />

Junior Almeida<br />

Caccá Leal<br />

Direção<br />

Betho Ragusa<br />

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