biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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Ressalte-se que pela observação das mudanças no tradicional padrão da divisão sexual<br />
do trabalho apontadas por Hiratta (2007), é possível também perceber um conjunto <strong>de</strong><br />
modalida<strong>de</strong>s diferenciadas <strong>de</strong> socialização combinando-se entre si para a reprodução e/ou<br />
transformação renovada das relações sociais, ou seja, nas relações <strong>de</strong> gênero. Ainda que em<br />
passos lentos, observa-se a construção <strong>de</strong> novas relações, baseadas em uma nova<br />
compreensão do ser humano mulher e homem.<br />
Por exemplo, na família (com alterações em sua estrutura), na escola (com diversos<br />
arranjos), nas relações sexuais (os diferentes padrões <strong>de</strong> sexualida<strong>de</strong>), esses mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong><br />
socialização parecem cada vez mais diversificados, modificados e, ao mesmo tempo, visíveis.<br />
Seus <strong>de</strong>sdobramentos se fazem muito presentes nas relações individuais e coletivas e<br />
compreen<strong>de</strong>m uma espécie <strong>de</strong> reviravolta no modo <strong>de</strong> pensar e agir dos homens e das<br />
<strong>mulheres</strong>.<br />
A família - mundo <strong>de</strong> ação concreto <strong>de</strong>sses sujeitos e principal ambiente <strong>de</strong><br />
socialização e <strong>de</strong> reprodução <strong>de</strong> valores e padrões culturais dos indivíduos - é um domínio da<br />
vida que mais tem anunciado mudanças, principalmente nos modos <strong>de</strong> construção biográfica<br />
das <strong>mulheres</strong>. A força <strong>de</strong>sse argumento é encontrada nos estudos <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros (2002) sobre as<br />
novas configurações familiares, pela ótica <strong>de</strong> gênero.<br />
Com base em dados publicados pelo IBGE (PNAD E CENSO 2001), a autora<br />
constatou que a organização interna da família brasileira, a partir da década <strong>de</strong> 90, apresentou<br />
novos arranjos familiares , marcados por separações e divórcios constantes, mas também, e<br />
contraditoriamente, pelo crescimento dos recasamentos (MEDEIROS, 2002, p.01). Esses<br />
novos arranjos são marcados, principalmente, por mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> famílias monoparentais, a<br />
maioria <strong>de</strong>las formada por mães e filhos.<br />
Segundo Hasenbalg (2003), um dos grupos mais vulneráveis à pobreza é o<br />
<strong>de</strong> domicílios chefiados por <strong>mulheres</strong>, categoria social que cresceu<br />
significativamente, nas duas últimas décadas, no amplo contexto da América<br />
Latina, particularmente nas regiões urbanas (BANDEIRA, 2005, p.17).<br />
À luz <strong>de</strong>ssas mudanças (provocadas <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> 1930, como resultado das<br />
transformações mo<strong>de</strong>rnizantes) no interior das famílias e nas condições sociais e econômicas,<br />
essas <strong>mulheres</strong> passaram a ter o seu papel social re<strong>de</strong>finido (MEDEIROS, 2002).