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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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Esse paradigma da parceria po<strong>de</strong>ria alimentar uma prática <strong>de</strong> divisão das<br />

tarefas domésticas no casal no plano individual , porém as pesquisas <strong>de</strong><br />

emprego do tempo realizadas pelo Insee na França, em 1986 e 1999 (por<br />

exemplo, Brousse, 1999), mostram que a realida<strong>de</strong> das práticas sociais não<br />

confirma a atualida<strong>de</strong> <strong>de</strong>sse mo<strong>de</strong>lo.<br />

Diante disso, o que se percebe é que, embora a óptica da conciliação represente um<br />

avanço por permitir o acesso das <strong>mulheres</strong> ao emprego, [...] não po<strong>de</strong> se <strong>de</strong>senvolver fora do<br />

contexto <strong>de</strong> reflexão sobre as modalida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reprodução da servidão doméstica , uma vez<br />

que a atribuição do trabalho doméstico às <strong>mulheres</strong> [...] continua sendo um dos problemas<br />

mais importantes na análise das relações sociais <strong>de</strong> sexo/gênero (HIRATTA, 2007, p.607).<br />

Baseando-nos nessas reflexões, que dizem respeito às novas configurações da divisão<br />

sexual do trabalho - compreendidas por Hiratta (2007) como a passagem do mo<strong>de</strong>lo<br />

tradicional para os mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> conciliação e <strong>de</strong> <strong>de</strong>legação 31 ; bem como pela distinção dos<br />

seus princípios 32 (um <strong>de</strong> separação e um hierárquico) e reconhecimento <strong>de</strong> suas<br />

modalida<strong>de</strong>s 33 , é que vislumbramos as diversas possibilida<strong>de</strong>s que as <strong>mulheres</strong> têm <strong>de</strong> se<br />

construírem biograficamente e <strong>de</strong> contribuírem com as transformações sociais, inclusive as<br />

alterações nas relações <strong>de</strong> gênero.<br />

O fato <strong>de</strong> terem uma oportunida<strong>de</strong> particular <strong>de</strong> fazer acessível aquele saber <strong>de</strong> fundo<br />

biográfico (DAUSIEN, 2007, p.39), já que o valor <strong>de</strong> orientação das prescrições do mundo da<br />

vida para as suas ações concretas é limitado, faz com que as <strong>mulheres</strong> tenham acesso, nesses<br />

novos tempos, a possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> que antes não dispunham, como por exemplo, a autonomia<br />

em relação ao rumo que preten<strong>de</strong>m dar às suas próprias vidas. Mediante o aproveitamento <strong>de</strong><br />

suas experiências biográficas, mais do que os homens, elas têm maiores chances <strong>de</strong><br />

transgredir os limites traçados socialmente, que <strong>de</strong>finem/<strong>de</strong>terminam seu espaço <strong>de</strong> ação<br />

como mulher (DAUSIEN, 2007, p.41), e buscarem outros espaços <strong>de</strong> atuação (não só a<br />

família), outras experiências e, com elas, novas oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>aprendizagens</strong> biográficas<br />

que lhes permitam a reconstrução <strong>de</strong> si mesmas, enquanto sujeitos.<br />

31 Esse mo<strong>de</strong>lo é o que se refere à <strong>de</strong>legação do trabalho doméstico e familiar <strong>de</strong> <strong>mulheres</strong> para outras <strong>mulheres</strong>.<br />

32 O princípio <strong>de</strong> separação implica a compreensão da existência <strong>de</strong> trabalhos <strong>de</strong> homens e trabalhos <strong>de</strong><br />

<strong>mulheres</strong>. Já o princípio hierárquico implica a compreensão <strong>de</strong> que um trabalho <strong>de</strong> homem vale mais que um<br />

trabalho <strong>de</strong> mulher (HIRATTA, 2007).<br />

33 Por modalida<strong>de</strong>s , enten<strong>de</strong>mos, por exemplo, a concepção do trabalho reprodutivo, o lugar das <strong>mulheres</strong> no<br />

trabalho mercantil etc. (HIRATTA, 2007, p.600).

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