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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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De modo semelhante, mas se utilizando <strong>de</strong> paradigmas biográficos, Dausien (1996)<br />

analisa os novos modos <strong>de</strong> divisão sexual do trabalho. O argumento que fundamenta as suas<br />

reflexões se firma na seguinte pergunta: Qual o peso da questão profissional (formação,<br />

profissão, carreira, condições <strong>de</strong> existência) e da questão familiar (relações, filhos,<br />

sexualida<strong>de</strong>, projeto familiar) para os planos <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> uma mulher?<br />

Numa tentativa <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a essa questão, Dausien (1996), apud Lisboa (2006)<br />

apresentou quatro mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> vida das <strong>mulheres</strong>, que muito se encaixam na realida<strong>de</strong><br />

brasileira: o primeiro mo<strong>de</strong>lo foi chamado <strong>de</strong> Vida pela meta<strong>de</strong> , que <strong>de</strong>corre da opção pela<br />

família, em <strong>de</strong>trimento da profissão; o segundo ela chamou <strong>de</strong> Vida dupla , pois, através<br />

<strong>de</strong>le, as <strong>mulheres</strong> buscam - sob duras penas - a conciliação dos dois aspectos da estrutura<br />

social: família e trabalho; o terceiro mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong>nominou <strong>de</strong> Vida <strong>de</strong>scontínua , por ser cada<br />

vez mais comum as <strong>mulheres</strong> precisarem interromper a vida profissional para terem um filho,<br />

ou abdicar da carreira para acompanhar um cônjuge que mudou o local <strong>de</strong> trabalho, por<br />

exemplo; o quarto e último mo<strong>de</strong>lo ela chamou <strong>de</strong> Vida não-vivida , correspon<strong>de</strong> à vida<br />

daquelas <strong>mulheres</strong> que se sacrificam pelos outros e não conseguem conquistar sua autonomia.<br />

Esses são, portanto, alguns exemplos que levam Dausien (1996) a afirmar que as trajetórias <strong>de</strong><br />

vida das <strong>mulheres</strong> são bem mais complexas que as dos homens.<br />

A reflexão em torno <strong>de</strong>sse segundo mo<strong>de</strong>lo, é, no entanto, o que move as discussões<br />

<strong>de</strong> Hiratta (2007) sobre as novas configurações da divisão sexual do trabalho. Um exame mais<br />

apurado sobre o que pensam outros pesquisadores acerca <strong>de</strong>ssa conciliação (família e<br />

trabalho) fez com que ela constatasse opiniões como as suas. Esses pesquisadores propunham<br />

a substituição do termo conciliação por conflito , tensão , contradição . A i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> todos<br />

eles, inclusive <strong>de</strong> Hiratta (2005), é a <strong>de</strong> se evi<strong>de</strong>nciar a natureza conflituosa da incumbência<br />

simultânea <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong>s profissionais e familiares às <strong>mulheres</strong>.<br />

Ao que parece, eles enten<strong>de</strong>m que a realida<strong>de</strong> das práticas sociais contemporâneas<br />

<strong>de</strong>senvolvidas entre os gêneros não converge com o princípio <strong>de</strong> parceria 30 , tal como foi<br />

preconizado na 4ª conferência Mundial sobre as Mulheres, organizada pela Organização das<br />

Nações Unidas, em Pequim, em 1995. Nesse sentido, Hiratta (2007, p.604) adverte:<br />

30 Através <strong>de</strong>sse princípio, as <strong>mulheres</strong> e os homens são consi<strong>de</strong>rados parceiros no <strong>de</strong>senvolvimento dos papéis,<br />

exercendo relações mais em termos <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong> que <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r (HIRATTA, 2007).

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