biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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femininos, como vimos nos <strong>de</strong>poimentos acima, são os rompimentos biográficos (por<br />
exemplo, abrir mão da carreira profissional ou <strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> escolarização para cuidar do<br />
filho recém-nascido), ou, em alguns casos, a combinação <strong>de</strong> experiências biográficas.<br />
Embora se observe que as <strong>mulheres</strong> buscam, cada vez mais, conciliar a vida<br />
profissional (trabalho, formação) com a pessoal (sexualida<strong>de</strong>, família), ainda é muito comum,<br />
nos itinerários <strong>de</strong> suas vidas, a negação (ou suspensão) <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminadas experiências,<br />
provocadas tanto por tais rompimentos biográficos (como o fato <strong>de</strong> terem um filho e<br />
precisarem abandonar o emprego) quanto pela necessida<strong>de</strong> (alegada por algumas <strong>mulheres</strong>) <strong>de</strong><br />
optarem por uma experiência em <strong>de</strong>trimento da outra, por causa das dificulda<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
articulação entre elas, em um mesmo período <strong>de</strong> tempo.<br />
Por outro lado, concordamos com Dausien (2007, p.37), quando afirma que La<br />
«socialización como mujer» pue<strong>de</strong> significar en un caso concreto una fijación clara en los<br />
roles <strong>de</strong> familia [...] pero en otros casos, la perspectiva doble <strong>de</strong> la profesión y la familia<br />
[...] . Essa afirmação nos faz lembrar dois dos <strong>de</strong>poimentos acima mencionados - o da jovem<br />
<strong>de</strong> 22 anos, quando diz que abandonou os cursos profissionalizantes para cuidar da família, e<br />
o da adulta <strong>de</strong> 30 anos, com curso superior, quando afirma que está sendo possível conciliar a<br />
vida profissional com a familiar.<br />
Essas duas realida<strong>de</strong>s, ainda muito presentes na vida das <strong>mulheres</strong> contemporâneas,<br />
são analisadas por Hiratta (2007) como provenientes da divisão sexual do trabalho. A segunda<br />
realida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> maneira especial, que representa a conciliação entre vida familiar e vida<br />
profissional, é compreendida por Hiratta (2007) como uma<br />
[...] política fortemente sexuada, visto que <strong>de</strong>fine implicitamente um único<br />
ator (ou atriz) <strong>de</strong>ssa conciliação : as <strong>mulheres</strong>, e consagra o statu quo<br />
segundo o qual homens e <strong>mulheres</strong> não são iguais perante o trabalho<br />
profissional. Na própria essência <strong>de</strong>ssa política há um paradoxo: a vonta<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> chegar à igualda<strong>de</strong> pela promoção da conciliação (NOUVELLES<br />
QUESTIONS FÉMINISTES, 2004, p.8; apud, HIRATTA, 2007, p.603).<br />
Com essa citação, a autora apresenta uma compreensão mais ampla acerca da divisão<br />
sexual do trabalho. Uma abordagem que analisa a complementarida<strong>de</strong> do trabalho profissional<br />
e doméstico utilizada pelas <strong>mulheres</strong>, como provedora da reprodução dos papéis sexuados e,<br />
consequentemente, da reprodução <strong>de</strong> um novo tipo <strong>de</strong> <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>.