biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

2. Terminei um curso técnico no CEFET, fiz contabilidade na UFPB e
atualmente tô fazendo uma pós-graduação na mesma área. Desde cedo
comecei a trabalhar, mesmo antes dessas formações. Nunca pensei em abrir
mão do trabalho para formar uma família, sempre achei que essas coisas
podiam ser conciliáveis. Pretendo continuar conciliando a minha vida
profissional e a minha vida pessoal, sem abrir mão de nenhuma das duas.
Não foi fácil quando meu filho nasceu. Mas logo depois da fase de licença
maternidade o coloquei em um berçário e voltei a trabalhar logo em
seguida. Agora, que ele já está grande, continuo trabalhando para ajudar o
meu esposo a construir algo bom para ele no futuro (Mulher adulta de 30
anos, com curso superior, é casada, e tem um filho de cinco anos de idade).
3. Sou pedagoga, e hoje faço mestrado. Há sete anos sou casada, mas não
pretendo ter filho agora. Quero antes concluir essa formação e garantir a
minha estabilidade financeira através da aprovação de algum concurso
público. Após essas etapas eu pretendo realizar o meu desejo de ser mãe
(Mulher adulta de 32 anos, com curso superior, é casada e não tem filhos).
4. Casei e tive filho muito cedo, por causa disso, e também por falta de
condições financeiras, tive que abrir mão dos cursos de enfermagem e de
recursos naturais que iniciei. Se eu tivesse continuado, com certeza eu
estaria bem melhor que hoje, estaria mais independente. Agora, o que eu
espero é que os meus planos de colocar uma doçaria dêem certo e eu possa
reconstruir minha vida. (Mulher, jovem de 22 anos, casada, tem um filho e
está grávida do segundo, tem nível médio completo e cursos técnicos
incompletos).
5. Terminei o ensino médio e fiz um curso técnico de informática.
Atualmente trabalho em uma lan house, mas estou à procura de um emprego
melhor, algo que me dê mais independência, mais horário livre para cuidar
da minha saúde, e uma remuneração melhor pra eu pagar um cursinho prévestibular
ou um bom curso profissionalizante e com isso progredir na vida.
(Mulher, jovem de 20 anos, solteira, com Ensino Médio Completo,
trabalhadora assalariada).
6. Eu tenho o curso de Letras incompleto. Abandonei o curso porque tive
que ajudar meu marido no comércio que ele tinha, e que depois acabou
falindo. Hoje em dia tenho pensado em voltar a estudar, a realizar o sonho
de concluir uma faculdade. Não sei ainda se faço o mesmo curso que iniciei
ou se faço outro. Apesar de já me sentir velha para isso, quem sabe ainda dá
tempo de concretizar o sonho e de garantir a estabilidade da minha família
através dele? Tudo é possível não é? (Mulher de 54 anos, casada há 32
anos, com cinco filhos, tem o superior incompleto).
Pelo que se percebe, o fato de todas as pessoas ouvidas acima serem mulheres não
indica um mesmo posicionamento, uma mesma postura, um mesmo objetivo ou um mesmo
modo de conduzir a vida na sociedade. Há, nesses sentidos, diferenças significativas entre
elas, que acreditamos estarem ligadas às formas como utilizam o saber de fundo biográfico e a