biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
Pressupõe-se, <strong>de</strong>ssa maneira, que os mundos <strong>de</strong> ação concretos on<strong>de</strong> essas relações se<br />
<strong>de</strong>senvolvem (trabalho, contexto familiar, escola e outros espaços educativos etc.),<br />
compreendidos como condicionantes contextuais das ações dos sujeitos, estruturam as<br />
<strong>biografias</strong> (sejam elas masculinas ou femininas), num movimento inter<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte, como que<br />
em um espiral: estructura social (entornos <strong>de</strong> acción) y la estructura individual (construcción<br />
biográfica).<br />
Nesse movimento, homens e <strong>mulheres</strong> po<strong>de</strong>m somente reproduzir o que está<br />
<strong>de</strong>terminado sócio-historicamente para o seu gênero; como po<strong>de</strong>m também romper com essas<br />
<strong>de</strong>terminações e <strong>de</strong>senvolverem ações contraditórias ou alternativas a elas, ligadas a uma<br />
orientação do saber <strong>de</strong> fundo biográfico 26 . Esse saber, segundo Dausien (2007), refere-se<br />
aos exce<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> sentido das construções biográficas. Não há um pleno controle e<br />
consciência racional acerca do seu uso por parte do sujeito, embora seja através <strong>de</strong>le que ele<br />
media as suas ações.<br />
O saber <strong>de</strong> fundo biográfico é utilizado, geralmente, nos momentos mais importantes e<br />
<strong>de</strong>terminantes da vida, por exemplo, [...] cuando efectuamos acciones, tomamos <strong>de</strong>cisiones,<br />
hacemos planes o narramos nuestra historia <strong>de</strong> vida (DAUSIEN, 2007, p.33).<br />
Quando utilizado narrativamente, como reconstrução/reflexão das<br />
vivências/experiências biográficas, o saber <strong>de</strong> fundo contribui para que elas (as experiências)<br />
possam ser ressignificadas, oferecendo aos sujeitos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolverem projetos<br />
<strong>de</strong> ação diferentes para suas vidas, voltados aos seus novos interesses biográficos (DAUSIEN,<br />
2007).<br />
Com base nessa orientação, estamos enten<strong>de</strong>ndo que são as <strong>mulheres</strong> as que têm<br />
utilizado, com mais intensida<strong>de</strong>, esse saber <strong>de</strong> fundo na construção das <strong>biografias</strong> individuais,<br />
pois, nesses novos tempos, são elas (e não, os homens) as mais interessadas (talvez <strong>de</strong>vido à<br />
longa história <strong>de</strong> discriminação e dominação masculina) em se construírem a si mesmas<br />
biograficamente, ou seja, em <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser mulher para o outro e ser mulher para si<br />
(TOURAINE, 2007, p.41). Essa construção requer a articulação das experiências do passado<br />
(e é aí on<strong>de</strong> se recorre ao saber <strong>de</strong> fundo biográfico) com os projetos <strong>de</strong> ação do presente e do<br />
futuro. Nesse processo, surgem, para elas, novas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> ação, <strong>de</strong> comportamentos<br />
alternativos e contrários aos tradicionais, ligados à submissão.<br />
26 Son representadas como saber <strong>de</strong> fondo biográfico aquellas experiencias que no se incluyen en la «línea» <strong>de</strong><br />
la reconstrucción biográfica, experiencias y aspectos contradictorios y resistentes <strong>de</strong> la vida «no vivenciada».<br />
(ALHEIT E DAUSIEN, 2007, p.40).