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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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Em outras palavras, a compreensão <strong>de</strong> que, historicamente, os homens foram os<br />

inventores e patrões da vida social (TOURAINE, 2007) e <strong>de</strong> que ainda existem<br />

<strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s entre os gêneros, não justifica, na compreensão <strong>de</strong> Touraine (2007, p.40), essa<br />

ostentação da vitimização da mulher, pois ele enten<strong>de</strong> que a <strong>de</strong>núncia das <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s teria<br />

mais força se se apoiasse mais na consciência feminina <strong>de</strong> si enquanto sujeito.<br />

Nessa direção, o sociólogo adverte que os objetivos das <strong>mulheres</strong> da era<br />

contemporânea, que po<strong>de</strong>mos chamar <strong>de</strong> era pós-feminista, já não são mais os mesmos<br />

daqueles da era feminista. Isso implica dizer que a luta que elas agora travam não é mais para<br />

garantir a liberda<strong>de</strong> e a igualda<strong>de</strong> em relação aos homens - contra a sua dominação, mas em<br />

favor <strong>de</strong> suas próprias afirmações como sujeitos 24 que se inventam e, como tais, criam o<br />

próprio significado <strong>de</strong> si mesmas. Elas [...] preocupam-se menos com os homens do que com<br />

elas mesmas, porque o objetivo principal é a construção <strong>de</strong> si mesmas (TOURAINE, 2007,<br />

p.83).<br />

As outras estudiosas no assunto sobre as <strong>mulheres</strong>, que acima mencionamos,<br />

ofereceram contribuições a esse trabalho por tratarem nos seus estudos dos principais<br />

domínios da vida das <strong>mulheres</strong> que contribuem para essa (re) configuração biográfica do<br />

gênero, como: o trabalho (e com ele, a remuneração), a família (em suas diversas<br />

modalida<strong>de</strong>s), a educação (escolarização) e a sexualida<strong>de</strong>.<br />

Esses domínios formaram o repertório dos trabalhos <strong>de</strong>ssas <strong>mulheres</strong>/estudiosas, que<br />

se firmaram nas seguintes temáticas: a nova divisão sexual do trabalho (HIRATTA, 2007); os<br />

novos arranjos familiares - alterações da estrutura familiar tradicional (MEDEIROS, 2002); a<br />

situação das <strong>mulheres</strong> no sistema educacional (DAUSIEN, 2007); o gênero, a sexualida<strong>de</strong> e a<br />

construção <strong>de</strong> si (HEILBORN, 1999, TOURAINE, 2007).<br />

As autoras supracitadas <strong>de</strong>monstraram, em seus trabalhos que, ainda que, em alguns<br />

setores, persista-se uma visão discriminatória contra as <strong>mulheres</strong>, são elas as que mais têm<br />

provocado mudanças no modo <strong>de</strong> construção biográfica dos gêneros, no modo <strong>de</strong> conduzir<br />

suas vidas e, com isso, <strong>de</strong> contribuírem com a (re) construção da socieda<strong>de</strong> e da cultura.<br />

Essas mudanças, ou novas formas <strong>de</strong> construção biográfica das <strong>mulheres</strong>, estão no<br />

cerne das reflexões que <strong>de</strong>senvolveremos a seguir.<br />

24 O sujeito, em Touraine (1997), é o esforço do indivíduo para ser um ator. Ele não tem outro conteúdo que a<br />

produção <strong>de</strong>le mesmo (TOURAINE, 1998, p.23).

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