19.04.2013 Views

biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CAPÍTULO III: CONTEMPORANEIDADE E BIOGRAFIAS FEMININAS<br />

Neste capítulo, apresentamos uma reflexão sobre alguns dos discursos produzidos pela<br />

literatura acerca do direcionamento que as <strong>mulheres</strong> têm dado às suas <strong>biografias</strong> na<br />

contemporaneida<strong>de</strong>. Esses discursos se apresentam atrelados às discussões sobre as relações<br />

<strong>de</strong> gênero e seus significados/implicações no processo <strong>de</strong> construção biográfica 22 , tendo como<br />

principais referências teóricas os autores Alheit e Dausien (2007).<br />

A importância <strong>de</strong> refletir sobre <strong>biografias</strong> femininas contemporâneas, em especial, <strong>de</strong><br />

<strong>mulheres</strong> <strong>encarceradas</strong>, <strong>de</strong>ve-se à compreensão <strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> transição da primeira<br />

para a segunda mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>, marcado por uma série <strong>de</strong> mudanças (na socieda<strong>de</strong>, na<br />

economia, no mundo do trabalho, na família, na escola etc.) impactou diretamente o modo <strong>de</strong><br />

construção biográfica dos gêneros, favorecendo os mais diferentes modos <strong>de</strong> construção.<br />

Com a teoria da biograficidad, Alheit e Dausien (2007) analisam essas mudanças e<br />

<strong>de</strong>senvolvem uma análise sociológica direcionada especificamente para a construção<br />

biográfica do gênero. Eles enten<strong>de</strong>m que, com a reconstrução das <strong>biografias</strong>, os indivíduos<br />

reconstroem, ao mesmo tempo, [...] su historia respectiva como mujer o como hombre (en<br />

un <strong>de</strong>terminado contexto social y <strong>de</strong>l mundo <strong>de</strong> vida) (ALHEIT & DAUSIEN, 2007, p.35).<br />

Esses autores compreen<strong>de</strong>m que os sujeitos, além <strong>de</strong> construírem suas <strong>biografias</strong><br />

individuais, também produzem protótipos para as suas <strong>biografias</strong> <strong>de</strong> gênero. Ou seja,<br />

produzem eles mesmos [ ] las prescripciones <strong>de</strong>l mundo <strong>de</strong> vida para las reglas<br />

«masculinas» y «femeninas» <strong>de</strong> la acción biográfica , o que implica dizer que também<br />

po<strong>de</strong>m mudá-las (DAUSIEN, 2007, apud, ALHEIT & DAUSIEN, 2007).<br />

Além <strong>de</strong>les, outros estudiosos, como: Touraine (2007), Hiratta (2007), Me<strong>de</strong>iros<br />

(2002), Rosemberg (2001) e Heilborn (1999), ofereceram a esse trabalho subsídios analíticos<br />

importantes para se compreen<strong>de</strong>rem as configurações biográficas das <strong>mulheres</strong> <strong>encarceradas</strong><br />

do nosso estudo.<br />

A contribuição <strong>de</strong> Touraine (1998) sobre esse assunto se <strong>de</strong>u através das explicações<br />

novas que ele ofereceu para as mudanças em processo na socieda<strong>de</strong>, inclusive o papel do<br />

sujeito/indivíduo (homem e mulher) na or<strong>de</strong>m emergente. Foi, mais especificamente, na obra<br />

Po<strong>de</strong>remos viver juntos? Iguais e diferentes , que i<strong>de</strong>ntificamos essas i<strong>de</strong>ias. Nelas se<br />

ressalta o sujeito como combinação <strong>de</strong> uma i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> pessoal e duma cultura particular com<br />

22 O termo construção biográfica significa não somente o construto biográfico, o produto final das construções<br />

coletivas e individuais, mas também o processo da construção , ou seja, a produção e reprodução em si. E esse<br />

não é somente um ato cognitivo, mas uma complexa relação, uma práxis, que, por sua vez, está amarrada a um<br />

contexto <strong>de</strong> ação pragmática e opera na realida<strong>de</strong> (GONÇALVES & LISBOA, 2006, p.05).

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!