biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

escola, o trabalho, etc.), (re) unindo-os em uma figura com sentido particular. Na prática, essa
integração pode favorecer, de acordo com esses autores, a transformação (ou reelaboração)
dessas experiências e de estruturas de ação inscritas, históricas e socialmente, nos mundos de
vida individuais (ALHEIT E DAUSIEN, 2007).
Para ilustrar essa explicação, citamos o exemplo de um professor que acumula, ao
longo da vida, uma vasta experiência na profissão. Estruturado nessa e em outras experiências
que adquire na relação com o mundo e com as demais pessoas do seu meio, ele constrói a sua
biografia individual, mas não ainda a sua biograficidad. Todavia, quando esse mesmo
professor passa a refletir sobre suas experiências (profissionais e pessoais) e, através dessa
reflexão, percebe que pode retirar delas aprendizagens importantes para desenvolver novos
projetos, efetuar novas ações nos seus mundos de ação concretos e adquirir novas
aprendizagens, começa a passar por um processo de transformação e, consequentemente, de
reelaboração e\ou ressignificação dessa experiência biográfica, provocada pela assimilação
subjetiva das aprendizagens ofertadas implícita ou explicitamente ao longo da vida. É nesse
sentido que se pode dizer que a biograficidad se concretizou, ou está se concretizando na vida
desse professor.
Essa breve descrição de fatos reforça o caráter da construtividade social da
biograficidad. Sobre isso, Alheit e Dausien (2007, p.32) comentam:
En las construcciones biográficas, individuos concretos (la mayoría)
muestran con ello no sólo la índole de construcción social de la biografía,
sino también la índole de construcción biográfica de la realidad social. La
reproducción y transformación de constructos y componentes de la
experiencia sociales ha de pasar, en cierta medida, a través del «ojo de la
aguja» de la reproducción biográfico-individual. Dicho de otro modo, que
también a la producción y reproducción de las estructuras de sentido y de
acción sociales subyacen, sin embargo, las reglas obstinadas de la
articulación biográfica21. Para conceptualizar essas ideas, de que las
construcciones biográficas forman el polo opuesto dialéctico a la
socialidad, Alheit ha propuesto el concepto de «biograficidad»
[Biographizität] (cfr. 1990a, 1992, 1993b).
21 Schutze ha descrito algunas reglas básicas de essa articulación con sus «figuras cognitivas». Sería
interesante investigar los «principios de construcción» correspondientes también en otros planos de la
elaboración subjetiva, como, por ejemplo, en el ámbito de las emociones (cfr. Mader, 1994) o en el plano del
saber del cuerpo.