biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

Essas palavras evidenciam que o que uniu entre si esses paradigmas da Aprendizagem
ao Longo da Vida das décadas acima referidas, acabando também por se unir aos demais, que
surgiram na década de 1990, foi a descrença na educação inicial oportunizada em contexto
escolar. A mensagem básica de todos eles, nos textos que se publicavam, apontava para a falta
de credibilidade na escola, de sua capacidade de alcançar, sozinha, objetivos ligados à
promoção da igualdade de oportunidades e à qualificação básica dos educandos para o
mercado de trabalho, os quais pareciam emergentes naqueles contextos sociais onde a APLV
(aprendizagem ao longo da vida) ganhou força.
Assim, a importância dada aos referidos paradigmas da Aprendizagem ao Longo da
Vida, nos respectivos períodos, deveu-se a esse consenso entre os acadêmicos e os executores
das políticas, no que diz respeito à ineficácia da educação escolar. Vale registrar que, ainda
que essa perspectiva tenha ganhado terreno no discurso político das sociedades mais
desenvolvidas, na prática, poucos progressos, ligados ao desenvolvimento cultural e social das
pessoas decorrentes de sua aplicação, foram vistos.
Para Kallen (1996), não houve esses progressos, porque quando as organizações
adotaram esses paradigmas, reduziram-nos a algumas dimensões específicas ligadas
unicamente aos seus interesses. Dessa forma, desconsideraram os objetivos libertadores,
emancipatórios e politicamente progressistas que a proposta abarcava.
Na nossa compreensão, talvez essa falta de progressos se devesse também (e talvez
ainda hoje se deva) ao fato de nem todas as pessoas conseguirem os laços e/ou os vínculos
capazes de provocar tais progressos e a emancipação desejados, devido às circunstâncias de
suas vidas, podendo isso indicar que as aprendizagens adquiridas ao longo da vida são
capazes de abrir outras possibilidades, ligadas, por exemplo, a mundos como o da
marginalidade e o da criminalidade.
Na década de 1990, o debate sobre políticas de educação/formação reaparece com
bastante ênfase no cenário acadêmico e nas agendas políticas. Ele surge, primeiramente, no
contexto europeu e, em seguida, prolifera-se internacionalmente. Na Europa, esse debate teve
início através da publicação do Memorando sobre Aprendizagem ao Longo da Vida
(Comissão das comunidades Europeias, 2000) que, segundo Alheit e Dausien (2007), fora o
mais importante documento europeu sobre a política de formação.
Nele, acentuou-se a emergência da Aprendizagem ao Longo da Vida, sob o argumento
de que a sociedade europeia apresentava características radicais, que indicavam a
complexidade nos campos do conhecimento e da economia. Tal complexidade fazia com que
essa aprendizagem fosse colocada como prioridade das políticas, tendo em vista as esperanças