biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

Pelo que se percebe, essa proposta mobilizou uma política de educação global, que
procurava atender aos interesses e às necessidades particulares das pessoas e das sociedades
em processo de modernização. Foi, portanto, considerada [...] a ideia mestra para as
políticas educativas futuras (LICÍNIO, 2007, p.13).
Na década de 1970, e de forma mais acentuada, a partir dos anos 1980, a UNESCO
[...] se propôs a construir e a desenvolver uma reflexão mais madura sobre as bases nas quais
deveria se assentar uma política de educação [...] (WERTHEIN E CUNHA, 2000, p.12). A
educação permanente, que também passara a se chamar Educação ao longo da vida ,
significava para essa organização um campo aberto aos sistemas educacionais, no sentido de
se buscarem novas formas e meios de possibilitar a, pelo menos, grande parte da população
adulta, um mínimo de conhecimento e competências (KALLEN, 1996, p.19), úteis ao
fortalecimento da democracia e ao desenvolvimento econômico. O alcance desse propósito,
para a UNESCO, dependia de um desenvolvimento, de maneira conjunta, dos programas
educativos, científicos, sociopolíticos e culturais (KALLEN, 1996).
Contrariamente ao paradigma da educação permanente - que fora impulsionado pelo
Conselho da Europa e pela UNESCO, e que tinha objetivos mais amplos em relação à política
educativa, o paradigma da educação contínua, proposto pela OCDE (Organização para a
Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e financiado, em grande parte, pelas empresas,
tinha um objetivo mais modesto, que se voltava para a disseminação de oportunidades
educativas menores ao longo da vida de um indivíduo [...] , disponibilizando-as quando
necessárias (KALLEN, 1996, p.19).
Através da crítica ao sistema escolar, atribuindo-lhe ineficácia pelo fato de considerar
que afastava o jovem da vida real, a educação contínua, sugerida pela OCDE, propunha uma
alternância entre educação e trabalho ou outra atividade, o que nos leva a entender a forte
conotação econômica que a abarcava.
A abordagem desses três paradigmas da Aprendizagem ao Longo da Vida das décadas
de 1960, 1970 e daqueles que surgiram no discurso contemporâneo levou Kallen (1996, p.20)
a fazer a seguinte reflexão:
O sincronismo dos três paradigmas de Aprendizagem ao Longo da Vida,
atrás mencionados, no início da década de setenta, encontrou um paralelo na
contemporaneidade de uma série de publicações muito críticas sobre a
educação formal. Muitas delas inspiraram e influenciaram directamente o
pensamento sobre novos conceitos e políticas de Aprendizagem ao Longo da
Vida.