biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

sociabilidade da aprendizagem biográfica parece que não estava sendo considerada nas
investigações que se desenvolviam quando esse paradigma estava em vigor.
Entendemos que foi justamente por causa desses limites
primeiramente, os
metodológicos e, posteriormente, os teóricos - do paradigma da socialização que se deu
origem a um novo debate, ou a outro ensaio paradigmático, denominado individualização.
Alheit e Dausien (2007) interpretam-no sob as luzes das teses de Beck (1997) e Giddens
(1997). Esses teóricos introduziram novos elementos de análise da realidade social para
explicar as mudanças em processo na ordem emergente (no campo educacional, por
exemplo), inclusive o papel do sujeito/indivíduo nas sociedades contemporâneas, marcadas
por conjunturas de marginalidade e de exclusão.
Ao contrário do que se apregoava no paradigma da socialização, o paradigma da
individualização defende que a pertença a um coletivo (na perspectiva da luta de classes) não
é mais representativa como antes, na busca por alternativas contra as desigualdades ou contra
a exclusão social. De acordo com essa corrente, a atual realidade apresenta outras formas de
enfrentar essas problemáticas, as quais se dirigem agora também aos indivíduos e não apenas
aos grupos ou classes.
Foi, então, a partir da análise dessa realidade, que se mostrava cada vez mais
complexa, que Beck (1997) e Giddens (1997) perceberam a tendência para a individualização
e, com ela, a construção de outra modernidade, que eles chamaram de reflexiva . Nela, os
sujeitos seriam obrigados a refletir continuamente sobre suas ações e considerados os
principais responsáveis pela direção de suas trajetórias de vida.
[...] o vínculo com essa outra modernidade requer competências novas,
flexíveis , que só podem ser construídas e desenvolvidas nos processos de
aprendizagem conduzidos ao longo da vida (FIELD, 2000, apud, ALHEIT E
DAUSIEN, 2007, p.06-07).
O usufruto de tais aprendizagens é compreendido pelos teóricos dessa corrente como
determinante da condição de inclusão ou exclusão social ou de marginalidade dos indivíduos.
Foram as novas emergências do mundo globalizado que impulsionaram a necessidade de um
repensar sobre a organização social, com o sujeito colocado no centro das atenções sociais,
políticas e metodológicas, e considerado principal agente da aprendizagem, responsável pela
sua construção e pela direção que dá a esses processos na vida cotidiana.