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biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

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Consi<strong>de</strong>rando-se, então, a heterogeneida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupações entre as <strong>encarceradas</strong>, é que<br />

não nos convém apontar o <strong>de</strong>semprego como alternativa para justificar as suas motivações<br />

para as práticas <strong>de</strong>lituosas, já que apenas 8,33% do total afirmou que não <strong>de</strong>senvolvia<br />

ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalho antes <strong>de</strong> serem presas. O que po<strong>de</strong>mos é investigar (e foi o que fizemos<br />

com as <strong>mulheres</strong> que entrevistamos) a força e a fraqueza <strong>de</strong>ssas experiências <strong>de</strong> trabalho e as<br />

suas implicações em suas carreiras <strong>de</strong>sviantes (<strong>de</strong>lituosas).<br />

Assim, enquanto, <strong>de</strong> um lado, incorreríamos a erro se a interpretação dos atos<br />

<strong>de</strong>lituosos cometidos pelas <strong>encarceradas</strong> fosse feita somente pela ótica do <strong>de</strong>semprego, <strong>de</strong><br />

outro, seria ingênuo não <strong>de</strong>sconfiar que a varieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupações expressas no gráfico tenha a<br />

ver com a baixa qualificação (e escolarida<strong>de</strong>) <strong>de</strong>ssas <strong>mulheres</strong>, possivelmente enquadradas<br />

nos setores mais carentes da socieda<strong>de</strong>, à margem do mercado formal <strong>de</strong> trabalho. Pensando<br />

<strong>de</strong>ssa forma, seria necessário, para efeito <strong>de</strong> análise, um agrupamento <strong>de</strong> dados (ocupação-<br />

escolarida<strong>de</strong>-qualificação profissional) coerente com os propósitos da investigação.<br />

Mas, além da diversida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ocupações entre as <strong>encarceradas</strong>, os dados também<br />

revelaram que o trabalho doméstico (tanto o <strong>de</strong>senvolvido pela dona <strong>de</strong> casa quanto pela<br />

empregada doméstica) ocupou os maiores índices entre elas. Do total, 14 (29,17%) exerciam<br />

esses tipos <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s antes <strong>de</strong> serem presas. As donas <strong>de</strong> casa representaram 10,42% do<br />

total, e as empregadas domésticas, 18,75%. Essa realida<strong>de</strong> não parece ser novida<strong>de</strong>. De<br />

acordo com Lombardi, Bruschini e Unbehaum (2006, p.77),<br />

O emprego doméstico remunerado é o nicho ocupacional feminino por<br />

excelência, no qual mais <strong>de</strong> 90% dos trabalhadores são <strong>mulheres</strong>. Ele se<br />

manteve como importante fonte <strong>de</strong> ocupação, praticamente estável na década<br />

[<strong>de</strong> 1990], absorvendo 17% da força <strong>de</strong> trabalho.<br />

As autoras ainda alegam que a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colocação no mercado <strong>de</strong> trabalho, por<br />

meio do trabalho doméstico, é oferecida sob precárias condições, <strong>de</strong>rivadas das longas<br />

jornadas <strong>de</strong> trabalho, do baixo índice <strong>de</strong> posse <strong>de</strong> carteira <strong>de</strong> trabalho e dos baixos<br />

rendimentos recebidos. Para as donas <strong>de</strong> casa, que exercem a mesma ativida<strong>de</strong> doméstica,<br />

essa situação é ainda mais alarmante, visto que, além <strong>de</strong> não receberem remuneração,<br />

<strong>de</strong>sempenham outras funções, como a <strong>de</strong> cuidar dos filhos e <strong>de</strong> <strong>de</strong>mais parentes, sem,<br />

geralmente, serem reconhecidas no que fazem. Essas <strong>mulheres</strong>, quase sempre, são mais

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