biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...

1.3.4.3 A aplicação do questionário: antecedentes, importância e resultados
encontrados
Antes de aplicar os questionários com uma amostragem específica de encarceradas,
procuramos conhecer, através de fontes oficiais, dados mais recentes sobre o total da
população feminina do Centro de Reeducação Feminina Júlia Maranhão 18 de João Pessoa.
Dessa feita, encontramos alguns interessantes resultados. No site da Secretaria de
Estado da Cidadania e Administração Penitenciária da Paraíba, registra-se que, de toda a
população carcerária do Estado da Paraíba, apenas 6% são mulheres. Esse número, embora
seja pequeno, se comparado ao da população masculina, vem crescendo em proporções
surpreendentes a cada ano. Em 2006, por exemplo, a porcentagem de encarceradas do Estado
da Paraíba era de 4%, passou para 5%, em 2007, e em 2008, chegou a 6%.
Ainda de acordo com as informações obtidas através deste site, vimos que, até o mês
de outubro do ano de 2008, existia, no presídio feminino de João Pessoa, um total de 211
encarceradas. Dessas, 177 se encontravam em regime eechado e, nesse regime, 123
esperavam julgamento (eram presas em regime provisório), e 54 haviam sido julgadas.
Portanto, eram presas condenadas. As demais compunham o grupo das que se encontrava, nos
regimes aberto (04) e semiaberto (30).
Considerando essas informações oficiais e as disposições das encarceradas para
responderem aos questionários, foi que reunimos uma amostra com 48 prisioneiras nesse
levantamento. A composição dessa amostra foi aleatória e dependeu tanto do tempo de que
dispúnhamos para aplicar os questionários quanto da disposição delas para responderem às
questões propostas referentes a características de seus perfis.
Registre-se que a aplicação desse instrumento foi para nós muito importante,
porquanto pudemos nos aproximar mais daquelas mulheres e conhecer melhor suas realidades
antes e depois do seu encarceramento. A aplicação do referido instrumento também foi
importante porque serviu para acrescentarmos aos nossos registros as informações que não
obtivemos através dos prontuários.
A divulgação dos resultados encontrados sobre as encarceradas, através desse
instrumento de pesquisa, permitiu que visualizássemos o perfil de 22,7% do total em João
Pessoa, cujas características sinalizaram a importância de se ampliarem os estudos nas
18 Essa unidade prisional, talvez por motivos ideológicos, mudou o nome recentemente para Instituto de
Recuperação Feminina Júlia Maranhão . Ela é considerada pela Secretaria da Administração Penitenciária uma
das mais tranquilas e menos problemáticas de toda a grande João Pessoa.