biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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Isso é o que, na V CONFITEA, Brusa (2000) chamou <strong>de</strong> socialização <strong>de</strong>ficitária ,<br />
que afeta não somente as solteiras ou os solteiros, mas a uma gama <strong>de</strong> sujeitos,<br />
majoritariamente jovens, das classes sociais menos abastadas. A educação, nesse sentido,<br />
[...] representa um papel importante ao cumprir uma função bastante reparadora <strong>de</strong> aspectos<br />
<strong>de</strong>ficitários, consequentes <strong>de</strong> uma socialização em condições pouco favoráveis (BRUSA,<br />
2000, p.206).<br />
Quanto à naturalida<strong>de</strong><br />
Vimos que a maioria das <strong>encarceradas</strong> (cerca <strong>de</strong> 52%) era natural <strong>de</strong> outros estados ou<br />
municípios, embora antes <strong>de</strong> serem presas residissem em João Pessoa, o que indica a presença<br />
do fenômeno da migração na trajetória <strong>de</strong> vida <strong>de</strong>ssas <strong>mulheres</strong>.<br />
Para tentar compreen<strong>de</strong>r esse fenômeno, reportamo-nos a Guillen (2001), que enten<strong>de</strong><br />
a migração associada à conquista <strong>de</strong> um novo projeto <strong>de</strong> vida.<br />
Migrar é, em última instância, dizer não à situação em que se vive, é pegar o<br />
<strong>de</strong>stino com as próprias mãos, resgatar sonhos e esperanças <strong>de</strong> vida melhor<br />
ou mesmo diferente. [...]. Migrar po<strong>de</strong> ser entendido como estratégia não só<br />
para minimizar as penúrias do cotidiano, mas também para buscar um lugar<br />
social on<strong>de</strong> se possa driblar a exclusão pretendida pelas elites brasileiras<br />
através <strong>de</strong> seus projetos mo<strong>de</strong>rnizantes.<br />
(http://www.fundaj.gov.br/tpd/111.html).<br />
Ocorre que, nem sempre (ou quase nunca), a migração resulta em melhoria <strong>de</strong> vida<br />
para os migrantes. E apesar das expectativas serem muito positivas, os <strong>de</strong>safios enfrentados,<br />
ao se instalar em outra região ou localida<strong>de</strong>, acabam por se converterem em <strong>de</strong>silusão, pois o<br />
atual contexto <strong>de</strong> economia globalizada exige dos indivíduos competências voltadas para uma<br />
lógica <strong>de</strong> competitivida<strong>de</strong>, lucrativida<strong>de</strong> e rentabilida<strong>de</strong>, para a qual a maioria dos que migram<br />
não está apta, agravando-se, como isso, as <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s e a exclusão social, o que resulta no<br />
aumento do <strong>de</strong>semprego e da miséria, da fome e da violência.<br />
Quanto à ocupação<br />
Quanto à ocupação, 45,3% <strong>de</strong>ssas pessoas estavam registradas como domésticas. As<br />
<strong>de</strong>mais (64,7%) tinham registros <strong>de</strong> trabalhos braçais, babá, faxineira, garçonete etc. ou eram<br />
apenas estudantes antes <strong>de</strong> serem presas. Esses dados nos fazem recordar a histórica