biografias de aprendizagens de mulheres encarceradas - Centro de ...
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Para as <strong>de</strong>mais <strong>encarceradas</strong> selecionadas para a entrevista, aquele momento significou<br />
uma oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> serem ouvidas e, quem sabe, compreendidas nos seus atos e<br />
comportamentos <strong>de</strong>lituosos, como também um meio <strong>de</strong> ficarem livres <strong>de</strong> suas selas, nem que<br />
fosse por alguns instantes.<br />
Para além <strong>de</strong>sses significados, as narrativas também lhes <strong>de</strong>ram uma chance <strong>de</strong> refletir<br />
sobre suas histórias, do ponto <strong>de</strong> vista das ligações com os seus contextos <strong>de</strong> vida e com as<br />
suas características individuais e subjetivas. Tal reflexão fez <strong>de</strong>spertá-las para o interesse <strong>de</strong><br />
reelaborar suas <strong>biografias</strong>, ao saírem da prisão, exatamente o que pressupõe a biograficidad.<br />
1.3.4 O fio condutor das narrativas: o roteiro/guia das entrevistas<br />
Como se pô<strong>de</strong> observar, a fase <strong>de</strong> recolhimento dos dados, através das entrevistas,<br />
significou para nós e para as investigadas um momento rico <strong>de</strong> <strong>de</strong>scobertas e <strong>de</strong><br />
oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> reflexão e <strong>aprendizagens</strong>.<br />
Essas possibilida<strong>de</strong>s talvez não fossem garantidas se não tivéssemos elaborado<br />
previamente um roteiro norteador (ANEXO 2) e recorrido a ele para garantir a viabilida<strong>de</strong> das<br />
narrações. Isso implica dizer que, embora tenhamos adotado a entrevista biográfica como<br />
nosso principal instrumento <strong>de</strong> pesquisa, a qual tem um caráter aberto e que permite ao<br />
narrador a liberda<strong>de</strong> <strong>de</strong> escolha dos temas da vida a serem narrados, foi necessário organizar<br />
um roteiro norteador que conduziu as narrativas para o alcance dos objetivos da investigação.<br />
A recorrência a esse roteiro também foi necessária, em alguns casos, para estimular as<br />
entrevistadas a explicitarem melhor suas experiências e as reflexões sobre elas.<br />
Nesse roteiro, foram consi<strong>de</strong>rados aspectos das <strong>biografias</strong> das <strong>encarceradas</strong><br />
relacionados às questões da pesquisa previamente <strong>de</strong>finidas, tais como: aspectos do contexto<br />
vivido nas diversas fases da vida (exemplos: a cida<strong>de</strong>, o bairro e a casa on<strong>de</strong> moravam antes<br />
do encarceramento, o ambiente escolar frequentado, o/os local/ais <strong>de</strong> trabalho, os locais <strong>de</strong><br />
divertimento, o presídio etc.); as experiências e <strong>aprendizagens</strong> adquiridas (ou não) nesses<br />
contextos, antes e <strong>de</strong>pois do encarceramento; os sentidos e a importância atribuídos pelas<br />
próprias entrevistadas a tais experiências e <strong>aprendizagens</strong>; as <strong>de</strong>scontinuida<strong>de</strong>s, os regressos e<br />
as mudanças no percurso biográfico; enfim, os aspectos ligados aos níveis micro, meso e<br />
macro 15 do processo <strong>de</strong> formação biográfica.<br />
15 De acordo com Alheit e Dausien (2007), no primeiro nível, são investigadas as <strong>aprendizagens</strong> que as pessoas<br />
adquirem individualmente nos seus processos <strong>de</strong> vida, sob as condições <strong>de</strong> uma nova mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong>; no segundo<br />
nível, investiga-se a reconstrução <strong>de</strong>sses mesmos processos nos grupos i<strong>de</strong>ntitários, nos seus mundos <strong>de</strong> vida e